Loading

Carlos Silva

16 de Março, 2025 Carlos Silva

Epístola

Imagem: RTP

Acabei de ver um pequeno extrato em vídeo que, parece, terá sido transmitido ontem por uma estação pública de TV (a RTP para a qual obrigatoriamente contribuo com a quantia mensal de 2,85€) durante um programa designado “Eucaristia Dominical”.

Durante o extrato, uma das participantes do evento, dito religioso, lê um texto bíblico, que alegadamente terá sido proferido pelo Apóstolo São Paulo aos Efésios.

Até aqui tudo bem!… Apenas mais um texto, como tantos outros!

A questão é que sou de imediato confrontado e desafiado a reagir às citações, certamente incumbidas por interposta pessoa.

Cito…

“Sede submissos uns aos outros no temor de Cristo. As mulheres submetam-se aos maridos como ao Senhor, porque o marido é a cabeça da mulher, como Cristo é a cabeça da Igreja, seu Corpo, do qual é o Salvador. Ora, como a Igreja se submete a Cristo, assim também as mulheres se devem submeter em tudo aos maridos. (…)”

Após o embate inicial, qualquer pessoa, menos atenta ao tema, dirá…

A sério? “Isto está mesmo escrito na Bíblia?!”

A Igreja Católica diz que “a mulher é inferior ao homem e deve submeter-se a ele”?!

Não é possível!

Pois é!… Estamos mesmo no Séc. XXI… e confesso que previamente, tendo em conta o que atualmente se está a passar no Afeganistão relativamente à situação da mulher, pensei que se trataria de uma crítica da igreja católica portuguesa aos talibãs…

Afinal não era!

Apenas mais do mesmo!…

O mesmo discurso “obsoleto e primitivo” que claramente choca com a Constituição da República Portuguesa e com a Declaração Universal dos Direitos do Homem… (e da mulher!)

Quase ninguém sabe, mas em Portugal existe uma entidade que supostamente será um exemplo de excelência e eficiência e cuja competência é precisamente fiscalizar e regular este tipo de conteúdos…

Não fiscalizou nem regulou antes de ser exibido… e a até ao momento também não terá sequer reagido…

E o nosso “Estado”?! O que faz?!

Pois continua no mesmo silêncio de sempre… uma espécie de silêncio conveniente, ou talvez estratégico para que a Igreja Católica divulgue e exponha publicamente alguns extratos mais transcendentais das suas brilhantes escrituras!

AGORA ATEU (I), 2021-08-23

Nota: Após a polémica… reação da Conferência Episcopal Portuguesa:

22 de Fevereiro, 2025 Carlos Silva

Sudarium Capitis

Imagem: Internet
Nota: “Sudarium Capitis”: Manto muçulmano com 2,81 m comprimento e 1,13 de largura.

Desde o século XII, em Cadouin, França, os cristãos veneraram, efetuaram peregrinações, atribuíram milagres e ressurreições a uma peça de tecido (“sudarium capitis”) que supostamente teria envolvido a cabeça de Cristo e tinha sido preparado pela própria “Virgem Maria”.

Inesperadamente, em 1935 o bispo de Périgueux suprimiu todas as cerimónias porque foi descoberto por um professor da Escola de Línguas Orientais, de Paris, que o mesmo continha a inscrição…
“Em nome de Deus clemente e misterioso (De Deus não há senão Allah) seu associado. Mahomet é o enviado de Allah…” -que teria pertencido a Moustali, que foi califa do Egipto entre 1094 e 1101. O pano foi tecido nessa época.

