13 de Abril, 2015 Carlos Esperança
TV5Monde
Por
Por
Acusado de pedofilia, o ex-embaixador do papa na República Dominicana, o polonês Jozef Wesolowski, foi obrigado a deixar o sacerdócio e retornar ao estado laico. Em comunicado, o Vaticano informou que “o julgamento em primeira instância do processo canônico contra o ex-núncio apostólico na República Dominicana terminou recentemente na Congregação pela Doutrina da Fé” e ele foi condenado à “demissão de sua função clerical”. Ele tem dois meses para recorrer da decisão.
Excelentíssimo Senhor
Núncio Apostólico Rino Passigato
Embaixador do Vaticano
Avenida Luís Bívar 18
Lisboa 1069-147 LISBOA
Excelência,
A Associação Ateísta Portuguesa (AAP) segue com perplexidade a aparente recusa de acreditação do novo embaixador de França pelas autoridades do Vaticano.
Sendo Laurent Stefanini um prestigiado diplomata, cuja acreditação o Governo Francês continua a aguardar, teme-se que a Cúria Romana procure um incidente diplomático devido à homossexualidade do embaixador nomeado.
A verdade é que, após a nomeação pelo governo francês, em 5 de Janeiro, do seu novo embaixador no Vaticano, na Villa Bonaparte – residência oficial dos embaixadores franceses no Vaticano –, vivem-se momentos de incerteza e desconforto sob o odor de uma intolerável homofobia.
Lê-se no preâmbulo da D.U.D.H. que «As palavras de abertura da Declaração Universal dos Direitos dos Humanos são inequívocas: “todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.” Entretanto, atitudes homofóbicas profundamente enraizadas, muitas vezes combinadas com uma falta de proteção jurídica adequada contra a discriminação em razão de orientação sexual e identidade de género, expõem muitas pessoas LGBT, de todas as idades e em todas as regiões do mundo, a violações evidentes de seus direitos humanos.»
A AAP, na defesa dos Direitos Humanos, pede a V. Ex.ª para transmitir ao Chefe de Estado do Vaticano, de que V. Ex.ª é embaixador em Portugal, a nossa inquietação pela demora da acreditação do supracitado embaixador e, sobretudo, pela legítima dúvida de que tal demora se deva a uma intolerável postura homofóbica.
Excelência, a AAP espera do atual Papa uma decisão de não discriminação de quem quer que seja em função da sua orientação sexual e um procedimento de acordo com o adotado pelos Estados de países democráticos.
Aguardando a resolução deste problema de acordo com os Direitos Humanos,
Apresentamos a V. Ex.ª os nossos cumprimentos.
Odivelas, 11 de abril de 2015
Direção da Associação Ateísta Portuguesa,
Um geólogo israelita, Arye Shimron, afirma ter encontrado provas de que Jesus foi casado, teve um filho e que a ressurreição não ocorreu
Foto: Reuters
|
Shimron alega ter “confirmado” a autenticidade do túmulo de Jesus, em Jerusalém, onde estarão também os restos mortais de um alegado filho.
Após fazer mais de 150 testes químicos ao túmulo, o geólogo estabeleceu uma ligação entre o ‘James Ossuary’ – um túmulo dado a conhecer em 2002 que contém a inscrição ‘Tiago, irmão de Jesus, filho de José’ – e a suposta sepultura da família de Jesus, na mesma cidade. O geólogo descobriu fragmentos de magnésio, ferro e silício que estavam no ossário de Tiago, que por sua vez combinava com a assinatura química no alegado túmulo de Jesus.
Estas descobertas trouxeram mais uma vez a controvérsia sobre o túmulo no bairro de Talpiot, que foi descoberto em 1980. Alguns especialistas e arqueólogos têm rejeitado a alegação de que o túmulo de Jerusalém está ligado a Jesus.
Arye Shimron acredita que Jesus foi sepultado com outras nove pessoas, entre elas “Judah, filho de Jesus” e a sua mulher, de nome “Maria”. A teoria no entanto, não é aceite por todos os especialistas porque os nomes José, Maria e Jesus eram muito comuns na época em causa. No entanto, uma percentagem muito pequena teria tido a mesma combinação de nomes na mesma família.
