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Carlos Esperança

24 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Milagre em 2.ª mão

É fácil a tradução. Fica provado que não foi apenas o milagre das rosas que a Rainha Isabel de Aragão copiou da tia-avó, homónima, que já o havia feito na Hungria. Era certamente um truque de família.

Também na Bíblia.

Milagre em segunda mão

24 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Crença e descrença através de alguns números

Revista Philosophie Magazine (Set. 2015) – Resultados do último grande estudo do Pew Research Center sobre as religiões em 2050.

Evolução do número de crentes no mundo, comparando os anos 2010 e 2050: cristãos: 2170 milhões, 2920 milhões; muçulmanos: 1600 milhões, 2760 milhões; hindus: 1030 milhões, 1380 milhões; budistas: 490 milhões, 490 milhões; judeus: 10 milhões, 20 milhões; sem religião: 1130 milhões, 1230 milhões.

Diário de uns Ateus – A interpretação fica ao critério dos leitores.

23 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Feriado do corpo de Deus

Não se esqueça de que esta quinta-feira, dia 26 de Maio, é feriado . Aproveite e trate do seu corpo. Porque do outro já há muito quem!

23 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Colégios privados e parasitismo

O Estado é obrigado a facultar ensino público a todos os alunos e não o exonera o facto de, por motivo de urgência, ter assinado contratos de associação com colégios privados. O oportunismo e a má fé querem tornar definitivo o que, pela sua natureza, é transitório.

O alarido das instituições privadas, pias e profanas, reflete os interesses e influência dos donos nos órgãos de comunicação social, misturando a qualidade do ensino próprio com o de outras, que não têm subsídios, e como se fosse a qualidade e não a legitimidade do pagamento que estivesse em causa.

É obsceno ver colégios que disputam alunos ao ensino público na mesma área, a exigir a perpetuação de contratos cuja celebração, em alguns casos, devia ser investigada.

O amarelo é a cor de quem pretende que o Estado lhe pague a liberdade de escolha. É a mancha, quase inexistente no sul do País, que vai crescendo a caminho de Braga, quiçá pela Estrada de Santiago, como a dos peregrinos nas romagens medievais.

Há colégios que, após terem coagido os alunos a escrever cartas de protesto contra o fim de contratos, enviaram outras aos pais e às mães, escritas e dirigidas ao PR, PM e outras entidades, com envelopes endereçados e selados, para serem devolvidas assinadas. E organizam manifestações com alunos, professores, funcionários e famílias! É preciso topete!

Esses colégios têm intenção de avançar com as matrículas dos alunos, à revelia da lista que o Ministério da Educação divulgou na passada sexta-feira onde 40 vão perder os contratos de associação, no próximo ano, para abertura de turmas de início de ciclo (5.º, 7.º e 10.º ano) financiadas pelo Estado.

Têm o direito de o proceder às matrículas, mas não o de exigir que seja o Estado a pagar a decisão que tomam.
Urge acabar com os abusos do ensino privado e é altura de a Segurança Social fiscalizar as IPSSs. O catolicismo orgânico do país moldado pelo salazarismo não pode continuar a chantagear o Estado de Direito.

As escolas são obrigatórias, as madraças facultativas.

22 de Maio, 2016 Carlos Esperança

O Papa Francisco e a laicidade

Em entrevista ao diário católico francês, La Croix, de 17 de maio, o Papa Francisco acusou a França «de exagerar a laicidade».

Na mesma entrevista, defendeu que um Estado não deve ser confessional, reconhecendo a laicidade, mas afirmando que «há um conflito radical entre as sociedades governadas pela lei de Deus e as que se organizam pela lei dos homens».

Pese embora o carácter dialogante do atual pontífice, que tem a santidade por profissão e estado civil, revela uma animosidade mal disfarçada, a assimilação genética do poder temporal que confunde com uma sociedade organizada pela lei de Deus, lei que, por ser divina, é irrevogável e alheia ao sufrágio. No fundo, a lei divina é a mais totalitária das leis. Nem o próprio Deus a pode revogar nem os que lhe são sujeitos a podem contestar.

Em primeiro lugar, o Papa disfarçou mal a azia que a laicidade lhe provoca, ao defini-la exagerada, como se a neutralidade pudesse ter graus, como se pudesse haver abstenções violentas e abstenções suaves.

A laicidade nunca foi obtida sem a repressão política do clero das diversas religiões e, sem ela, não há democracias, há teocracias, as formas mais violentas de ditaduras que ficam à mercê dos funcionários de Deus.

É evidente a existência de «conflito entre as sociedades governadas pela lei de Deus e as que se organizam pela lei dos homens». Basta comparar a Arábia Saudita com a França ou o Vaticano com a Itália. Deus, criado por homens e explorado por profissionais da fé, jamais fez prova de vida, mas pretende que o poder dos homens, não o das mulheres, seja vitalício e, se possível, hereditário.

É, alias, para submeter sociedades secularizadas à vontade de Deus que a Jihad islâmica sacrifica jovens assassinos, que são premiados com uma assoalhada no Paraíso e à razão de 72 virgens per capita.

Sem laicidade, voltaríamos à origem divina do poder e às monarquias absolutas. O Papa católico tem o dever de recordar o passado da sua Igreja e, se não quiser ver a sua, basta olhar para as outras que dominam os aparelhos de Estado e se confundem com eles.