Até à Revolução, o sudário foi considerado uma das mais importantes relíquias de França, ao ponto de no século XVIII o Padre Frison lhe chamar “o mais antigo e firme monumento da Religião” (Católica).
“Fiéis em multidão vieram orar diante deste precioso motivo de paixão” …
A “Igreja encorajou as peregrinações e numerosos Papas atribuíram graças e indulgências aos peregrinos” …
“As peregrinações continuaram cada vez mais numerosas, acompanhadas de milagres retumbantes e prodigiosos (ressurreições)…”

Por mais de 700 anos os fiéis católicos veneraram um manto que continha inscrições que glorificaram Allah e Mahomet e catorze papas declararam solenemente que o Sudário de Cadouin era autêntico.
O bispo Debert afirmou que, “duvidar da sua autenticidade, equivalia a nunca mais podermos dar crédito a testemunhos humanos”.

Para além deste longo e humilhante período de tempo de “paixão religiosa” que a Igreja Católica devotou a um véu islâmico, é de salientar a forma brusca como foi interrompida após ter sido desmascarada… e sobretudo como tem sido silenciada para não cair na chacota popular ou objeto de ridicularização perante a opinião pública.

Se a “autenticidade dos milagres tem no sudário de Cadouin o seu mais genuíno padrão” e o tomarmos como um exemplo histórico que teve início no século XII e foi venerado por multidões de peregrinos até 1935, então o que dizer, do fenómeno (“milagre de Fátima”) que teve início em 1917 e pouco mais que um século de vida tem, mas atinge hoje uma das suas fazes mais apoteóticas e de maior fulgor económico?


Fonte: Fátima Desmascarada, Cap. XI., João Ilharco

AGORA ATEU (II), 2023-02-02

7 de Fevereiro, 2025 Carlos Silva

Deus?!

Imagem: Internet

Não será, de todo, correto questionar…
“Existe ou não um deus?”

Deveria partir-se do pressuposto da sua manifesta inexistência…
“Se existisse um deus…”

Não serei eu, nem ninguém, certamente, que aferirá ou negará a existência de um “deus”!
O dito “divino” depende, antes de mais, da inteligência e perceção individual relativamente à análise da realidade… que é consistente, objetiva, solida, e por vezes, até cruel com os seres que habitam o planeta terra.
A realidade diz-nos apenas que nascemos, vivemos… e morremos!
Esta é a realidade da condição humana e de todos os seres vivos!
Não é o ser humano, que se julga privilegiado, e se autocoloca no topo da pirâmide, que define as regras. É a natureza… e de forma implacável!
Quem vive em função de um “deus” pré-definido por doutrinação cultural ou por imaginação pessoal, tem necessariamente que negar a própria racionalidade e predispor-se a sacrificar o mais sublime e irrepetível valor de toda a humanidade: a vida!
Sacrificar a vida… implica morrer, antes mesmo de morrer!
É precisamente pela vida, pela capacidade de criar e imaginar, que podemos questionar a existência de um “deus”; é ela que nos permite evoluir e raciocinar ao ponto de considerar um autêntico absurdo a existência de uma entidade divina fora do contexto mental humano.
Somos suficientemente racionais para não perder mais tempo a tentar provar ou negar a existência de “deuses”… -realmente, não se pode comprovar a sua existência!
Não se pode provar o que não existe!
É perfeitamente óbvio a qualquer mente minimamente ciente que o Homem, quando pensou criar o seu “deus”, teria previamente que existir, tal quando começou a pensar que esse mesmo deus o criou a si.
Sem Homem, não existe “deus”!… É um facto!
Não existindo qualquer prova ou evidência da sua existência, deveria partir-se sempre do pressuposto da sua óbvia inexistência.
A questão tem sido amplamente debatida e alvo de combates inflamados entre crentes e descrentes para justificar ou impor a sua posição…
Outrora a crença esmagava implacavelmente crenças e descrenças, impondo a sua divindade.
Agora a descrença começa a observar cientificamente, começa a constatar a evolução da humanidade e toda a biodiversidade; começa sobretudo a libertar-se da crença…
O conceito de “deus” que a religião católica procura impingir aos seus mais vulneráveis fiéis, é completamente absurdo, irracional e primitivo.
Qualquer mente, minimamente ciente, consegue facilmente desmascará-lo, bastando para tal conhecer alguns factos históricos e científicos dos últimos dois milénios.
Obviamente não encontrará qualquer dado científico sobre a sua suposta autocriação, criação do sol, da terra, da humanidade e toda a biodiversidade… -em seis dias, porque ao sétimo decidiu descansar!
Obviamente não encontrará qualquer dado científico sobre nenhum “deus” … simplesmente porque não existe!
Nunca ninguém viu nenhum “deus”!… É um facto!
Na data alusiva à sua génese não existem referências biográficas ou históricas a qualquer ser supranatural. Poder-se-á, eventualmente, equacionar o nascimento, existência e falecimento do carpinteiro José; mas, tão-somente o ser humano… que tal como todos os José’s da altura, simplesmente habitaram o planeta terra, algures em Jerusalém.
Em Jerusalém, ou em qualquer outra parte do mundo, jamais, em tempo algum, alguém morreu e voltou para contar a sua façanha!… É um facto!
O objetivo da questão será, eventualmente, mais evidente que o da invenção, pois é observável e acessível a qualquer mente minimamente racional…
Basta observar toda a riqueza e ostentação do Vaticano!
Basta observar toda a riqueza e ostentação de Igrejas e Catedrais da Igreja Católica!
Basta observar toda a riqueza e poder de todas as crenças!
Basta observar toda a riqueza e poder e comparar com a realidade!

