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André Esteves

21 de Setembro, 2004 André Esteves

ENA!! Uma singela recordação.

Boa conversa, boa companhia. Valeu a pena fazer os 560 kilometros.

Venha o ENA III no final do ano!

20 de Setembro, 2004 André Esteves

O que diz Marcelino II

O artigo de opinião publicado no 1º de Janeiro, foi anteriormente publicado como editorial do “Correio do Vouga”, semanário da diocese de Aveiro. É sensivelmente o mesmo artigo, mas reproduzimo-lo na íntegra. Agradeço ao leitor atento que nos fez chegar a publicação deste artigo. (Obrigada!)

O ateísmo português, constítuido em associação

António Marcelino

Os jornais noticiaram a criação recente de uma associação de ateus, com o título “Associação Républica e Laicidade”. Nos propósitos levados à comunicação social, diz-se que os ateus em Portugal, a avaliar pelo censo de 2001, serão 250 mil, que o ateísmo junta pessoas que partilham ideias sobre o cepticismo, o agnosticismo e o laicismo e que não tm motivos para crer em Deus. Vai-se dizendo, ainda, que associação está contra a Concordata, pois esta é “uma subtracção de direitos do jogo democrático”.

Felizmente que vivemos num regime de liberdade de consciência e de expressão, no qual ninguém deve ser penalizado por acreditar ou não acreditar, por ser aderente desta ou daquela religião ou por não professar qualquer religião.

O fenómeno não é recente. Tem história que vem de longe, com matizesdiversificados no tempo e segundo as influências ideológicas em que se inspira. O Concílio Vaticano II, propondo-se “investigar a todo o momento os sinais dos tempos e interpretá-los à luz do evangelho”, debruçou-se com muita seriedade e serenidade sobre o ateísmo, antigo e moderno, e procurou tirar, da sua reflexão, conclusões orientadoras.

O avanço dos estudos antopológicos, a nova visão crítica da história que não reduz esta a um amontoado de factos e datas, nem lhe corta a sua dinâmica interior e, por fim, a abertura necessária ao diálogo, com todos quantos o queiram fazer sem preconceitos e numa atitude de respeito, questionamento e procura, permite ir mais longe na consideração dos problemas que afectam profundamento o ser e o agir humano, e convidam ao entendimento construtivo entre pessoas honestas, qualquer que seja a sua raça, cor, língua, cultura, confissão ou não confissão religiosa.

O que se está passando agora e que bem se compreende, dado o contexto social em que vivemos, é a necessidade de afirmação pública do que se crê ou do que se vive, e que, até há pouco, mais fazia parte do íntimo e do privado de cada pessoa. Assim se justifica socialmente a associação de ateus, as diversas associações dos homosexuais, os grupos de luta pró-aborto, a militância organizada pelos direitos dos que vivem em união de facto e tantos outros acontecimentos, uns mais recentes que outros.

É curioso, porém, verificar que estes grupos e outra gente que navega em águas vizinhas, à medida que defende para si direitos de plena cidadania, os nega a outros portugueses, esforçando-se por fechá-los e às suas convicções, nos espaços privados das sacristias de cada um.

A nova associação anuncia, logo ao nascer, militância aberta em relação aos crentes, porque os ateus, eles sim, é que “valorizam a humanidade e a vida na terra, como um bem natural, sem qualuqer intervenção divina”. Acrescentam ainda que “os deuses são criações da imaginação dos homens como quaisquer outras abstrações”.

A tentação dos dogmatismos, novos e velhos, misturada com esse orgulho genético que torna impossível o dom da fé, é sempre prova de fraquesa ou deslocação dos pontos de apoio. Os motivos para acreditar não estão situados na cabeça, mas no coração, expressão do que anima a vida e lhe dá sentido e têmpero. A inteligência ou é também emocional, ou não é humana, nem favorece a vida do homem e as relações mútuas. Os fundamentalismos são a cegueira de um raciocínio unidimensional, que já nada tem de humano e por isso não tem por que respeitar nem a vida própria, nem a dos outros.

Sei bem que o ateísmo pode ser humanista e que assim é em muitos que se dizem ateus. porém, quando se corre o tejadilho que impede de olhar alto, deixa de se procurar e de contemplar o transcendente. O homem que só olha para si, vale menos e dá menos valor aos outros homens. A dimensão e o valor da pessoa não tem em si suas raízes.

Há que alimentar estas, aí onde elas nascem e onde começam a ter e a gerar vida.

17 de Setembro, 2004 André Esteves

Casamentos Portugueses

Confesso-vos que não sou um grande amante de casamentos. Pessoalmente acho-os puro exibicionismo. Os casamentos católicos são insuportáveis, mas os protestantes conseguem às vezes ser muito piores.

