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Carlos Esperança

20 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

O ambiente concentracionário dos conventos

Não me permito com títulos de caixa alta dos jornais fazer julgamentos que cabem aos tribunais e, mesmo que venha a provar-se a prática de esclavagismo, no ambiente pio de conventos, não generalizarei.

O que sempre me incomodou foi a displicência com que o Estado permite à Igrejas uma impunidade e privilégios que nega a outras organizações. Se um padre e algumas freiras são capazes de exercer sevícias sobre noviças é um crime hediondo mas igual ao que em outros locais e com outras gentes pode ser cometido.

O que não pode deixar de merecer séria reflexão é a sanidade mental de quem se isola da vida e do mundo, os motivos e, sobretudo, a liberdade de opção. Aliás, a liberdade individual é um direito irrenunciável e a clausura, ainda que voluntária, um atentado.

Os antecedentes dos conventos da Irlanda que os tribunais encerraram deviam fazer-nos pensar em Portugal, onde a Concordata transformou em protetorado o País, concedendo privilégios intoleráveis e isenções fiscais intoleráveis.

As heranças deixadas a instituições pias jamais são objeto de investigação judicial e não saberemos quando foram transmitidas de livre vontade ou extorquidas.

Não pode haver um Estado dentro de outro.

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19 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Uma boa razão para um ateu defender a ICAR

Grupo jihadista voltou a ameaçar a Igreja Católica

Na última edição de sua revista digital, a Dabiq , o grupo jihadista Estado Islâmico (EI), responsável pelos ataques terroristas que mataram pelo menos 129 pessoas na última sexta-feira em Paris, diz que hasteará sua bandeira preta no Vaticano, em mais um claro ataque contra os membros da igreja católica.

18 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

O Islão e a civilização

É fácil islamizar uma civilização, difícil é civilizar o Islão. O mais feroz monoteísmo é a cópia grosseira dos monoteísmos anteriores, servida pela lógica implacável da guerra aos infiéis.

O proselitismo é comum mas a Reforma, o Renascimento, o Iluminismo e a Revolução Francesa foram os passos que permitiram substituir a alegada vontade de Deus pela dos homens e submeter o clero ao poder secular.

O erro maior é o tratamento das religiões de forma diferente do das outras associações, incluindo os partidos políticos. A pregação da violência, os apelos à morte dos infiéis e a fanatização que se permite, em nome do multiculturalismo, nas madraças e mesquitas, é objeto de uma benevolência de que nenhuma outra associação goza.

O Corão é mais perigoso do que o «Mein Kampf», de Hitler, mas o manual terrorista de Maomé goza de complacência com o risco de incentivar ações criminosas e respostas racistas contra os crentes em vez do combate eficaz à crença.

Pode dizer-se – e é verdade –, que o Antigo Testamento, um livro da Idade do Bronze, é o livro terrorista que reflete a sociedade misógina, violenta, tribal, vingativa e patriarcal dessa época e que é comum às três religiões mas é preciso discernir entre quem abdicou de o levar à prática e quem não desiste.

Se a Europa se deixa tolher pelo medo ou se precipita na vingança aos imigrantes abdica da civilização que a engrandece, regressa à barbárie e dá a vitória aos terroristas que a ameaçam. Nem o perdão nem a vingança são compatíveis com o modelo de sociedade que custou milhões de vidas.

É preciso defender os crentes e combater as crenças que ameaçam a paz e a civilização, retirar-lhes os meios de financiamento e erradicar as cumplicidades interesseiras.

17 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

França – Nicolas Sarkozy e a pena de morte

Sarkozy propõe o restabelecimento da pena de morte para os suicidas terroristas.

É esta cobardia que os terroristas exigem, o retrocesso civilizacional por que a demência islâmica luta, a capitulação de políticos populistas, perante as exigências mais primárias, por um punhado de votos.

É tão grave a ameaça do recuo civilizacional face à chantagem do terror, que arriscamos perder o que levou séculos a conseguir, contra a vontade dos clérigos. Há quem renuncie à razão para responder à demência da fé, quem recorra à pena de Talião, quem julgue que um problema se resolve criando outro.