Existe ou não um deus?!
Se existisse um deus como seria atualmente o mundo?!
Pois, é indiferente questionar… seria igual!
Esta é a realidade…
Questione-se, ou não!
Acredite-se, ou não!

AGORA ATEU (II), 2022-05-12

7 de Janeiro, 2025 Carlos Silva

Je suis Charlie

Imagem: internet


Je suis Charlie!

Eis o grito de revolta que hoje mais se ouve em todo o mundo.

E não é que sou mesmo… Charlie![1]

Pois é, o meu nome também é Carlos!

E também não consegui ficar indiferente aos atentados de hoje em França.

Je suis Charlie!

Eis o meu grito de revolta!

O grito de revolta pelo direito á vida.

O grito de revolta pela liberdade de expressão e de imprensa.

O grito de revolta contra a barbárie, contra o extremismo, contra a violência…

O mundo está horrorizado com os atentados em França!

O mundo está horrorizado com os atentados em Espanha!

O mundo está horrorizado com os atentados no Reino Unido!

O mundo está horrorizado com os atentados nos EUA!

O mundo está horrorizado com todos os atentados em todo o mundo!

Como é possível?! -eis a questão que hoje todos se colocam.

Como é possível que ainda existam seres humanos que comentem esta horrível barbaridade em nome de supostas divindades?! -disse supostas!… porque são atos em nome da mais rudimentar inconsciência humana … em nome de… nada!

NÃO EXISTE DEUS!

NÃO EXISTE DEUS!… o que torna estes atos ainda mais absurdos!

Não existe argumento racional que sustente tal genocídio!

Decerto muita coisa mudará depois deste horrível atentado…

Não se pode ignorar toda aquela multidão… todas aquelas vozes clamando por justiça… não se pode ignorar tantos “Charlie’s” juntos!

Je suis Charlie!

É preciso que sejamos cada vez mais!

Cada vez mais vozes!

Cada vez mais… Je suis Charlie!

Este tipo de atentado agita… desafia a consciência humana…

Este tipo de atentado fere… perturba a sensibilidade humana…

Este tipo de atentado coloca em risco os mais elementares valores da humanidade… -valores adquiridos ao longo de gerações e gerações pelos quais tantos lutaram, alguns com o sacrifício da própria vida…

Este tipo de atentado exige que se defenda a dignidade da pessoa humana!

Este tipo de atentado exige uma ação global e universal!

