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André Esteves

4 de Novembro, 2004 André Esteves

Os Fait-Divers religiosos dos Últimos Dias

Ghana: Milhares invadem igreja para ver «milagre da cara»

Alguém reparou que um padrão de cores nas rochas da parede de uma capela parecia uma cara. Milagre instantâneo!

A seguir: Milhares correm para ver o milagre das caras nas nuvens.

A Notícia

Profetas da Nigéria profetizam vitória de Kerry

Quebrando um ritual anual de profecias confusas e mal-cozinhados, profetas nigerianos previram claramente a vitória de Kerry nas eleições presidenciais americanas. Sem mais comentários.

A Notícia

Macacos Vampiros dos templos de Haruman atacaram 300 crianças

Os santuários hindus são um lugar onde certas espécies «descendentes» dos deuses podem viver sem serem perseguidas. No entanto, a sobrepopulação na Índia tem empurrado as populações de macacos para os templos, com o automático aumento da taxa da natalidade (ironia). Os macacos começaram agora a atacar os humanos que mais se assemelham com eles (crianças) por uma simples questão de territorialidade.

A Notícia

Como construir um frigorífico kosher?

Os pormenores técnicos de um frigorífico, fogão ou máquina certificada kosher (que agrada a Jeovah). Incluem um modo Sabbath, para respeitar o sábado. As subtilezas teológicas são deliciosas. A interpretação do conceito de acção indirecta parece-me no entanto um pouco desactualizada. Nunca terão ouvido falar na mecânica quântica e nas bases aleatórias da realidade? Poder-se-ia argumentar que não há acções directas, que só existem graças à nossa percepção. Logo, não haveria maneira de desagradar ao senhor. Daria uma discussão rabínica certamente.

A Notícia

Pastor de Igreja do Nazareno condenado a 80 anos de prisão por abuso sexual continuado

Mark Heilman, pastor de jovens na igreja do Nazareno de Niles foi condenado a 80 anos de prisão por violação e abuso continuado de uma familiar. Heilman acabou por revelar-se um manipulador excepcional conseguindo até enganar os testes psicológicos e colocar toda a igreja contra a sua familiar. Foi condenado porque tinha filmado as violações e escondido os vídeos num elaborado sistema de computadores e criptografia.

Segundo as palavras da vítima: «Não é muito cristão defenderem um pedófilo e um violador, independentemente do que ele fez pela vossa igreja»

A mentalidade de seita e tribo protestante no seu melhor…

A Notícia

Crianças no dia das bruxas recebem doces e propaganda gráfica anti-aborto

Em Smythville, EUA algumas crianças na ronda dos doces do dia das bruxas, tiveram uma surpresa desagradável. Doces embrulhados num saquinho com propaganda anti-aborto, incluindo imagens de um feto cortado aos bocados.

Sempre varia dos filmes de horror da época.

A Notícia

Homem atira-se para dentro de um covil de leões num esforço de evangelizá-los, seguindo as ordens do evangelho

Taiwan – Cumprindo a ordem de Jesus em Marcos 16:15 «E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.», um crente saltou para dentro do recinto dos leões no Jardim Zoológico gritando aos leões: – Jesus irá vos salvar!!! Os leões não apreciaram a tentativa de evangelização e tentaram comer o missionário. O louco religioso, já ferido, foi salvo pelos funcionários do Zoo. Os funcionários do Zoo não esclareceram se os leões eram ateus, para ficarem tão zangados.

A Notícia

Adolescente apaixonado por padre, tem ciúmes de freira de 81 anos. Tenta envenená-la com detergente do chão.

Será uma nova tendência no clero americano? Depois do escândalo da pedofilia, seguirá o da gerontofilia? De qualquer maneira, isto poderia explicar tantas beatas nas igrejas. Encontro-me sem mais palavras.

A Notícia

31 de Outubro, 2004 André Esteves

Coitadinhos, são sempre eles os perseguidos…

Não gosta do cartoon? Acha-o uma manipulação propagandística descarada?