Estas novas provas científicas não são aceites pela Igreja. A pesquisa pode ter enormes ramificações, uma vez que sugere que Jesus era casado, pai de uma criança e que a ressurreição física não ocorreu.
O túmulo de Talpiot está agora selado, os ossos lá encontrados estão nas mãos da Autoridade de Antiguidades de Israel. Já o ossário de Tiago foi colocado num local secreto pelo seu proprietário, que mora em Telavive
Por
A verdade não é uma questão exclusivamente adstrita à filosofia cartesiana mas, na realidade, o comportamento do Vaticano levanta metódicas dúvidas ao Mundo sobre este tema.
A aparente recusa de acreditação do novo embaixador de França pelas autoridades do Vaticano, cuja responsabilidade absoluta recai sobre o actual papa (Giorgio de registo e Francisco de alcunha), chamusca a ‘nova’ imagem da ICAR que vem sendo laboriosamente ‘construída’.
Se for verdade que a causa remota deste incidente diplomático é a homossexualidade do nomeado, Laurent Stefanini link, será legítimo suspeitar que muito dos conteúdos das desabridas prédicas de índole popular, ousadas e inovadoras que têm marcado mediaticamente este pontificado, não passam de um penoso regresso à imagem antoniana da ‘pregação aos peixes’.
A verdade é que após a nomeação pelo governo francês, em 5 de Janeiro, do seu novo embaixador no Vaticano (a expressão ‘Santa Sé’ parece diplomaticamente desadequada), na Villa Bonaparte – residência oficial dos embaixadores franceses no Vaticano -, vivem-se momentos de incerteza e desconforto sob o odor de uma intolerável homofobia.
Tudo isto demonstra que o Vaticano não faz reformas. Prefere os paulatinos ‘aggiorgamentos’. Significa, também, que prefere viver o dia-a-dia tentando iludir verdades arreigadas (travestidas de ‘sagradas’) e assim passar incólume entre os pingos da chuva…
A suspensão das emissões da TV5 Monde, por terroristas informáticos, não é apenas um crime contra uma televisão, é um crime contra a liberdade de informação. Anteontem, contra a TV5, há tempos, contra o Charlie Hebdo, com banho de sangue, os crimes sectários do fascismo islâmico incitam à repressão e convidam ao martírio que garante aos autores uma assoalhada no Paraíso, 72 virgens e rios de mel doce. No Quénia ou na Nigéria, no Iémen ou em França, onde quer que seja, a Al-Qaeda, Boko Haram ou Estado Islâmico, são heterónimos das metástases do mesmo cancro – O Corão.
O obscurantismo, a demência pia e o desespero de quem encontra na fé o lenitivo para o falhanço da sua civilização, vai criando o caldo de cultura para a repressão que pretende e para a tentativa de destruição do mundo livre. A Europa não pode cair na armadilha de crentes desvairados que seguem o manual terrorista de um beduíno analfabeto e amoral, como Ataturk definiu Maomé. Não pode replicar fora das normas do Estado de Direito, mas pode, e deve, submeter às normas desse mesmo Estado todos os cidadãos.
Admite-se que as madraças e mesquitas sejam interditas a quem recusa a liberdade e a democracia. Há o dever de reciprocidade dos países islâmicos, o dever de aceitarem, nos países onde são maioritários, os crentes das outras religiões e respetivos locais de culto, bem como os que não professam qualquer religião ou as desprezam.
Os facínoras difundiram ainda no Facebook cartões de identidade e dados de supostos familiares de militares que participam nas operações contra o Daesh, num texto com a mensagem: «Soldados da França, fiquem longe do Estado Islâmico! Vocês têm a oportunidade de salvarem as vossas famílias, aproveitem-na» e acrescentaram que «O Cibercalifado continua a sua ciberjihad contra os inimigos do Estado Islâmico».