Também ouvi que…

“O Charlie Ebdo choca!…”

“O Charlie Ebdo choca tanto como o fundamentalismo!…”

“O Charlie Ebdo semeia ventos e colhe tempestades!…”

E de forma algo mais moderada que “não devemos associar a violência à religião!…”

“Choca…”

Como pode chocar tanto assim… um simples lápis?

Como pode chocar tanto assim… ao ponto de apagar vidas humanas!

Não se consegue dissociar violência de religião… é verdade… e não conseguimos sequer entender o porquê dessa associação…

Talvez porque não enxerguemos ainda nem uma nem outra!

A animalidade resulta essencialmente da nossa falta de civismo e educação… esta pode ser uma justificação coerente…. mas não será a única para o gigantesco caminho que teremos que percorrer…

Idolatrar “divindades” … -é talvez uma das mais primárias e absurdas tradições da espécie humana. Toda a idolatria é um mero absurdo… uma verdadeira inutilidade…

É preciso que este ser humano esteja ciente que, para ser um bom ser humano, não tem necessariamente que idolatrar o que quer que seja, ou quem quer que seja!…

Basta ser ele mesmo, sem máscaras ou vendas!


[1] Carlos


AGORA ATEU (I), 2015-01-08

21 de Novembro, 2024 Carlos Silva

Mensagem de Natal da IC na RTP

Imagem: RTP

Atribuir à Igreja Católica ou a qualquer outra confissão religiosa tempo de antena em canais de televisão públicos, pagos pelo contribuinte, viola o princípio constitucionalmente definido da Laicidade da República Portuguesa.

Havendo um parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria Geral da República, segundo o qual “toda a publicidade destinada a promover uma confissão religiosa, ou que tenha por objeto ideias religiosas, deverá ser considerada ilícita, incorrendo o infrator em responsabilidade contraordenacional”, não se compreende, porque não foi tomada qualquer ação por quem de direito.

Se ao Provedor (a) do Ouvinte e do Telespectador compete “representar e defender, no contacto com as Empresas de Serviço Público de Rádio e de Televisão, as perspetivas dos Ouvintes e dos Telespectadores diante da oferta radiofónica e televisiva”, o que é que o mesmo fez para evitar tal ilicitude?

Católicos, evangélicos, muçulmanos, hindus, judeus, budistas… qualquer crença têm o direito de transmitir a suas “mensagens”, mas, obviamente, nos locais e canais próprios, para os seus fiéis seguidores, ou para aqueles que veneram amigos imaginários e paguem o dízimo ou esmola… não para a população em geral e muito menos para pessoas minimamente lucidas e racionais, que normalmente estão vacinadas contra os seus dogmas.

Não o podem fazer numa televisão pública paga por todos os contribuintes, sobretudo aqueles que respeitam a separação e laicidade do Estado.

Não é lícito!… muito menos moral, o Estado favorecer, publicitar e patrocinar uma religião específica (IC) a quem atribui inúmeras regalias e sobretudo isenções de impostos.

Já chega de discursos “politiqueiros” … “jornadas religiosas” … “lutas contra o aborto” … “lutas contra a eutanásia” … “lutas contra a homossexualidade” …

(…)

A RTP, enquanto órgão de informação, tem obrigação de oferecer aos seus telespectadores e contribuintes um serviço público livre e independente do poder político, económico e religioso.

AGORA ATEU (II), 2023-12-24

13 de Novembro, 2024 Carlos Silva

Despertar

Imagem gerada por IA de Artguru

A determinada altura da vida atingimos um determinado patamar de consciência que nos confere um nível de perceção exclusivamente racionalista.[1]

A determinada altura da vida deixamos de temer criaturas “infernais” e aspirar a “paraísos” supranaturais.

A determinada altura da vida, somos inevitavelmente arrastados pela corrente de observação objetiva da realidade.