Sendo duvidoso julgar um suicida que não falha é incompreensível que o Estado ajude a consumar o desejo a quem o falhou.

Perante um ato que aturdiu o mundo civilizado, só a demagogia justifica desvarios em troca de votos.

15 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Associação Ateísta Portuguesa (AAP)

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À Embaixada de França

[email protected]

Senhor Embaixador Jean-François BLAREL

Excelência:

A Direção da Associação Ateísta Portuguesa (AAP), profundamente consternada com o terrorismo que ontem ensanguentou a França e feriu o mundo civilizado, vem por intermédio de V. Excelência, apresentar condolências às famílias das vítimas e ao povo francês.

A AAP pede ainda que transmita ao Presidente da República e ao seu Governo a nossa solidariedade com a laicidade de que a França é pioneira e exemplo, e cujo reforço se exige para a defesa da civilização, da democracia e da convivência que são apanágio da Europa.

O proselitismo religioso não é apenas nocivo e prejudicial, é – como tragicamente se vê – letal e potencialmente destruidor da civilização.

Na defesa de uma sociedade plural não se pode contemporizar com o extremismo totalitário, religioso ou outro.

Contamos com a determinação francesa para que a razão se sobreponha aos dogmas e a cidadania à barbárie que alguns confundem com multiculturalismo.

Odivelas, 14 de novembro de 2015

a) A Direção da AAP

14 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Terrorismo islâmico

Quando se lambem as feridas de mais um atentado terrorista que ensanguentou Paris e feriu a civilização, são inoportunas as referências a crimes que a Europa e os EUA têm cometido no Médio Oriente e noutros países do Planeta.

Lembrar a cimeira das Lajes, agora, é um ato masoquista e a forma de desviar atenções da natureza terrorista do Corão, do fascismo islâmico, dos gritos ululantes com que a rua islâmica assinala entusiasticamente o triunfo da fé sobre a razão.

Todos os democratas e humanistas lamentam que não sejam julgados os cruzados que invadiram o Iraque ou alimentam terroristas bons (os seus) contra os maus (os outros). Sabemos que a sinistra monarquia da Arábia Saudita pertencia aos bons e o Iraque aos maus, mas referir agora esses motivos minimiza a crueldade do Islão e apoia a demência da fé que um beduíno amoral espalhou.

Há hoje um combate que chama ateus, agnósticos e, sobretudo, crentes. É um combate na defesa da laicidade, na proteção dos crentes contra as suas crenças, na erradicação do proselitismo que ameaça a paz e a civilização.

Depois de mais um ato de horror que se repete com monótona regularidade é altura de gritarmos a indignação e de combatermos as pulsões racistas e xenófobas, os demónios que também podem nascer nos herdeiros do Iluminismo e da Revolução Francesa.

Ontem o fascismo islâmico e o cristão tiveram um dia de glória. O Estado Islâmico e a Frente Nacional saíram vitoriosos por entre corpos chacinados e o terror instalado.

O medo é o combustível que alimenta a fé e a extrema-direita. Um califa, algures no Médio Oriente, e Marine Le Pen tiveram ontem uma prenda.

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14 de Novembro, 2015 Carlos Esperança

Paris – Atentados

Em Paris vive-se o horror de uma orgia de sangue que, em sete pontos distintos, visaram espalhar o terror, manifestar o ódio e submeter a liberdade.

É cedo para atribuir a origem da bem delineada estratégia de terror. Foi organizada com rigor exemplar, notável eficácia e crueldade insuportável.

É cedo para identificar os autores mas já é tarde para prevenir os danos e não é arriscado dizer que a civilização de que nos reclamamos foi atingida no coração da Europa numa reincidência desmoralizadora.

Se quisermos preservar a democracia, único sistema em que vale a pena viver, seremos obrigados a submeter aos padrões civilizacionais que nos regem todos os que queiram integrar o espaço europeu. Não podemos ficar reféns do terrorismo, seja qual for a sua origem, seja qual for o pretexto, venha de onde vier.