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Carlos Esperança

28 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

O Planeta dos Idiotas

(Texto de Carl Sagan) – enviado por Paulo Franco

Considere de novo o ponto de luz azul pálido de que falamos: o planeta Terra visto de Saturno. Imagine que você está olhando fixamente para esse ponto de luz por um longo tempo. E então tente convencer-se de que um Deus criou todo o universo para apenas uma das aproximadamente10 milhões de espécies de vida que habitam este grão de poeira.

Agora deem um passo adiante: imaginem que tudo foi feito apenas para uma única nuance dessa espécie… ou género, ou subdivisão étnica ou religiosa.
Se isso não lhe parecer improvável… tomem outro dos pontos. Imaginem que ele é habitado por uma forma diferente de vida inteligente. Que também nutre a noção de um Deus que criou todas as coisas para o seu próprio bem. Até que ponto vocês levariam a sério essa pretensão?

E as luzes no céu levantam-se e põem-se ao nosso redor… Não é evidente que estamos no centro do universo?
Aristóteles, Platão, Santo Agostinho, são Tomás de Aquino… E quase todos os grandes filósofos e cientistas de todas as culturas… Durante 3 mil anos até ao século XVII… Acreditaram nessa ilusão.

As imensas distâncias até às Estrelas e às Galáxias… significam que todos os corpos que vemos no espaço estão no passado… Alguns deles, tal como eram antes que a Terra viesse a existir… Telescópios são máquinas do tempo.

Há muitas eras, quando uma galáxia primitiva começou a derramar luz na escuridão circundante, nenhuma testemunha poderia ter adivinhado que biliões de anos mais tarde, alguns blocos de rocha e metal, gelo e moléculas orgânicas se juntariam para formar um lugar chamado Terra; nem que surgiria a vida; nem que seres pensantes evoluiriam e um dia captariam um ponto dessa luz galáctica… Tentando decifrar o que a enviara em sua trajetória.

E depois que a Terra morrer, daqui a uns 5 biliões de anos… Depois de ser calcinada ou até tragada pelo Sol… surgirão outros mundos, Estrelas e Galáxias também. E eles nada saberão de um lugar outrora chamado Terra.

No entanto, não importa quantos Reis, Papas, filósofos, cientistas e poetas tenham insistido em afirmar o contrário… A Terra por todos esses milénios persistiu em girar em torno do Sol…

Pode-se imaginar um observador extraterrestre severo olhando a nossa espécie com desprezo durante todo esse tempo enquanto tagarelávamos animadamente: “O universo foi criado só para nós! Somos o Centro de tudo! Tudo nos rende homenagem!” E concluído que nossas pretensões são divertidas…
Nossas aspirações patéticas… E que este deve ser o Planeta dos Idiotas.

27 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

A Dádiva de Carl Sagan

A Dádiva de Carl Sagan

(Texto enviado por Paulo Franco)

A nave espacial Voyager estava bem longe de casa. Pensei que seria uma boa ideia, logo depois de Saturno dar uma última olhada na direcção de casa. De Saturno, a Terra apareceria muito pequena para a Voyager apanhar qualquer detalhe. Nosso planeta seria apenas um ponto de luz, um pixel solitário dificilmente distinguível de muitos outros pontos de luz que a Voyager avistaria.

Planetas vizinhos, sóis distantes. Mas justamente por causa dessa imprecisão do nosso mundo assim revelado valeria a pena ter tal fotografia. Já havia sido bem entendido por cientistas e filósofos da antiguidade clássica que a Terra era um mero ponto em um vasto cosmos circundante. Mas ninguém jamais a tinha visto assim. Aqui estava nossa primeira chance, e talvez a última em décadas. Um mosaico quadriculado estendido em cima dos planetas e um pontilhado de estrelas distantes.

Por causa do reflexo da luz do Sol na nave espacial – a Terra parece apoiada num raio de Sol – como se houvesse alguma importância especial para esse pequeno mundo, mas é apenas um acidente de geometria e óptica.