A determinada altura da vida a consciência atinge praticamente o seu auge e assimilamos que só AGORA podemos ser realmente felizes.

A determinada altura da vida deixamos de ter pressa de viver e queremos apenas desfrutar.

A determinada altura da vida queremos simplesmente conhecer e esquecer tudo o que inutilmente nos impuseram.

A determinada altura da vida queremos simplesmente deliciar com esta maravilhosa paisagem com que diariamente nos deslumbramos.

A determinada altura da vida queremos simplesmente estar em paz, connosco e com todos os que nos rodeiam.

A determinada altura da vida queremos simplesmente saborear o mais simples dos milagres…

A VIDA!

Aspiramos então a ser apenas nós…

Livres e satisfeitos!

Aspiramos então a sentir e que nos deixem sentir completamente.

Aspiramos então a pensar e que nos deixem pensar da forma mais racional possível.

Aspiramos então a amar e sobretudo que nos deixem amar quem e o que realmente amamos.

É então que assimilamos que nunca é tarde para Sonhar…

É então que assimilamos que nunca é tarde para Amar…

É então que culminamos que nunca é tarde para Viver…

E nunca é tarde para DESPERTAR!


[1] Numa fase mais precoce, traduzida pela descoberta e deceção que conduz ao desacreditar do “pai natal” e de todas as figuras do universo imaginário.

Numa fase mais matura, alicerçada no crivo do contraditório e na consciência da realidade, traduzida na contínua desconstrução e desmistificação de todos os dogmas previamente incutidos.

É, pois, normalmente neste apogeu de plena capacidade física e intelectual, que é atingido o desacreditar lógico e racional em todas as entidades ditas “divinas; o ponto de perceção do ideal divino como mero conceito individual e abstrato, factualmente inexistente fora do contexto mental humano”.

A óbvia assimilação e conclusão do ato mental, característico da espécie humana, que varia de acordo com contexto sociocultural onde se produz.

AGORA ATEU (I), 2017-03-06

31 de Outubro, 2024 Carlos Silva

“Manual de maus costumes”

Imagem: internet


Saramago apelidou hoje a Bíblia… “Manual de maus costumes”, o que provocaria grande indignação a algumas figuras religiosas… recordo apenas alguns adjetivos…

“vergonhoso”, “ofensivo”, “ignorante” …


Ao assistir aos noticiários, pude efetivamente constatar que as suas palavras tiveram grande impacto social e sobretudo um enorme desconforto na cúpula da Igreja Católica.

Curiosamente os adjetivos que me vieram à mente seriam…

lucidez, racionalidade, inteligência…

Replicou… (J.S.)

Vergonhosos” e “ignorantes” são os ditos “representantes de um dito Deus na Terra” não terem consciência de que “Nada disto existiu, está claro; são mitos inventados pelos homens, tal como Deus é uma criação dos homens”, mesmo até que o homem em si tenha realmente vivido!

Sobre o dito livro, que também já tinha tentado ler, mais do que desilusão mental apenas conseguiria confirmar ainda mais a minha delusão pessoal e um tremendo esforço para não adormecer…

É realmente uma enorme demência nascer e crescer com a Bíblia ao lado e não despertar… ou despertar tão tarde para a liberdade e lucidez da restante literatura.

É realmente uma enorme demência ver como sob a sua prolongada escrita “passaram mais de dois mil anos e dezenas de gerações, sempre sob a “dominante de um Deus cruel, invejoso e insuportável”.

Mais abomináveis ainda, são as inúmeras e trágicas guerras que ao longo da história se travaram em nome da dita religião e realmente, “as religiões nunca serviram para aproximar os seres humanos uns dos outros”. Mesmo sem guerra, o que hoje constatamos, é precisamente o contrário!

