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Carlos Esperança

3 de Julho, 2018 Carlos Esperança

O DN, o Criacionismo e os seus defensores

Li o primeiro número impresso do Diário de Notícias semanal no último domingo, logo a seguir ao último exemplar diário impresso, com a amargura de quem não sabe ainda se a opção que vai tomar não estará condenada ao mesmo destino. Há 65 anos que o hábito contraído com o exemplo paterno, no Primeiro de Janeiro, de Manuel Pinto de Azevedo, me acompanha. À medida que morrem os jornais impressos, sinto que morro com eles e que fica mais pobre o mundo que deixamos.

Não consegui ler todos os artigos do semanário. Faltou-me o tempo e disposição, mas li notícias e artigos de opinião numa edição cuidada e em bom português, num formato a que o tempo me desabituara.

Das 56 páginas, excluídos os suplementos, escolhi uma, nem sequer a mais importante, para refletir e tecer alguns comentários. Soube que em Mafra «(…) há um parque onde se defende a teoria criacionista: tudo foi criado por Deus, a Terra não tem mais de 6000 anos e que a evolução não está comprovada.». Num filme ‘didático’ afirma-se, entre outras tolices, que «A Terra pode parecer algo insignificante comparada com tudo o que Deus criou, mas foi neste lugar minúsculo que Deus quis colocar as joias da coroa da sua criação. Foi neste pequeno planeta que o criador do universo quis fazer obra e morrer por nós, mas depois ele ressuscitou oferecendo o perdão a todos aqueles que combatem pelo seu nome.»

Quando a religião substitui a razão, o hábito se sobrepõe aos factos e as evidências dão lugar a suposições, a indústria dos embustes substitui a ciência. Há sempre um farsante à espera do regresso à Idade do Bronze, um criacionista capaz de negar o conhecimento com o Antigo Testamento, de substituir um laboratório por uma madraça e de contrariar os cientistas com a desvairada obstinação de um pateta. É verdade que o vice-presidente dos EUA, Mike Pence é um defensor do criacionismo e Trump é presidente dos EUA.

Na Universidade de Coimbra, no manual “Direito Internacional, Do paradigma clássico ao Pós-11 de Setembro” (…) da autoria do Doutor Jónatas Machado, que é usado obrigatoriamente na cadeira de Direito Internacional Público e Europeu do segundo ano da licenciatura em Direito (…) se encontra logo à entrada uma apologia do criacionismo contendo comentários como (vão “ipsis verbis”): (…) [“estou farto desta homobiologia homem-macaco” (…), “a teoria do intelligent design é a maior conquista intelectual dos últimos 200 anos” (…)]
Será que a universidade permite que do alto de uma cátedra alguém faça proselitismo religioso? Podem os alunos de uma universidade laica ser evangelizados em vez de ensinados?» («Cátedra ou púlpito?», no De Rerum Natura) Posted by Carlos Fiolhais)

Em outubro de 2007, o Conselho da Europa discutiu as teorias da conceção da vida na Terra e aprovou a resolução que rejeita a possibilidade de o Criacionismo ser ensinado nas escolas.
(…)
De acordo com essa resolução, o Criacionismo pode ameaçar os direitos humanos. O documento aprovado por 48 votos a favor, 25 contra e três abstenções, sublinha a ameaça para a pesquisa científica em geral e para a medicina em particular. (A surpresa vem das abstenções e, sobretudo, dos votos contra).

Isso não inibe os criacionistas de negarem os milhares de milhões de anos da Terra, na alucinada defesa de que a criação do Planeta obedece à narrativa da criação do Génesis, negando as provas do evolucionismo e o Big Bang.

O Arcebispo Ussher, concluiu que a idade atual da Terra seria precisamente de 5.978 anos, se adicionarmos aos seus cálculos os anos que passaram até hoje, 2018. Trata-se de um criacionista radical, os moderados admitem cerca de 6 mil anos, sem o mesmo grau de precisão.

Não vivemos num mundo de homens racionais, isto é o Planeta dos Macacos. Se os lobos fossem crentes o seu deus uivava.

28 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Da sacristia de S. Bento – Onde mora a laicidade?

mailto:[email protected]

Importância: Alta

INFORMAÇÃO DE AGENDA

28 e 29 de junho, 2018

AGENDA MINISTRA DA JUSTIÇA

A Ministra da Justiça estará presente no quinto consistório, em representação do Governo português, na confirmação de 14 novos cardeais, entre os quais, D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima.