Independentemente do que cada um de nós pensa da política externa francesa, europeia ou americana, o repúdio pela barbárie e pela chantagem, que se repetem com monótona regularidade, deve ser manifestado de forma a conter a demência prosélita do Islão. Não é islamofobia, é o medo real de quem se deixa envenenar pelos versículos do Corão, um plágio medíocre do cristianismo com laivos de judaísmo, que urge conter.
A democracia está primeiro.
Não há a mais leve suspeita ou o menor indício de que Deus exista, nem qualquer sinal de vida da parte dele. No entanto, o ónus da prova cabe a quem afirma a sua existência e, sobretudo, a quem vive disso.
Cada religião considera falsas todas as outras e o deus de cada uma delas, afirmação em que certamente todas têm razão. Os ateus só consideram falsa uma religião mais e mais um deus, o que, no fundo faz, de todos, ateus. E não é no sentido grego, em que ateu era o que acreditava nos deuses de uma cidade diferente, é no sentido comum da negação de Deus [com maiúscula para o deus abraâmico] ou de qualquer outro.
Todos somos hoje ateus em relação a Zeus, Osíris ou ao Boi Ápis, como amanhã outros serão em relação a Vishnu, Shiva e Brahma ou ao Pai, Filho e Espírito Santo da trindade cristã. Os deuses de hoje serão os mitos do futuro. Outros serão criados, por necessidade psicológica, para servirem de explicação, por defeito, a todas as dúvidas, e de lenitivo a todos os medos.
A morte, a angústia que desperta, o fim biológico de todos os seres vivos, é o maior dos medos. Deus é o mito bebido no berço, a esperança de outra vida para além da morte, a boia dos náufragos que se habituaram a acreditar desde crianças e se conformaram com a pueril explicação da catequese e se intimidaram com a dúvida. Os constrangimentos sociais ou/e a repressão violenta ao livre-pensamento tem perpetuado mitos milenares.
A crença, em si, não é um perigo nem ameaça, perigoso é o proselitismo, essa demência de quem não se contenta em ter um deus para si e exige que os outros também o adotem e o adorem. A vontade evangelizadora transforma as religiões em detonadoras do ódio e a competição entre elas em rastilho da violência.
A fé, vivida por cada um, é inócua; transformada em veículo coletivo de conquista ou aglutinação de povos, torna-se um instrumento de violência. É por isso que os Estados devem ser neutros, em matéria religiosa, para poderem garantir a liberdade de todos.
Escola Prof. Doutor Ferrer Correia – Debate com o padre Nuno Santos
Referida a impossibilidade teórica de o ateísmo ser uma crença, tal como não jogar futebol não ser desporto, o debate foi um exemplo de moderação e respeito mútuo, com o padre Nuno a manifestar a sua crença e eu, que não distingo a água benta da outra, a dizer que a descrença não depende de um ato da vontade.
É fácil num ambiente circunscrito concordar em objetivos comuns, com um único ponto de discórdia, o clérigo, doutorando em Teologia, a afirmar que se trata de uma ciência e o ateu a negar tal qualidade por lhe faltar o método e o objeto.
Foram duas horas cordiais, sem azedume ou ofensas, com a minguada plateia a aceitar opiniões divergentes. Sobrou em urbanidade o que faltou em picardia. O padre aceitou o facto de as religiões serem, ou terem sido, detonadoras de violências, tal como o ateu se referiu a violências de regimes ateus por razões políticas.
Ambos concordámos que a laicidade é um fator de liberdade, a única possibilidade de garantir a liberdade religiosa ou, mesmo, antirreligiosa.
Cumprimos o dever cívico de manifestar as convicções sem pretender conversões, com a benevolente moderação da Prof. Dr.ª Cristina Vieira.
O Diário de uns ateus é o blogue de uma comunidade de ateus e ateias portugueses fundadores da Associação Ateísta Portuguesa. O primeiro domínio foi o ateismo.net, que deu origem ao Diário Ateísta, um dos primeiros blogues portugueses. Hoje, este é um espaço de divulgação de opinião e comentário pessoal daqueles que aqui colaboram. Todos os textos publicados neste espaço são da exclusiva responsabilidade dos autores e não representam necessariamente as posições da Associação Ateísta Portuguesa.