Não há nenhum sinal de humanos nessa foto; nem nossas modificações na superfície da Terra; nem nossas máquinas; nem nós mesmos. Desse ponto de vista, a nossa obsessão com nacionalismos não aparece em evidência. Nós somos muito pequenos na escala dos mundos – irrelevantes – uma fina película de vida num obscuro e solitário torrão de rocha e metal.

Imagine a totalidade de todas as pessoas, de todas as felicidades e sofrimentos, milhares de religiões, ideologias e doutrinas económicas.
Cada caçador e saqueador, cada herói e covarde, cada criador e destruidor da civilização, cada rei e plebeu, cada casal apaixonado, cada pai e mãe, cada criança esperançosa, inventor e explorador, cada educador e político corrupto, cada “líder supremo”, cada superstar, cada santo e pecador da história da nossa espécie, viveu ali:
numa partícula de poeira suspenso em um raio de Sol.

A Terra é um palco muito pequeno numa imensa arena cósmica.

Pense nas infinitas crueldades infligidas pelos habitantes de um ponto desse pixel nos quase imperceptíveis habitantes de um outro canto. Como são frequentes os seus desentendimentos, como eles estão sedentos de se matar uns aos outros; como fervilham seus ódios. Pense nos rios de sangue derramados por todos esses generais e imperadores para que, em glória e triunfo, eles pudessem ser os chefes momentâneos de uma fracção desse ponto.

Nossas atitudes, nossa imaginária auto-importância, a ilusão de que nós temos alguma posição privilegiada no universo são desafiadas por esse ponto de luz pálido. O nosso planeta é um pontinho solitário na grande e envolvente escuridão cósmica. Em nossa obscuridade em toda essa imensidão não há indício de que a ajuda virá de algum outro lugar para nos salvar de nós mesmos.

Tem sido dito que a Astronomia é uma experiência de humildade e formação de carácter. Talvez não haja melhor demonstração da tolice das vaidades humanas do que
essa imagem distante do nosso pequeno mundo. Essa imagem enfatiza a nossa responsabilidade de tratarmos melhor uns dos outros e de preservar e estimar o único lar que nós conhecemos: O Planeta Terra, um ponto de luz azul pálido… entre muitos milhares de milhões de outros pontos de luz.

25 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

Demência evangélica

Uma igreja evangélica chilena publicou em seu Facebook: os homens que realizam “tarefas de mulher”, como cozinhar ou tratar dos filhos, “correm graves riscos de adoecer com homossexualidade”.

A mensagem criou uma grande polémica, em seguida foi apagada e substituída por um pedido de desculpa. Mas para a Igreja Evangélica Pentecostal do Renascimento, a homossexualidade é uma doença, e contagiosa.

Segundo o ‘Jornal Hoy’, a congregação chegou a usar o termo “doença” para dizer que os homens podem se tornar gays se tiverem o hábito de realizar “tarefas de mulher”.

“A homossexualidade é uma doença que os homens podem contrair se realizarem práticas que antes eram consideradas responsabilidade exclusiva das mulheres”, dizia o texto.

Mas não parou por aí, a congregação continuou: “Um varão que cozinha, cuida dos filhos ou realiza qualquer outra tarefa própria da mulher corre graves riscos de adoecer com homossexualidade”.

A igreja alegou que “as atividades próprias da mulher podem adoecer os homens até convertê-los em gays”.

Esta é daquelas noticias que dispensa comentários.

a) Paulo Franco

23 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

O eterno paradoxo e o perigo real de autoaniquilação

Por

Paulo Franco

Há muito que sabemos reconhecer o ser filosófico, espiritual e contraditório que existe em nós humanos. E o maior paradoxo que desenvolvemos é esta certeza curiosa de que quanto maior for o nosso conhecimento sobre o universo, ou sobre nós mesmos, acresce a nossa perceção da enormidade da nossa ignorância e pequenez insignificante face à imensidão do cosmos.