LocalBasílica de São Pedro, em Roma

Melhores cumprimentos,

27 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Estética

Vida religiosa

O Papa criou um cardeal para o terço de Joana de Vasconcelos.

27 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Culturas

Tão próximas na areia que as juntou e tão distantes na liberdade que as separa.

27 de Junho, 2018 Carlos Esperança

São josemaria – Falecido em 26 de junho de 1975

Há 43 anos faleceu monsenhor Josemaria Escrivá, indefetível apoiante do genocida Francisco Franco e fundador do Opus Dei, apoiante dos negócios políticos de João Paulo II, que levaram à falência fraudulenta do banco Ambrosiano e à criação de centenas de santos em Espanha, todos mártires do mesmo lado da guerra civil.

Teve uma vida ao serviço de Deus e do fascismo, acompanhou as tropas sediciosas a Madrid, e os seus devotos, a quem indicou o caminho, levaram à falência os impérios Matesa e Rumasa, para maior glória da prelatura e benefício dos desígnios do Monsenhor.

Mal refeito da defunção, fez três milagres, mais um do que era necessário para a santidade. O primeiro foi no ramo da oncologia, a uma freira, prima de um ministro de Franco, que morreu curada. Está nos altares e deixou um exército de prosélitos, apto a enfrentar o Islamismo e a subsidiar o Vaticano, onde, depois de dois pontífices amigos, o Espírito Santo iluminou mal os cardeais do consistório e lhes negou o terceiro.

Fundador de uma das mais reacionárias seitas católicas, usava o cilício como prova de amor ao deus que defendeu o generalíssimo, a monarquia, o catolicismo e o garrote, em Espanha.

O 25 de Abril, em Portugal, abalou-o na fé e na saúde. As eleições livres de 1975 só o deixaram viver mais dois meses. Também Franco, ditador até ao último sacramento, morreria menos de 5 meses depois do ora santo, bem confessado, melhor comungado e excelentemente ungido e cerimoniado, com o povo de rastos e a cumprir de joelhos as suas últimas vontades, quanto ao regime de Espanha e ao destino do cadáver.

Se Deus existisse, teria muitas contas a prestar.

26 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Gazeta Ateísta

Religião em aforismos 

O substantivo “aforismo” designa um preceito moral, sentença ou máxima, popularmente designada por rifão ou adágio. 

Os aforismos são frases sábias que desconcertam pela sua assertividade. As religiões assumem-se protectoras de valores morais… e muitas vezes praticam imoralidades. 

A propósito desta realidade, o físico Steven Weinberg, disse: “Com ou sem religião, sempre haverá gente boa fazendo coisas boas e gente má fazendo coisas más. Mas, para que gente boa faça coisas más faz falta a religião”. 

Eis alguns aforismos e ditos de pessoas célebres, sobre religião.

– Desde a origem da Humanidade surgiram tantas religiões como idiomas, umas 100.000, todas elas únicas e verdadeiras.

– A física quântica não é uma religião porque se baseia em leis fundamentais da Natureza, não pretende regular o comportamento humano.

– A religião é um placebo existencial. Funciona como aspirina da alma.

– Uma crença religiosa sempre se deixa confirmar por uma realidade, mas nunca se deixa desmentir por uma realidade.

– Toda a teologia contém uma contradição intrínseca: o estudo racional do irracional.

– A literalidade é a interpretação mais inquietante de todas as interpretações bíblicas.

– A religião é uma colecção insustentável de absurdos.

– Em religião existe o mistério e ninguém espera que deixe de sê-lo. Em ciência também existe o mistério, mas todos esperam resolvê-lo.

– A liberdade religiosa nasceu, cresceu e triunfou longe da religião.

– Deus é o único ser que, para reinar, nem precisa de existir (Boudelair).

– os homens da Igreja não pensam. Continuam a dizer aos 81 anos o mesmo que diziam aos 18 (Óscar Wild).

– Crer em milagres é crer que Deus, para fazer-se crível, manipula as leis que ele mesmo criou (Baruch Espinoza).

– Se por um deus se entender um conjunto de leis da física que regem o Universo, então esse deus existe… mas é emocionalmente insatisfatório… não faz sentido rezar à lei da gravidade (Carl Sagan).

– Sou contra a religião porque ela nos ensina a contentarmo-nos com a nossa incompreensão do mundo (Richard Dawkins).