Mais irracionais ainda, são as inúmeras formas assumidas pelo dito Ser cuja única aparência realmente só mesmo no domínio das ideias e quase sempre assimilando formas humanas… um ser “do outro mundo”, capaz de “não fazer absolutamente nada, de criar todo um Universo, não se sabe bem porquê, nem para quê, em apenas seis dias, descansando depois ao sétimo… e depois, até hoje, decidiu nada mais fazer!…”

Mais impressionante ainda, é ainda hoje ser “a grande resposta para a salvação de toda a Humanidade”.


AGORA ATEU (I), 2009-10-19

27 de Outubro, 2024 Carlos Silva

Diz-me mulher

Imagem: Internet


Diz-me mulher

Filha
Mãe
Avó
Esposa
Amiga
Companheira

Diz-me mulher

Como podes permitir que
Um homem
Te roube o direito à vida
Te roube o direito à liberdade
Te roube a autonomia de pensar
Te torture e imponha maus tratos
Te viole física e moralmente até ao íntimo do ser
Te imponha o direito de escolher
Te negue o direito à informação e educação
Te impeça de votar e participar neste progresso
Te humilhe simplesmente por seres mulher

Diz-me mulher

Como podes permitir que
Um livro
Exclusivamente escrito por homens e para homens
Exclusivamente baseado no domínio dos homens sobre as mulheres
Absolutamente machista absurdo e obsoleto
Te peça que sejas submissa
Te faça objeto propriedade e mercadoria
Te cubra o corpo e a mente
Te estupre e atire pedras até à morte
Te cegue e crucifique por perderes a virgindade
Te queime pelo adúltero delito de amares alguém
Um livro escrito com sangue suor e lágrimas
Que de ti faz demónio do bem e anjo do mal
Que te rouba a vida e tudo o que é natural

Diz-me mulher

Como te pudeste deixar seduzir
Por tão encantadora serpente
Como pudeste ter ingerido tão pecaminoso fruto
De tal proibida árvore
Como pudeste ter nascido
De tal dita virgem maria
Sem amar verdadeiramente

Diz-me mulher

Tu que dás e concedes esta vida
Tu que dás alento e alimento
Tu que dás este canto e encanto
Tu que dás esta inspiração e admiração
Tu que dás este sentimento e sensualidade
Tu que tudo dás na realidade
Peço que neste preciso momento
Soltes o cabelo ao vento
Soltes a voz com todo o alento
Quero ouvir o teu grito até ao mundo dar volta
Quero ouvir o teu grito de volta e de revolta

BASTA

Não
Não fiques aí parada
Solta e desvenda a verdadeira beleza do teu rosto
Solta e descobre o verdadeiro encanto do teu sorriso
Solta e manifesta todas as razões do teu coração
Tu és legitimamente a única dona do teu corpo
Tu és autenticamente a única dona do teu ser

Desperta mulher

Desperta o corpo da tua admirável mente
E ama verdadeiramente
Ama plenamente a liberdade
Ama perdidamente aquele homem
Que simplesmente te quer

MULHER


AGORA ATEU (I), 2019-05-26

14 de Outubro, 2024 Carlos Silva

Apostasia

Imagem: Internet


Batizaram-me quando apenas tinha três meses de vida!

Mergulharam-me em “água benta” com a promessa que tal me purificaria e abriria o caminho para a eternidade.

Mergulharam-me em “água benta” com a convicção que tal me uniria eternamente ao seu deus (“Pai, Filho e Espírito Santo”) que por mim morrera e ressuscitara -tornando-me, assim, para sempre, seu filho e fiel servidor.

Marcaram-me como “cristão” quando ainda nem sequer sabia o que era uma ilusão, como quem marca um cordeiro recém-nascido do seu rebanho.

Marcaram-me num ritual eclesial mascarado de festa de família e amigos onde selaram uma espécie de contrato que, supostamente, manifestaria a vontade dos meus pais em me doutrinar de acordo com os valores e princípios morais da religião católica.

Assinaram uma espécie de contrato que definia o presente e decidia o meu futuro… que me impunha não pensar, não sentir… e sobretudo não questionar ou renegar.