A laicidade não consente adjetivos e jamais será excessiva ou escassa, é neutra. Sem ela não é possível que os Estados democráticos respeitem todos os crentes, descrentes e anti crentes, com absoluta indiferença sobre o que cada um pensa em matéria religiosa.

Felizmente, vivemos numa sociedade organizada pela lei dos homens e é fácil imaginar o pesadelo de uma outra «governada pela lei de Deus», de que há sinistros exemplos.

Apostila – A entrevista referida, mereceu a violenta contestação do Grão Mestre do Grande Oriente de França (Franco-maçonaria), de que aqui, no Diário de uns Ateus,  se deu conta ontem.

21 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Desabafo de um leitor

Por

André Esteves

Um dos principais eventos da astronomia amadora de Portugal está a ser invadida pelas hordas criacionistas…

O programa:
http://nonio.ese.ipsantarem.pt/secundaria/images/stories/noticias/astro.pdf

Com esta maravilhosa palestra:
Universo Programado (por Miguel Ribeiro, Médico e autor do livro “Universo Programado, uma alternativa ao Darwinismo e à religião”)

Porque é que o multiverso não explica as “coincidências cósmicas”.
Parque é que as leis da física e constantes da natureza não explicam a evolução do universo.
Porque é que a emergência da vida implica um programa.
Porque é que a mutação aleatória benéfica é uma impossibilidade probabilística e conceptual.

21 de Maio, 2016 Carlos Esperança

O Papa, a laicidade e a Maçonaria francesa

Daniel Keller (SGM du GOdF)

Le Pape François accuse la France «d’exagérer la laïcité» (ce 17 mai dans La Croix). Le Grand Maître du GODF Daniel Keller réagit avec virulence: «La France n’exagère pas la laïcité, car il n’y a ni laïcité molle, ni laïcité dure, il n’y qu’une laïcité.»

Dans l’interview qu’il m’a accordée, Daniel Keller poursuit: «Le Pape François affirme qu’un État ne doit pas être confessionnel. Il soutient donc la laïcité, mais cet hommage n’est que de façade, car il y a un conflit radical entre les sociétés gouvernées par la loi de Dieu et celles organisées par les lois des hommes.»

EXAGERES

«Une contradiction dans les propos du Pape»

«Contrairement à ce que dit le Pape, la laïcité française n’interdit nullement d’exprimer ses convictions religieuses à travers les tenues vestimentaires (avec une kipa, une croix ou un voile). La loi demande seulement un esprit de modération en évitant les signes ostensibles à l’école et la neutralité pour les agents de l’État. On peut s’interroger sur certaines extensions de ces règles (dans les espaces de cours à l’Université), cela fait partie du débat républicain.»

«Tous les citoyens doivent respecter les lois de la République qui se font au Parlement, comme le dit le Pape. Donc les catholiques n’auraient pas dû manifester contre la loi sur le mariage pour tous après son adoption.»

«Je perçois enfin une contradiction dans les propos du Pape. Il admet que face au pluralisme confessionnel, la laïcité est la seule solution comme garantie de la liberté religieuse. Mais en tant que chef de l’Eglise catholique, la laïcité lui pose problème.»

20 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Humor

humor

19 de Maio, 2016 Carlos Esperança

Laicidade, crenças e liberdade

Quando a jihad islâmica começou a ameaçar a Europa, depois de o Islão ter sido banido no século VII, várias vozes advogaram o diálogo entre civilizações, confundindo estas com as religiões, como se os valores civilizacionais pudessem incluir todos os preceitos e preconceitos das diversas crenças.

De algum modo, tentou fazer-se a síntese de preconceitos para criar um novo paradigma comum, esquecendo que a civilização europeia se tornou secular e laica e que, mesmo a contragosto do clero, já foi assimilada pelos cristãos.

O ecumenismo, a utópica busca unitária entre cristãos, passou a designar, na apressada aceitação da semiótica cultural, uma quimera, o fraterno e definitivo diálogo entre todas as religiões, de modo a banir a concorrência entre si e, quiçá, eliminar os não crentes.

Rejubilaram os clérigos no seu proselitismo, pensando na conjugação de esforços para a eliminação do ateísmo, agnosticismo, racionalismo e ceticismo, isto é, uma vitória sobre o livre-pensamento.

Esqueceram-se os almocreves da fé que a civilização originou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, nomeadamente a igualdade de género e respeito pela orientação sexual como direitos inalienáveis, sendo incompatíveis com os códigos morais da Idade do Bronze que os monoteísmos perpetuam sem condescendências.

O caminho da paz não está na renúncia à laicidade e ao secularismo perante as religiões, mas na submissão destas à civilização, que permitiu o direito à crença, descrença e anti crença, sendo o Estado o garante da neutralidade e defensor das liberdades individuais.

Ninguém ignora que o desemprego, a pobreza e a segregação exacerbam a frustração e a violência, que a crise económica, social e política que atingiu a Europa cria as condições para a explosão da fé e das bombas, mas é no respeito pela diversidade étnica e não pela sujeição às religiões que passa a vitória da civilização contra o retrocesso civilizacional.

A liberdade dos homens é demasiado preciosa para ser deixada ao arbítrio de Deus cuja interpretação da vontade é reclamada pelo clero, que se reclama detentor do alvará.

Apostila – A eleição de Sadiq Kan, para presidente da maior Câmara do Reino Unido, é a vitória de um islamita progressista e democrata contra o islão ignorante, reacionário e intolerante, a vitória do crente ilustrado que expurgou a fé da violência e obscurantismo.