– A ideia de Deus é um conceito antropológico que eu não consigo levar a sério (Albert Einsten).

– Se as pessoas são boas por temerem punição ou esperarem recompensa divina, então somos uma espécie lamentável (Albert Einsten).

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico) 

Onofre Varela in Gazeta de Paços de Ferreira

25 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Será possível?

11/06/2017 :: ANDALUCÍAANDALUCÍAANTI PATRIARCADO

Arzobispo de Granada: El sexo oral no es pecado si se hace pensando en Jesús

Provincia

Francisco Javier Martínez, arzobispo de Granada, España, ofreció consejos a las mujeres creyentes para que practiquen el sexo oral a sus parejas sin que “caigan en pecado”.

El prelado desató la polémica con su sugerencia vertida en el también polémico libro “Cásate y sé sumisa”, lanzado en diciembre pasado en Europa.

“Mujer, practicarás felaciones a tu marido siempre que te lo ordene. Pero cuando lo hagas, piensa en Jesús. Recuerda, no eres una pervertida”.

No es la primera vez que el Arzobispo causa controversia. En 2007 fue condenado por el Juzgado de lo Penal número 5 de Granada al pago de una multa de 3 mil 750 euros por un delito de coacciones (intimidación) que ejerció contra el sacerdote Javier Martínez Medina para que paralizara la publicación de un libro sobre la catedral de Granada.

En 2009, comparó el aborto con un “genocidio silencioso” en una homilía. Dijo que la nueva ley española sitúa a los profesionales sanitarios en situaciones “muy similares” a las de los oficiales de los campos de concentración nazi.

En relación con las violaciones, para el arzobispo granadino, “matar a un niño indefenso” y que lo haga su madre da a los varones “licencia absoluta” para abusar del cuerpo de la mujer.

También generó polémica cuando criticó la mentalidad de “pueblo subsidiado” de los españoles. El libro tiene la intención de convertirse en el “instrumento pastoral” con el que superar “la pérdida de la fe en la sociedad contemporánea”, el sexo matrimonial también es obra del Señor, y como tal, siempre se ha regido por las directrices de La Iglesia.

Texto completo en: https://www.lahaine.org/arzobispo-de-granada-el-sexo

23 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Terras da Beira (Crónica)

São cada vez mais os mortos que povoam os cemitérios e menos os vivos que ficam. Os jovens saíram pelas estradas que invadiram o seu habitat. Fugiram das courelas que irmãos disputavam à sacholada e à facada, dos regatos que secaram a caminho das hortas, da humidade que penetrava as casas e os ossos e da pobreza que os consumia.

Não há estímulo para permanecer. Não se percebe que as penedias tivessem custado vidas na disputa da fronteira, que homens se tivessem agarrado aos sítios e enchido de filhos as mulheres que lhes suportavam o vinho, a rudeza e os maus tratos.

Os tempos mudaram e os campos, abandonados, são pasto de chamas que lhe devoram a vegetação, no estio, e os entregam à erosão, no Inverno.

Os funerais são o momento de fazer o recenseamento dos que resistem. Nas missas, os padres, em via de extinção, debitam com ar sofrido a homilia, com pressa de passar à paróquia seguinte e sem coragem para falar do Inferno. Ora, sem medo, sem ameaças e sem convicção não há fé que resista ao ar lúgubre de uma igreja, ao frio do lajedo e às imagens que substituíram as antigas, que rumaram aos antiquários.

Falar de castidade a quem a idade condenou à abstinência, dos malefícios do aborto a quem passou há décadas a menopausa e na obrigação de aceitar os filhos que Deus mandar a quem já não é capaz de os gerar, é persistir em rotinas que a desatenção e a demência cultivam.

Vou frequentemente à Beira onde nasci. São poucas as pessoas que permanecem. O País inclina-se perigosamente para o mar com o interior despovoado, a caminhar para o deserto. Outrora, aquela zona foi um alfobre de gente; hoje é um cemitério de recordações, em vias de extinção.

A nossa incúria vai reduzindo Portugal a uma estreita faixa com mar à vista. Até o Presidente da República diz que devemos virar-nos para o mar. É uma forma de nos afogarmos de frente.

Publicado no JF em 21-09-2006

In Pedras Sousas – Ed. 2006 (esgotada)

22 de Junho, 2018 Carlos Esperança

Em Espanha

 

Era assim em 2013, e hoje?

Em Portugal nem sequer nos dizem.