Como é que uma mente minimamente decente pode celebrar ou validar um contrato entre uma suposta divindade e uma inocente criança?

Ninguém pode decidir o futuro de uma inocente criança sem conhecimento de causa… e muito menos com um outorgante fictício!

Diz a Igreja Católica que “Deus dá-nos o Seu Espírito e adota-nos como seus filhos, antes mesmo de O conhecermos” … “Deus ama as crianças ainda antes de estas O conhecerem” … e não é por acaso que o manifesta em Mt19, 14: “deixai vir a Mim as criancinhas e não as impeçam…”

Como é que um ser fictício, fruto da imaginação humana, pode adotar uma criança, ainda antes de esta ter consciência da sua… inexistência?

Mais do que um abuso de confiança, este “contrato divino” a que chamam “Batismo”, é uma ofensa à inteligência de qualquer mente minimamente racional.

Mais um dos muitos dogmas absurdos da Igreja Católica que importa desmistificar… e anular.

Assim, existindo tal contrato que me define como “cristão”, que para efeitos estatísticos do meu país me coloca como membro da Igreja Católica Apostólica Romana…

É de forma consciente e de livre vontade que o venho anular através do ato de Apostasia.


AGORA ATEU (I), 2024-02-10


11 de Outubro, 2024 Carlos Silva

A Richard Dawkins

Imagem: Internet


“Imagine-se, com John Lennon, um mundo sem religião. Imagine-se que não há bombistas suicidas, 11 de setembro, atentados de Londres, cruzadas, caça às bruxas, conspiração da pólvora, divisão da Índia, guerras israelo-palestinianas, massacres de sérvios/croatas/muçulmanos, perseguição de judeus enquanto «assassinos de Cristo», «problemas» na Irlanda do Norte, «assassínios por motivos de honra», televangelistas de fato lustroso e cabelo armado a tosquiar o dinheiro de rebanhos ingénuos (“Deus quer que dês até te doer”). Imagine-se que não há talibãs a fazer explodir estátuas antigas, decapitações públicas de blasfemos, flagelação de mulheres por exibirem um centímetro de pele.”

Estas palavras constam na introdução do Livro “A Desilusão de Deus” de Richard Dawkins”[1] que li quase sem parar…

A Desilusão de Deus

Há momentos que mudam a História… e possivelmente a “Desilusão de Deus” de Richard Dawkins é um deles!

Quando, por acaso, destapei o momento, ao encetar a descoberta fiquei verdadeiramente entusiasmado, preso ao desejo de continuar a descobrir…

Curiosamente tem no “Prefácio” o Prefácio que sonhara aquando da primeira vez que me ocorrera criar um dito “livro” ou algo que com tal se assemelhe… precisamente o mesmo poema de Lennon que gerou o meu “despertar” e transformar em realidade todo este sonho… coincidência!

Fez-me recordar o adolescente que casualmente nascera em religião, a olhava com relativa indiferença e, no fundo, apenas reforçaria a conceção que começava a ter da mais pura realidade: “É possível ser-se ateu sem deixar de ser uma pessoa feliz, com sentido moral e intelectualmente realizado”… e que o poder da razão é mais forte que qualquer crença… (pela verdade!) ainda que a última esteja enraizada em milhares de anos de história…

Fez-me recordar, que a “doutrinação de infância” jamais poderá moldar uma personalidade cuja inteligência inata seja suficientemente forte e instruída.

Fez-me sobretudo reforçar ainda mais o “espírito ateísta” e levá-lo ao livre entendimento sobre a vida e a realidade… assente numa mente aberta e sã.

Fez-me “despertar ainda mais consciências!”


[1] Defensor intransigente da evolução segundo a teoria de Darwin… é um divulgador ágil da ciência e do pensamento científico.


AGORA ATEU (I), 2008-02-09