Óptimo! Já deu o primeiro passo para se tornar num ateu…

(Este cartoon está sobre uma licença Creative Commons. Liberdade de copiar, distribuir e usar na sua página tal como está, respeitando a autoria)

30 de Outubro, 2004 André Esteves

O Ateísmo, a linguagem, a religião, a biologia, a tolerância e os macaquinhos… Parte I

(Esta é uma reedição. A II Parte será publicada na semana que vem)

O caminho que tomamos ao afirmarmo-nos ateus não é fácil. Ao desmontarmos toda a «canga» que uma cultura religiosa nos impõe, somos obrigados a rever e a analisar com profundidade as bases éticas e causas da nossa moral, da nossa visão do mundo, das nossas emoções e da nossa razão.

Não é fácil. Nunca é fácil para cada um de nós. E se fosse fácil, não valeria a pena…

O crescimento pessoal, a liberdade mental e a solidez dos valores que obtemos são demasiado importantes para serem menosprezados. Mas o caminho de um ateu será sempre pessoal e único. Partilhá-lo é a nossa maneira de nos reconhecermos uns aos outros. De nos juntarmos à volta da fogueira, e hoje, à frente de um monitor, tentar saltar o espaço entre as nossas mentes, contando histórias…

Esta é uma história…

As religiões do livro (e em certa medida o marxismo através do conceito hegeliano do progresso) criaram uma dualidade entre o homem e a criação1. O homem é um ser especial. Criado com objectivos diferentes do resto da natureza.

Génesis 1:2

25 Deus, pois, fez os animais selvagens segundo as suas espécies, e os animais domésticos segundo as suas espécies, e todos os répteis da terra segundo as suas espécies. E viu Deus que isso era bom.

26 E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; domine ele sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre toda a terra, e sobre todo réptil que se arrasta sobre a terra.

27 Criou, pois, Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.

A partir desta visão do mundo, criou-se um duplo sistema de valores. Um para o homem e outro para a criação. A natureza à nossa volta era uma realidade biológica separada. O domínio e usufruto da natureza tinha-nos sido dado por deus. Como seres à imagem e semelhança de deus éramos superiores e com nada em comum com o mundo à nossa volta.

Humbolt, Lamarck e tantos outros naturalistas, puseram a descoberto um novo mundo biológico, de variedade e propriedades até antes inimagináveis. E depois veio Darwin…

Darwin quebrou definitivamente esta mentira. Ao estabelecer a ligação entre todos os seres vivos, através da evolução, obrigou-nos a sacudir a arrogância de nos acharmos especiais perante os outros seres vivos…

Assim, hoje quando olhamos para nós próprios, devemos ver-nos como animais, um pouco mais habilidosos, um pouco mais comunicantes, com um pequeno sentido de história e do tempo. Estamos sempre presos pelas amarras do ADN, do nosso programa genético, dos instintos e capacidades que dele obtemos individualmente. A cultura é a preservação histórica, através do contacto dos vivos, das prácticas e do que escrevemos, no pouco que realmente conseguimos passar uns aos outros, do que vamos aprendendo como seres humanos.

Mas tal não é exclusivo do homem.

Num esforço3 para clarificar o nosso conhecimento do comportamento dos chimpanzés, foi realizado há 6 anos uma campanha bem planeada e coordenada de recolha de dados comportamentais de dezenas de comunidades de chimpanzés. Estes grupos separados por rios, montanhas, selva e centenas de quilômetros apresentavam comportamentos sociais característicos de cada grupo. Mais… Os comportamentos eram transmitidos de geração em geração, mudavam com o tempo e alguns eram transportados pelas jovens fêmeas que procuravam novos grupos…

CULTURA!!!

Só a cegueira e arrogância divinamente inspirada nos manteve cegos para as verdades da natureza…

Assim, a base do comportamento que nos define como humanidade está profundamente ligada à natureza, à realidade dos constrangimentos da reprodução, sobrevivência, e que está subjacente a qualquer sociedade, ideologia e cultura humanas. Podemos, por exemplo, perguntar-nos:

– Quais serão as bases biológicas da tolerância?

