19 de Novembro, 2007 Hacked By ./Localc0de-07
Espanha e a busca pela dignidade
Entre 1939 e 1975, a Igreja Católica Romana e Franco, o “Caudilho de Espanha pela graça de Deus”, governaram a Espanha em regime de repreensão brutal aos adversários, devidamente apoiados pelos déspotas Hitler, Salazar e Mussolini. Cerca de meio milhão de pessoas morreram durante a guerra civil Espanhola até à ascensão de Franco ao despotismo, no qual foram executadas milhares de pessoas, sempre com a conivência da Igreja Católica Romana.
O parlamento em Madrid decide proceder à reabilitação das vítimas do franquismo, colocando em jogo a lei da memória histórica, aprovada em 31 de Outubro com o intuito de reparação moral e a reabilitação pública da memória das vítimas de perseguições políticas, ideológicas e religiosas durante a guerra civil e das décadas de fascismo que se lhe seguiram. Perante a imperiosa escolha de clarividenciar a História e proporcionar a dignidade mínima às pessoas que sucumbiram durante a guerra e o franquismo, a Igreja Católica Romana respondeu com a maior campanha propagandística dos santinhos e anjinhos da sua História ao beatificar 498 católicos caídos do lado que lhes interessava, imiscuindo no mínimo um torturador pelo meio, facto conhecido mas aparentemente normal nas lides clericais. A apoteose da beatice e de afronta à Democracia Espanhola ocorreu poucos dias antes da aprovação da lei, provocando deliberadamente a hostilização e o sectarismo. A cerimónia foi presidida pelo cardeal português José Saraiva Martins, intelectual sublime do prosélito, das cruzadas católicas às Laicidades e da condenação de todos os não-cristãos à inexistência, conforme afirmado na propaganda católica televisiva de 14 de Outubro na RTP, “A força do espírito”, “Tudo o que é verdadeiramente cristão é verdadeiramente humano e tudo o que é verdadeiramente humano é verdadeiramente cristão”.
Na aprovação da lei surge uma alteração em cima do joelho, a excepção à regra aparece e é o que se esperava, a Igreja Católica Romana fica isenta de retirar todo e qualquer material propagandístico franquista das suas Igrejas com a possibilidade de alegação de simbologia artística e religiosa, o franquismo consegue assim sobreviver dentro das Igrejas.
Infelizmente a lei também não determina a anulação dos julgamentos sumários feitos pelos tribunais do franquismo que decretaram a execução de mais de 50 mil republicanos, apenas proclama a ilegitimidade destes órgãos e das sentenças.
Segundo a Igreja Católica Romana, pela voz do Francisco Pérez, a lei é “desnecessária” e a “história não vai mudar porque uma lei se torna “memória””, a tentativa de perpetuação da propaganda franquista e católica pelas páginas da História quando a moral Humana obriga a que nas páginas da História esteja a História, milhares de pessoas encontram-se desaparecidas, enterradas em valas comuns à espera que a dignidade e a moral se afirme e lhes proporcione a dignificação mínima, para além de se poder finalmente retirar o lixo católico e fascista e substitui-lo pelos factos, pela concretude das coisas.
Enquanto a Igreja Católica Romana tenta a todo o custo abafar a Democracia Espanhola e perpetuar a mentira, a hipocrisia e a injúria, a História começa finalmente a escrever-se, Maribel Brenes procede a estudos sobre a repressão do sistema franquista e acredita ter descoberto provas de que existem cerca de 10000 mortos enterrados em 57 valas comuns em Granada.
Enquanto o catolicismo assume as mesmas posturas relativas ao Nazismo, as negações do holocausto e dos 6 milhões de Judeus mortos, os obscurantismos e os revisionismos históricos, as verdades começam a surgir do lodo franquista, mesmo com a contínua batalha católica pela limpeza através da mentira e das cerimónias franquistas efectuadas, como a missa na Basílica do Vale dos Caídos em 17 de Novembro em homenagem a Franco na data da sua morte onde compareceram 1500 pessoas, felizmente menos 40% que no ano passado.
A Igreja Católica Romana continua com a mesma postura demencial de sempre, desde a sua fundação até aos tempos recentes, resta às Democracias saberem lidar com este estranho parasita.
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