Se o conhecimento sempre foi, é e será fundamental para a nossa sobrevivência enquanto espécie, temos de perceber que os tempos mudam e com ele muda também o paradigma existencial da humanidade.

A humanidade nunca resolveu a bem a relação com a morte. A autoconsciência da finitude sempre foi e sempre será conflituosa e mal resolvida porque a nossa história evolutiva conduziu-nos sempre à preservação da existência (e portanto, à negação da não-existência).

Sendo verdade que a religião foi sempre péssima a dar respostas sobre as realidades do mundo, temos ao menos de reconhecer que o sucesso da religião deriva da sua magnifica capacidade para, pelo menos em parte, compreender os mecanismos da psicologia humana.

À força de repetirmos um milhão de vezes a nós mesmos que um tijolo é Deus, apesar de o nosso lado racional nos dizer que isso é ridículo, existe algo no nosso cérebro que preserva a fé e a esperança de que um tijolo é mesmo Deus. A religião sempre foi exímia a perceber a força avassaladora que a repetição de uma frase tem no autoconvencimento de uma proposição, por muito irrealista que essa proposição possa parecer.

O convencimento da ilusão autoinfligida em que a religião está mergulhada de que depois da morte, a existência será muito mais gloriosa, muito mais satisfatória; aliada às terríveis alusões dos livros sagrados para a necessária e justa aniquilação dos infiéis; coloca a humanidade face a um novo paradigma: a religião que nos ajudou a sobreviver no passado, pode agora conduzir-nos à aniquilação porque os meios tecnológicos de destruição nunca foram tão poderosos.

Os terroristas parecem ter todos uma perversa tendência para estarem encharcados de fé. Em algum momento, no futuro, adquirirão armas de destruição maciça. Nesse momento bem podemos estremecer de horror com a rejubilante alegria com que enviarão milhões de infiéis para o inferno numa fração de segundos. Eles parecem ansiar, com um grau de impaciência preocupante, pela concretização da profecia apocalíptica.

No passado, a Fé no Céu e no Inferno, por muito ridícula ou reconfortante que tenha sido, conduziu-nos à aniquilação de alguns milhares de cada vez. Hoje, a Fé no Céu e no Inferno pode conduzir-nos a aniquilação de vários milhões em segundos.

Há dias, em conversa com um crente amigo, fiz a previsão de que a próxima arma de destruição maciça será utilizada por um religioso radical. O meu amigo concordou e inclusive considerou que essa previsão nada tem de visionária. Qualquer pessoa hoje consegue prever que isso algum dia acontecerá.

22 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

Tome nota…

Por

(…)  Graça Canto Moniz
Em 2012, em França, surgiu o Partido Democrático Muçulmano, que, por exemplo, já obteve mais votos que o Partido “os Verdes” e vai mesmo apresentar um candidato à presidência da república francesa, segundo os media franceses. Entre as suas bandeiras políticas encontra-se o ensino na língua árabe nas escolas, a defesa do sistema bancário islâmico, a obrigatoriedade da comida Halal nas escolas, a defesa do uso da burca em locais públicos e a defesa da poligamia. (…)

21 de Dezembro, 2015 Carlos Esperança

Há portas para perdoar pecados…

Terceira Guerra Mundial

(…)

Quem atravessar a Porta Santa da Caridade com amor, acrescentou Francisco, encontrará perdão e consolação, e será impulsionado a doar e a doar-se com mais generosidade.

“Deixemo-nos todos renovar pela passagem através desta porta espiritual, de modo que marque interiormente a nossa vida. Deixemo-nos envolver pelo Jubileu da Misericórdia, de modo a renovar o tecido de toda a sociedade, tornando-a mais justa e solidária, sobretudo nesta terceira guerra mundial que eclodiu aos pedaços e que a estamos vivendo”, exortou por fim o Papa.

D1A – Para lá da retórica de superstição em que o Vaticano insiste, a referência a uma “Terceira Guerra Mundial”, por quem dispões de serviços secretos à escala global, é preocupante.