Ainda me lembro de há uns anos ter ido a casamentos de amigos e conhecidos (creio que todas as gerações passam por uma vaga de casamentos quando se chega aos 30 anos) e saiu-me cá uma rifa!

Num deles o noivo pegou na guitarra e juntamente com a noiva começam a cantar: «Jesus Cristo é amor e quer entrar no teu coração» (ou qualquer coisa do género – quem conhece o ambiente, já tem imunidade), seguido com teatro de rua, com pantominas, a exemplificar o que é uma vida sem Cristo. Noutro o casal de noivos, juntamente com a família, deram testemunho de Jesus Cristo durante uma hora, com citações bíblicas e a oratória da praxe, tendo eu ficado chocado com a mudança de personalidade na noiva (minha conhecida desde a infância) no papel de mulher submissa. O marido, esse tinha-se convertido há seis meses, mas já se comportava como um «ancião» da igreja.

O último dessa enxurrada de casamentos, foi o pior. Os noivos, crentes sofisticados, mas de duas denominações protestantes diferentes, resolveram convidar para pastor da sua cerimónia, um «missionário» de jovens, do acampamento interdenominacional onde se tinham conhecido.

O problema é que o ambiente controlado de estufa dos acampamentos de verão confunde a avaliação das pessoas. Cria-se um ambiente de tal fraternidade, que as pessoas são todas bonitas. (Faz parte do esquema de conversão e dedicação. Tecnicamente é lavagem cerebral, mas é legal e chamam-lhe Espírito Santo.)

Bem. O pastor (que afinal não era pastor) começou por falar na submissão da mulher ao marido, do papel do homem à cabeça da igreja, dos homossexuais que estavam a destruir o mundo, das mentiras da evolução e da ciência, da vinda próxima de Cristo e do cataclismo que a todos nós nos esperava.

Concluiu, da forma habitual, com o mandamento de Paulo para fingirmos que não ia acontecer nada. Os coitados dos noivos estremeciam com a carta que tinha saído do baralho.

Em vez do seu casamento, tinha-lhes saído uma pregação quiliasta de mais um missionário itinerante.

E eu, fumegava lá no fundo da tenda, ao ouvir o chorrilho de barbaridades e manipulação descarada.

O semi-pastor tinha estado um ano no EUA e, claro, como é habitual, tinha bebido as palavras dos seus congéneres americanos até ao fundo da taça de veneno fundamentalista. Os grupos protestantes portugueses vivem no complexo de «que se faz melhor lá fora», porque habitualmente têm ligações preferenciais com missionários de certos países. Por exemplo, os metodistas com os ingleses, os baptistas com os americanos da Convenção Baptista do Sul, os luteranos com os alemães, os pentecostais com os americanos da Bible Belt… etc, etc. E aquele, tinha vindo para ali, usar o casamento dos noivos, como púlpito de reverberação. Depois, durante a boda, viu-se a cena burlesca, dos noivos a receber as prendas dos convivas (de cesto no braço, como é moda nos dias que correm) e o quase-pastor a correr à frente em antecipação a pedir donativos para o seu «trabalho missionário».

Os casamentos católicos, esses, cheiram a velas. As igrejas são frias, as pessoas parecem-me sempre prepotentes e pomposas. Mas o que mais me irrita são os clichés de vida.

É o curso de preparação para o casamento em que 9 em 10 noivas já estão grávidas. O comentário habitual das mulheres casadas pelo matrimónio católico, que os padres são todos uns porcos, mas o que me casou era um padre excepcional, muito humano! Até contava piadas! São as festas em que tudo e todos têm que ser convidados. As listas intermináveis de prendas para o casamento. O padre que no sermão do casamento, insinua sempre sobre a cor do fato da noiva e da flor de laranjeira, bem como exclama: Já não vos via há muito tempo! Os pais que obrigam a casar pela igreja e que tratam os filhos como um poodle amestrado que vai ganhar um concurso de raças para gáudio da aldeia e da paróquia. A mesquinhice dos noivos… É o carro , a casa, a batedeira eléctrica e os lençóis de linho! (Nunca chegando a dormir neles, nem a cozinhar com a batedeira eléctrica).

Chega-se a pontos ridículos: Numa aldeia do interior, descobri uma rapariga que se casou pela igreja umas três vezes (como o conseguiu não o percebi), depois de divórcios sucessivos. Quando questionada porque o fazia, respondeu: – É uma cerimónia tão bonita! – e em cada um dos casamentos, exigiu longuíssimas listas de prendas.