Na próxima parte do nosso artigo, iremos explorá-las nos nossos primos biológicos…

Referências:

1 – “As raízes históricas da nossa crise ecológica” por Lynn White

Lynn White, Jr. “The Historical Roots of Our Ecological Crisis” (Science 155(3767):1203-1207, 1967)

2 – Bíblia, várias dezenas de autores desconhecidos…

3 – “As culturas dos Chimpanzés” por Andrew Withen e Christophe Boesch

Withen, Andrew ; Boesch, Christophe “The cultures of Chimpanzees” (Scientific American:49-55 Janeiro 2001)

28 de Outubro, 2004 André Esteves

Mais um antro-incômodo teológico…

Chega-nos a notícia da descoberta de um novo elemento da família homo. Foi baptizado de Homo Florinensis, com a alcunha de Hobbit. A criatura foi descoberta numa ilha das Flores do arquipélago Indonésio (é uma das ilhas na vizinhança de Timor Leste). Os esqueletos encontrados por arqueólogos australianos e indonésios, são em quase tudo idênticos aos humanos excepto num pequeno pormenor: medem cerca de um metro de altura.

Com eles foram descobertos ferramentas de pedra. A datação destes vestígios dá-lhes uma idade de 18.000 anos, ou seja 13.000 anos antes dos tempos históricos, o que em tempo geológico quase se pode dizer ser o presente. O tamanho que apresentam não é surpreendente em termos evolucionários. É conhecido o efeito de miniturização que se dá a muitas espécies que ficam retidas em ilhas. Nas ilhas da Indonésia por exemplo existiram elefantes miniatura. E a criação de raças miniatura de cavalos, porcos e cães por seleção de cruzamentos é um fenómeno conhecido.

As questões que esta descoberta levanta são brutais. Afinal, necessitamos de um cérebro grande para sermos inteligentes (há animais chamados de irracionais que têm um cérebro maior que o florinensis e o cérebro do chimpanzé têm o mesmo tamanho). Será que somos os únicos sobreviventes do ramo homo?? Haverá uma raiz comum entre o homo florinensis e as histórias quase universais de Fadas e Duendes? A linhagem humana terá realmente começado a evoluir a partir de África, ou antes por populações dispersas com troca de genes?

E para as religiões? Quais as consequências? É mais uma machadada na mundivivência que coloca os humanos como seres únicos e especiais criados e dependentes de uma entidade divina.

Ainda mais surpreendente é o folclore local. Segundo a história oral das tribos da ilha, os «Hobbits» estiveram em contacto com humanos até ao século passado…

Se calhar ainda sobrevivem nas selvas tropicais da parte leste da ilha!

Perante estes factos, somos obrigados a rever o peso das nossas hipóteses e da nossa concepção do mundo. Mas é isso o que diferencia uma vida baseada na ciência e não na religião.

Nós vivemos da mudança das concepções do nosso mundo.

Os outros não mudam, no máximo mudam as aparências…

BBC [Inglês]

The Guardian [Inglês]

Nature [Inglês]

BBC [Português]

26 de Outubro, 2004 André Esteves

Faça Buu a Buttiglione

Se não concorda com a pasta que o comissário italiano indigitado recebeu das mãos de Durão Barroso, talvez lhe interesse assinar a seguinte petição:

Não a Buttiglione, Sim à igualdade de direitos!

O prazo é até amanhã à tarde, quando se irá proceder à votação da comissão no Parlamento Europeu.

Mexa-se!

25 de Outubro, 2004 André Esteves

O Kitsch religioso da semana

Esta pequena maravilha encontra-se na minha modesta colecção de kitsch religioso. Trata-se um abridor de cartas em versão de «espada de cruzado».

Durante as férias estive nos Picos de Europa no norte de Espanha. Trata-se de uma zona fidelíssima ao credo católico. Aliás, a bandeira das Astúrias inclui a cruz e as letras que a denunciam como cruz católica. E claro, quem vai aos picos, aproveita para visitar o santuário de Covadonga a caminho do lago Enol.

