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Carlos Esperança

21 de Maio, 2015 Carlos Esperança

#Religião, não. Islão, nunca

A meio caminho entre o rio Eufrates e o Mar Mediterrâneo, a cerca de 200 quilómetros de Damasco, a cidade de Palmira recorda as lutas de velhos impérios e o testemunho das suas ruínas é (era?) Património da Humanidade.

A história é rica no oásis onde jazem relíquias de pedras que falam do Império Romano, monumentos que documentam civilizações que a barbárie pretende apagar. Quando, na juventude, li o romance “As Ruínas de Palmira”, seduziu-me a soberba descrição de um império perdido nas areias do deserto por um filósofo iluminista francês do séc. XVIII – o conde de Volnay –, autor do livro, também filósofo e político. Discípulo de Voltaire, o santo laico da cidade de Ferney, que em sua homenagem passou a chamar-se Ferney-Voltaire, tomou para pseudónimo os seus nomes [Voltaire e Ferney = Volnay].

Volnay foi o primeiro a falar-me das ruínas de Palmira num livro delicioso que a pide ainda não apreendera na biblioteca do Dr. Garcia, médico e democrata da cidade da Guarda, que via com simpatia o empréstimo que o meu colega António Júlio, seu filho, me fazia dos seus livros.

Já não me recordava que Palmira ficasse no deserto Sírio quando o Exército Islâmico (EI) começou a ser o cancro cujas metástases ameaçavam a cidade.

Hoje, após a notícia de que os facínoras de Alá, no auge do fascismo islâmico, tomaram a cidade, senti que, à semelhança das gigantescas estátuas dos Budas de Bamiyan ou da biblioteca de Mossul, a demência da fé vai reduzindo a pó a memória da civilização.

Na sementeira do ódio é também o iluminismo de Voltaire e do Conde de Volnay, cuja herança é património da civilização, que está refém da esquizofrenia mística herdada de um beduíno analfabeto e amoral, como Atatürk designou Maomé, pelo bando do EI.

20 de Maio, 2015 Carlos Esperança

A Igreja católica e o nazismo

A frequência com que os devotos propagandeiam as virtudes do Vaticano e desafiam que provemos a mais leve nódoa caída no pano pontifício, indicia que são grandes os pecados que os apoquentam e é pesada a penitência que os espera.

Desde Constantino que o Vaticano é um alfobre de pecados, um antro onde se praticam crimes inomináveis, um centro de conspiração política internacional e, desde os acordos de Latrão, negociados com o amigo Mussolini, um Estado cujo perigo varia na razão inversa da dimensão territorial.

Compreendo os amigos do Papa e da missa e o efeito deletério que a falsificação do pão ázimo, com sinais cabalísticos, pode induzir na perceção da realidade. Quem sabe se a bênção não transforma em alcaloides as moléculas de farinha!

Começa a ultrapassar o limite razoável o reiterado desafio feito por um ou mais devotos, com diversos heterónimos, a insistir em provas tantas vezes apresentadas, da conivência da ICAR com o nazi/fascismo e do seu antissemitismo genético:

Aqui ficam alguns livros para quem tenha outras curiosidades intelectuais para além da leitura do breviário e encíclicas papais, algumas a fazer corar de vergonha os crentes:

– O Papa de Hitler, John Cornwel – Ed. Terramar
– O Vigário, Rolf Hochhuth
– A Igreja católica e o Holocausto – Uma dívida moral, Daniel Jonah Goldhagen – Ed. Notícias
– Los pecados de la Iglésia, Juan G. Atienza – Ed. Martinez Roca

18 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Síria

Síria – As milícias da jihad assassinam dezenas de civis às portas da histórica cidade de Palmira e destruíram as suas ruínas, um património da Humanidade que a demência da fé apaga com a mesma insensibilidade com que mata.

18 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Israel

Israel – A entrada, no Governo, dos judeus ultraortodoxos, conhecidos pelas trancinhas à Dama das Camélias e cabeçadas no Muro das Lamentações, é uma vitória do sionismo radical e um estímulo à escalada da violência no conflito israelo-árabe.

17 de Maio, 2015 Carlos Esperança

A demência do Islão

Na Síria, as milícias da jihad assassinam dezenas de civis às portas da histórica cidade de Palmira e comprometem o futuro das suas ruínas, um património da Humanidade que a demência da fé ameaça.

O fascismo islâmico, misto de ignorância e sectarismo, é uma ameaça à paz e à civilização.

17 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Fátima: a enganar pessoas desde 1917 (TM)

por

HUGO GONÇALVES ontem – DN

1- Três crianças de Los Angeles dizem ter visto um thethanluminoso através da penumbra de poluição da cidade norte-americana. Segundo a Cientologia, um thethan é uma das almas que, há 75 mil milhões de anos, foram atiradas para os vulcões do planeta Terra por um ditador intergaláctico. O thethan em questão apareceu num ferro-velho, prometendo que, caso fossem ali no dia 13 de cada mês, as crianças receberiam a revelação de segredos. No lugar do ferro-velho, a igreja da Cientologia prepara-se para construir um santuário.