E depois há os padres da moda. Ainda há uns dias, apareceu nas notícias, tanto da SIC, com na TVI (já repararam como há uns meses, ambas andam a servir de amplificador da ICAR com os mesmos temas e peças?), a notícia sobre um padre casamenteiro. Que os seus noivos nunca se tinham separado, e que chegava a haver lista de espera para os casamentos, com noivos do Brasil. Toda a peça alimentando a ideia supersticiosa de que casando com aquele padre, se garantia a felicidade conjugal. Fazendo o padre visitas de médico, a todos os «seus casados» para assegurar que tudo corre bem. Que duas pessoas se casem e precisem de uma terceira para comunicar entre si, é para mim um facto estranho. Mas que raio de intimidade e confiança tem essa gente?!.

Com tudo isto, ponho em contraste a minha própria experiência.

Vivi com a minha companheira durante cinco anos, sem sequer pensarmos em casamento. Construímos uma vida e confiança comum. Até ao dia que descobrimos que éramos cidadãos de segunda.

Uma noite a minha mulher sentiu-se muito mal. Resolvemos ir ao hospital. À entrada na urgência, o segurança pergunta qual era a nossa relação. Eu sabendo de antemão, o que se passava, respondi: – Marido. A minha mulher, doente, respondeu: – Companheiro. Proibiram-me de acompanhar a minha companheira, por não ser «marido». Obrigaram-me a ficar na entrada, enquanto a minha mulher foi levada numa cadeira de rodas a chamar desesperada por mim. Pelo facto de não estarmos oficialmente casados, não podíamos, oficialmente, tomar responsabilidade um pelo outro.

Acabei por entrar contra a vontade dos seguranças e sentar-me, imobilizando-me à cadeira de rodas onde estava a minha mulher.

Foi assim que resolvemos casar pelo civil.

Para nós, o casamento não passava de uma mera formalidade. Papelada.

Para o resto de Portugal, não parecia ser assim.

Para acelerar o processo, declaramos que vivíamos na residência familiar da minha mulher (senão tínhamos que esperar pelo menos um mês que a conservatória da minha área de residência se mexesse). São publicados os banhos.

E eis que coitada da minha sogra passou a ter a caixa de correio atulhada com dezenas – não! centenas – de propostas para fotografar e filmar o casamento. Tudo sem pagar impostos, chegando a prometerem arranjar as capelas mais bonitas. O desplante chegava ao ponto, de se oferecerem fotografias de outros casamentos, como amostra, com a noiva a levantar-se de manhã e vestir-se para o casamento!

As famílias queriam organizar festas e juntar famílias e não-sei-que-mais…

Recusamo-nos.

Só no dia antes do cartório é que dissemos: quem quiser vir que venha.

E foi assim…

A rir, sem alianças, com toda a gente a sorrir.

Quem quis tirar fotografias levou máquina fotográfica. Paguei um cimbalino a todos os presentes. O meu irmão ainda diz que nunca viu um casamento tão bonito.

A conservadora, toda católica, com o terço em cima da secretária, é que estranhou aquela gente tão esquisita… Mas parecia ter ficado contente, éramos o vigésimo quinto casamento naquele ano no cartório. Já tinha havido 187 divórcios.

16 de Setembro, 2004 André Esteves

Liberdade religiosa no mundo – 2004

O relatório anual do Departamento de Estado americano sobre a liberdade religiosa no mundo foi hoje publicado.

Resumindo: a mesma treta de sempre – os direitos dos crentes aqui e acolá, blah, blah, blah… Dos descrentes: nada.

Mais um documento para consumo dos crentes americanos, (uma nação sob Deus), para saberem para onde enviarem missionários e alimentarem o complexo «Eu sou melhor cristão, porque sofro por Cristo». No relatório sobre Portugal o Departamento de Estado americano aparentemente engana-se nos números, inflacionando o número de crentes protestantes. Provavelmente alguém na embaixada americana fala mais com os líderes da Aliança Evangélica e com os membros da comunidade Judaica do que lê o valor dos últimos censos…

Porrada em termos de direitos religiosos leva a Arábia Saudita (Considerando as amizades desta administração, até se tem alguma surpresa), mas sendo uma monarquia teocrática o que é que se podia esperar?

Podem ler tudo aqui [Inglês].

16 de Setembro, 2004 André Esteves

Padre Melícias em monólogo

Hoje liguei a televisão para ver notícias e eis que no segundo canal encontro o padre Malícias em directo. O homem não se consegue calar, sempre a interromper a jornalista. Deve ser a energia das jantaradas.

Bem.. Haviam de ver a quantidade de patranhas sobre o mutualismo que ele nos enfiou pelo ouvido.

Imagino que o irrequieto franciscano nunca tenha ouvido falar de Proudhon, dos mutualistas anarquistas e republicanas da 1ªRépublica, nem das instituições mutualistas que foram «roubadas» aos republicanos pelo fascismo. Hoje repousam na mão segura da igreja.