Diz a história, que foi naquele lugar que Pelayo, rei das Astúrias, aí teve uma visão da virgem que lhe ordenou recomeçar a reconquista. O santuário tresanda a militarismo…

Desde os cartazes evocativos, que falam em «combate espiritual», a «espada da fé», etc, naquela linguagem já esquecida da mente da maioria dos católicos de hoje. Pelayo nem sequer foi original. A tradição de iniciar guerras e conquistas com visões e revelações divinas era já no seu tempo, uma velha tradição que remonta ao império romano (hei-de falar sobre isso em futuros posts) e que culminou na adopção do cristianismo como religião de estado.

Hoje, a aristocracia espanhola «pelasse» pelo santuário. Os reis de Espanha visitam-no frequentemente e o jovem Delfim e a sua esposa, depois do seu casamento foram fazer uma obrigatória visita. Os reis de Espanha consideram-se herdeiros de Pelayo e parte de uma linhagem com uma relação especial com Deus. Mas vendo as figuras eclesiásticas e obscuras que orbitam à volta do Palácio da Zarzuela, ficamos com dúvidas sobre a capacidade religiosa da monarquia espanhola de lidar com a democracia e a tolerância.

Mas eis-me em Covadonga. Cometi o erro de levar uma t-shirt com dizeres ateístas em inglês e comecei logo a ter companhia. Discreta, mas que ao ler as palavras «Support science, not supersticion» ficou com uma expressão psicopata. Não há inocentes em terras de Espanha. Ao lado da cueva propriamente dita, numa escadaria encontrei uma deliciosa boutique com lembranças. E foi lá que comprei esta espada, que passei a chamar de «a minha espada espiritual», lembrando-me da histeria espiritual que os livros do Paulo Coelho geraram à volta de Santiago de Compostela (ainda me lembro de espanhóis e portugueses que consultavam «O Diário de um Mago», como certos pastores protestantes consultam a bíblia, para saber a vontade de Deus. Depois de uma oração ou meditação, de olhos fechados abriam o livro e onde o dedo caísse, procuravam a verdade…). A espada é de aço barato, com um selo encastrado na lâmina, em alumínio com a efígie da santa. No topo a coroa lembra ao fiel dos lideres da reconquista.

É com agridoce ironia, que ao abrir a minha correspondência, imagino um burocrata franquista, repetindo os meus movimentos, com a sua espadinha igual abençoada pelo bispo, que ao violar a correspondência alheia, se achava a realizar uma reconquista e a ser um «cavaleiro da fé».

As espadas converteram-se em abridores de cartas. Os monges guerreiros em burocratas.

Continuaram mortais.

Post Scriptum:

Depois de escrever este post fiquei a matutar porque é que o raio do selo da santa é em alumínio. E cheguei a uma hipótese interessante: para fazer um milagre.

O alumínio têm um potencial de passivação extremamente elevado, por outras palavras, oxida-se muito rapidamente. Tão rapidamente que cria uma camada protectora de óxido de alumínio à sua volta impedindo a entrada de mais oxigênio, à semelhança do ouro. Ora, o aço onde o escudo está cravado oxida-se mais lentamente, permitindo que o oxigênio se infiltre e enferruje o aço. Ou seja…

Enquanto a lâmina enferruja, o escudo da virgem mantêm o seu aspecto virginal. Para o ignorante, isto toma a aparência de um milagre ou de uma protecção divina.

Afinal Deus encontra-se nos pequenos pormenores!

24 de Outubro, 2004 André Esteves

Os Fait-Divers dos Últimos Dias

Marinha Britânica autoriza Satanismo

Numa decisão sem precedentes, a Marinha Britânica autorizou o culto do Satanismo, variante da Igreja de La Vey, a bordo de um dos seus barcos. Chris Cranmer, 24, alferes foi autorizado pelo seu capitão a praticar rituais satânicos a bordo do barco HMS Cumberland da Marinha Britânica. Assim de acordo com a prática da Marinha de sua majestade, se morrer em combate terá direito a um funeral segundo os preceitos da Igreja de Satanás. O capitão do HMS Cumberland procura agora registrar a Igreja de Satanás no role de religiões reconhecidas pela Marinha Britânica.