2- Apesar de, em 1917, Portugal estar sob a vaga anticlerical da Primeira República, era, com toda a certeza, um país mais dado a misticismos do que é hoje. No entanto, no Século Cómico, de 14 de outubro desse ano, escrevia-se: “Conservamos [os portugueses] a nossa habitual indiferença, como se a aparição da mãe de Jesus Cristo fosse para nós a coisa mais natural d”este mundo. Vimos passar para a charneca centos, milhares talvez, de peregrinos, crentes, curiosos, amadores de picnics, vendedores de água fresca e capilé, repórteres e vendedores de vinho a retalho.”
Quase cem anos mais tarde, partilho o espanto do Século Cómico com a nossa falta de espanto. Porque será que a história (inventada por mim) das três crianças de Los Angeles, ou os preceitos da Cientologia, nos motivam descrença, se não mesmo uma risada, enquanto as conversas mantidas entre a Virgem e os pastorinhos nos parecem mais fiáveis?
Por que razão extraordinária os visitaria? Segundo Lúcia, Nossa Senhora explicou o motivo do contacto: “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias.” Obediente, Francisco, um dos pastorinhos, terá recusado estudar por penitência e isolava-se para mitigar os pecados dos outros.

3- Após as aparições, criou-se no país uma exaltação espiritual – e uma oportunidade para combater o laicismo da Primeira República -, que se propagou através da “Cruzada do Rosário”. A iniciativa, com milhares de seguidores, consistia em rezar o terço, comungar ao domingo, orar pelo sucesso da cruzada e ter em casa uma imagem de Nossa Senhora. Segundo o historiador católico Costa Brochado, foi assim que começou o Mês de Maria: “Os ímpios tinham motivos para supor a Igreja derreada (…) eis que ela se ergue mais forte e bela do que nunca, lançando-se à reconquista da cristandade com a arma singular do Terço.”
Fátima foi, inicialmente, uma ação de propaganda de intelectuais católicos, encavalitados na fé do povo ignorante. Não é preciso ser psicólogo ou vidente para perceber que aquilo que Lúcia diz ter visto e ouvido – “sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar” – é um reflexo da forma como aquelas crianças, naquele Portugal, viviam a religião – um deus que ralha e castiga e exige.

4- Segundo um documento escrito por Lúcia, em 1941, os dois primeiros segredos eram: 1) A revelação do inferno – “Nossa Senhora mostrou-nos um grande mar de fogo, que parecia estar debaixo da terra.” 2) A obrigatoriedade da adoração – “Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração” – e a conversão da URSS: “Virei pedir a consagração da Rússia.” Ou seja, a ameaça do castigo eterno e a cruzada contra o comunismo (porque não contra o fascismo ou o nazismo ou os padres que abusaram de crianças na Irlanda?)

O terceiro segredo, revelado em 2000, mostra como Fátima parece um filme de série B, de enredo frágil e com um final insatisfatório. Lúcia terá visto a imagem de um homem vestido de branco, sob a ameaça de uma espada, o que levou o Vaticano a decretar que se tratava de uma antevisão do atentado ao Papa João Paulo II – “foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala”.

Tanto barulho por nada. Uma “autoprofecia”. Não fosse a dimensão do logro e o número de gente enganada, Fátima seria uma comédia. No entanto, a narrativa dos segredos assemelha-se mais ao Antigo Testamento – a ideia de um deus egocêntrico, sedento de atenção, que ameaça com o inferno e exige a construção de um templo em sua homenagem. Mas porque não uma mensagem verdadeiramente reveladora e inédita para a humanidade, porquê a construção de uma capela em vez de um orfanato, o medo do inferno em vez da prática do bem?

O terceiro segredo aproxima a Igreja de um canal de televisão que se alimenta do próprio star system. Como um ator promovendo a telenovela num programa da manhã, o Vaticano decidiu que – apesar de todas as calamidades e guerras que aconteceram no século XX – a Virgem estava preocupada com o Papa. A igreja umbiguista, muito mais do que ecuménica.

Perante tudo isto, os fiéis de Fátima dirão, tal e qual os crentes em thethans, “é o mistério da fé. Não se questiona a fé”, como se fossem crianças, que pastavam o gado, na Cova da Iria, em 1917.

16 de Maio, 2015 Carlos Esperança

Fátima, terra de fé

Não sou insensível ao sofrimento dos desesperados que procuram uma boia de salvação, aos doentes que aguardam um milagre, aos crentes que se mortificam na esperança de serem ouvidos por um deus, através de uma imagem de barro, quando os homens os abandonam.

Confranjo-me com os deserdados da sorte a rastejar no genuflexódromo da Cova da Iria, com os que envergam os restos da farda que trouxeram das colónias para agradecerem o milagre do regresso, com os pobres que deixam os únicos brincos ou o cordão de ouro que lhes restava na feira da fé que uma legião de clérigos promove.

São assim os que sofrem. Seria injusto criticar a ingenuidade de quem foi condicionado na infância, de quem se deixa contagiar pelas multidões, de quem aproveita transportes pagos pelas autarquias em ano de eleições.

Vergonha é da multinacional da fé que explora um povo que sofre e a miséria humana ao som de cânticos a um ídolo de barro, que ajoelha a multidão aos pés de um cardeal a um gesto canónico e arrecada o óbolo da gente simples.

Condicionar a liberdade com gestos mecânicos e sinais cabalísticos, aspergindo com o hissope a multidão em transe, é o número de circo que os atores executam na perfeição e o público recebe em lágrimas de comoção.

Daqui a dois anos o espetáculo será o mesmo mas os números redondos das datas têm o condão de embotarem o discernimento e redobrarem a fé.