Conhecendo uma pessoa, que o conhece pessoalmente não me admira. Estar com o homem é aguentar um chorrilho de anedotas porcas. Mas nem isso seria um problema. O problema é que tem de ser sempre ele a contá-las… De onde virá esta mania do protagonismo?

Já considerei pôr o meu dinheiro no Montepio. Julguei que ainda mantinha algum espírito mutualista anarquista e republicano. Depois descobri que era controlado pelo Sr.Melícias.

Vade Retro Satanás!!

15 de Setembro, 2004 André Esteves

Imaginem o que eu ouvi…

…alguém afirmar que mesmo que não acreditássemos em deus, o melhor era comportarmo-nos como se nele crêssemos. Imagino que seja o que um padre pedófilo faz diariamente.

14 de Setembro, 2004 André Esteves

Sta Maria e a Capital Nacional da Cultura 2005

De dois blogs de ateus conhecidos (obrigada, O vento lá fora e Lâmpada Mágica ) chega-nos a notícia da escolha da imagem da Santa Maria, para símbolo da Capital Nacional da Cultura, Faro 2005.

Esquecendo a questão da utilização de figuras religiosas, por parte de acontecimentos organizados e financiados pelo estado (Uma questão de laicidade), creio que a Câmara de Faro escolheu mal. É uma imagem datada e que não diz nada aos potenciais frequentadores dos eventos do Faro 2005 – Capital Nacional da Cultura.

O Algarve, antigamente um lugar recôndito e esquecido, graças aos esforços de Câmaras como a de Faro, transformou-se numa região desenvolvida. É certo que os tempos áureos do turismo já lá vão… Mas a criatividade e incentivo autárquico têm contribuído para a manutenção e crescimento, além do período estival, do turismo no Algarve.

Podemos ver a profusão de bares, discotecas, clubes de strip, lutas de mulheres nuas na lama e na geleia, bem como a contínua luta pela limpeza das praias de dejectos plásticos pequenos e a recepção de braços abertos a tantas emigrantes que se constata por todo o Algarve.

Estranho assim, que os responsáveis por este pequeno milagre económico não tenham escolhido um símbolo a condizer com os tempos de que foram parteiros, e que também fosse facilmente percebido pela multidão de algarvios e de turistas a quem a Capital da Cultura é dirigida.

Apresento assim, à vossa esquerda, e procurando um compromisso, uma singela sugestão ao público, (mantendo a escolha autárquica, mas respeitando os tempos que correm no Algarve). Se a escolha não satisfizer às autoridades, a empresa que fornece estes santos objectos, também oferece outras alternativas…

14 de Setembro, 2004 André Esteves

O teste do balão não engana!!!

Da Croácia chega-nos a notícia de que irá ser implementada, na condução de automóveis, a tolerância zero aos níveis de álcool no sangue do condutor. Para quem conhece os hábitos alcoólicos dos países balcânicos, não é nada de estranhar (e sinceramente.. depois da última guerra, a mais estúpida e irracional da Europa, têm razões para beber…)

Imaginem a quem é que não agradou a medida! – à classe eclesiástica católica.

Dizem os padres croatas, que não é justa a medida de tolerância zero, porque ao domingo muitas vezes andam afectados. Com efeito, muitos padres têm que se deslocar entre várias celebrações da eucaristia e o sangue do Cristo sobe à cabeça.

De modo que pedem compensações monetárias por irem ser incomodados!

Do que os padres croatas não se lembraram é que com tanta esperteza saloia e mesquinhice, acabaram por se ridicularizar e destruir as suas próprias crenças. Alguém ainda se lembra, do dogma católico, que o pão e o vinho (hóstia) se transformavam no corpo de Cristo para lavar do crente os seus pecados?

Afinal, o teste do balão não engana!!!

A notícia [Inglês]

13 de Setembro, 2004 André Esteves

Cover-up pedófilo pelo cardeal Sodano?

Sete padres americanos fugidos das suas paróquias, foram descobertos pelo jornal Dallas News a trabalhar e a oficiar em Roma. Pelo menos dois deles, foram reclamados de volta pelos seus bispos para serem investigados pela polícia americana. O pedido realizado ao Cardeal Sodano, prior da Opus Dei e número dois do Vaticano foi ignorado, tendo as cartas com o pedido, sido remetidas de volta com o carimbo »Devolver ao remetente».

Claro que devemos presumir uma certa inocência do bom cardeal. Um homem cujo magistério na Opus Dei exige a excelência no trabalho! Muitas cartas perdem-se.

No máximo, ele deverá ser da mesma opinião de D. Marcelino, bispo de Aveiro, veiculada numa entrevista há uns meses no jornal Diário de Aveiro, de que o problema pedófilo na ICAR americana, não passava de uma conspiração dos judeus através dos jornais…

A notícia [Inglês]