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Carlos Silva

14 de Outubro, 2024 Carlos Silva

Apostasia

Imagem: Internet


Batizaram-me quando apenas tinha três meses de vida!

Mergulharam-me em “água benta” com a promessa que tal me purificaria e abriria o caminho para a eternidade.

Mergulharam-me em “água benta” com a convicção que tal me uniria eternamente ao seu deus (“Pai, Filho e Espírito Santo”) que por mim morrera e ressuscitara -tornando-me, assim, para sempre, seu filho e fiel servidor.

Marcaram-me como “cristão” quando ainda nem sequer sabia o que era uma ilusão, como quem marca um cordeiro recém-nascido do seu rebanho.

Marcaram-me num ritual eclesial mascarado de festa de família e amigos onde selaram uma espécie de contrato que, supostamente, manifestaria a vontade dos meus pais em me doutrinar de acordo com os valores e princípios morais da religião católica.

Assinaram uma espécie de contrato que definia o presente e decidia o meu futuro… que me impunha não pensar, não sentir… e sobretudo não questionar ou renegar.

Como é que uma mente minimamente decente pode celebrar ou validar um contrato entre uma suposta divindade e uma inocente criança?

Ninguém pode decidir o futuro de uma inocente criança sem conhecimento de causa… e muito menos com um outorgante fictício!

Diz a Igreja Católica que “Deus dá-nos o Seu Espírito e adota-nos como seus filhos, antes mesmo de O conhecermos” … “Deus ama as crianças ainda antes de estas O conhecerem” … e não é por acaso que o manifesta em Mt19, 14: “deixai vir a Mim as criancinhas e não as impeçam…”

Como é que um ser fictício, fruto da imaginação humana, pode adotar uma criança, ainda antes de esta ter consciência da sua… inexistência?

Mais do que um abuso de confiança, este “contrato divino” a que chamam “Batismo”, é uma ofensa à inteligência de qualquer mente minimamente racional.

Mais um dos muitos dogmas absurdos da Igreja Católica que importa desmistificar… e anular.

Assim, existindo tal contrato que me define como “cristão”, que para efeitos estatísticos do meu país me coloca como membro da Igreja Católica Apostólica Romana…

É de forma consciente e de livre vontade que o venho anular através do ato de Apostasia.


AGORA ATEU, 2024-02-10


11 de Outubro, 2024 Carlos Silva

A Richard Dawkins

Imagem: Internet


“Imagine-se, com John Lennon, um mundo sem religião. Imagine-se que não há bombistas suicidas, 11 de setembro, atentados de Londres, cruzadas, caça às bruxas, conspiração da pólvora, divisão da Índia, guerras israelo-palestinianas, massacres de sérvios/croatas/muçulmanos, perseguição de judeus enquanto «assassinos de Cristo», «problemas» na Irlanda do Norte, «assassínios por motivos de honra», televangelistas de fato lustroso e cabelo armado a tosquiar o dinheiro de rebanhos ingénuos (“Deus quer que dês até te doer”). Imagine-se que não há talibãs a fazer explodir estátuas antigas, decapitações públicas de blasfemos, flagelação de mulheres por exibirem um centímetro de pele.”

Estas palavras constam na introdução do Livro “A Desilusão de Deus” de Richard Dawkins”[1] que li quase sem parar…

A Desilusão de Deus

Há momentos que mudam a História… e possivelmente a “Desilusão de Deus” de Richard Dawkins é um deles!

Quando, por acaso, destapei o momento, ao encetar a descoberta fiquei verdadeiramente entusiasmado, preso ao desejo de continuar a descobrir…

Curiosamente tem no “Prefácio” o Prefácio que sonhara aquando da primeira vez que me ocorrera criar um dito “livro” ou algo que com tal se assemelhe… precisamente o mesmo poema de Lennon que gerou o meu “despertar” e transformar em realidade todo este sonho… coincidência!

Fez-me recordar o adolescente que casualmente nascera em religião, a olhava com relativa indiferença e, no fundo, apenas reforçaria a conceção que começava a ter da mais pura realidade: “É possível ser-se ateu sem deixar de ser uma pessoa feliz, com sentido moral e intelectualmente realizado”… e que o poder da razão é mais forte que qualquer crença… (pela verdade!) ainda que a última esteja enraizada em milhares de anos de história…

Fez-me recordar, que a “doutrinação de infância” jamais poderá moldar uma personalidade cuja inteligência inata seja suficientemente forte e instruída.

Fez-me sobretudo reforçar ainda mais o “espírito ateísta” e levá-lo ao livre entendimento sobre a vida e a realidade… assente numa mente aberta e sã.

Fez-me “despertar ainda mais consciências!”


[1] Defensor intransigente da evolução segundo a teoria de Darwin… é um divulgador ágil da ciência e do pensamento científico.


AGORA ATEU, 2008-02-09

6 de Outubro, 2024 Carlos Silva

A realidade de Lennon

Imagem: Internet

A todos os “livres-pensadores: ateus, agnósticos e cépticos, que dispensam qualquer deus para viverem e promoverem os valores da liberdade, do humanismo, da tolerância, da solidariedade e da paz”.
A todos os “livres-pensadores” que na realidade vivem o seu “Imagine”.


Imagine Agora…

Imagine Agora que constata que a sua simples história de realidade é mais uma das muitas histórias por Lennon imaginadas…

Imagine…

Imagine Agora…

Imagine Agora ao vivê-la na realidade, que decide, tal como Lennon, pedir que “se juntem a si”, contribuindo também para que toda a “irmandade humana”, viva em paz e harmonia…

Imagine…

Imagine Agora…

Imagine Agora juntar a sua simples história de realidade a tantas outras simples histórias de realidade…

Eis o sonho imaginado por Lennon!

Na realidade!

Decerto não terei talento para recriar o sonho de Lennon com o mesmo engenho e arte…

Mas estou certo de que o vivo Agora!

Estou certo que o vivo Agora, na realidade!

Vivo-o Agora sem pressa!

Vivo-o Agora como se fosse hoje o primeiro dia!

Vivo-o Agora como se não houvesse último dia!

Vivo-o Agora!…

Lutando por um Mundo mais justo, mais livre, mais educado…

Lutando por um Mundo sem supostas religiões…

Sem fome, sem fronteiras…

Em paz.

E porque também não consigo deixar de sonhar…

Todos juntos, podemos realmente construir um mundo melhor!

Está na hora… Agora!



AGORA ATEU, 2015-03-08