Imagino que se poderá dizer que trata-se de uma religião menos hipócrita, perante as circunstâncias da guerra, que os seus equivalente tradicionais. A partir de agora, as orgias de Sábado à noite, em mar alto nos barcos de sua majestade passam a ter «um caracter religioso»…

A Notícia [Inglês]

Igreja baptiza cavalo chamado «O Reverendo Corredor»…

Numa polémica iniciativa, um pregador sul-africano resolveu baptisar, numa cerimónia pública de angariação de fundos, um cavalo. O dito cavalo oferecido por um criador à igreja, irá se chamar «O Reverendo Corredor». Na cerimónia, o cavalo foi aspergido com água e de seguida, vendidos talões de rifa. O vencedor da rifa irá ter direito a 49% dos rendimentos do cavalo, no circuito das corridas. A igreja já realizou, anteriormente, a rifa de outro cavalo, mas é a primeira vez que o baptiza. Por causa disso, o Pastor encontrou alguns problemas com os membros mais conservadores da sua congregação. Desculpou-se, dizendo: – Isso é uma questão entre mim e Deus…

Deus deve ter pedido ao reverendo pastor que apostasse uns rands por ele. Deve andar farto de jogar com decaimentos atómicos.

A Notícia [Inglês]

Monges budistas tailandeses em orgias de droga e bebida

Um grupo de seis monges budistas foram presos e obrigados a deixar o sacerdócio, pelo monge responsável do mosteiro, por realizarem orgias de drogas e bebida. Tudo começou, com o aumentar de queixas de barulho e bandalheira por parte dos vizinhos do mosteiro: toda uma aldeia.

Ninguém gosta de gente na vizinhança, que ande «iluminada»…

A Notícia [Inglês]

Pastor Adventista preso por mostrar «uma bomba» em aeroporto

Um Pastor Adventista do Sétimo dia foi preso no aeroporto de Nashville, Tennesse. Ao ser inquirido se transportava uma bomba (pergunta legalmente obrigatória no sistema legal americano, nas vistorias de passageiros), respondeu entusiasmado que sim, sacando imediatamente da sua Bíblia. Foi preso e apresentado ao tribunal por «fazer uma afirmação falsa».

Há pessoas que julgam que a vida é uma pregação, vivendo num nevoeiro de adrenalina e testosterona que os leva a «dar testemunho» a qualquer momento. Aos seguranças, o nevoeiro é outro, o do medo e stress de deixar passar uma bomba. Decididamente não combinam e nos EUA, mentir às autoridades é crime e dá pena de prisão. Até vem na bíblia, segundo alguns pregadores…

A Notícia [Inglês]

Livro de Mormon irá sair em versão de banda desenhada…

Doze Volumes completos. O primeiro sai para a semana. Pergunto-me como o autor vai desenhar os personagens. Peles-vermelhas à la «judeu ortodoxo» ou judeus com penas na cabeça e a viver em tipis?

A Notícia [Inglês]

22 de Outubro, 2004 André Esteves

O começo do fim do mundo foi há 160 anos atrás

Há 160 anos, por todos os Estados Unidos, pessoas vestidas com túnicas brancas puseram-se em cima de telhados e colinas, à procura de um melhor lugar para ver a chegada de cristo…

William Miller tinha começado anos antes a pregar a volta de cristo, e conseguiu praticamente sozinho, trazer de volta a mania do «Fim está próximo» e o espectro do ano 1000. A partir da profecia da final refundação do templo de Jerusálem, no Livro de Daniel, capítulos 8 e 9, William calculou que Cristo viria à terra em 1843. Mais precisamente em 21 de Março, á volta das 5 da manhã (William devia achar que Cristo gostava de se levantar cedo). Todos os seus seguidores foram para os telhados e colinas… e nada…

No dia seguinte, William Miller pediu desculpas. Tinha esquecido de contar com o ano 0 do calendário gregoriano (porque é que os bons pregadores nunca são bons em matemática?), pelo que reviu a sua previsão para 22 de Outubro do ano seguinte.

E então há 160 anos atrás, pelas 5 horas da manhã: Nada. Niente. Zip. Cristo não apareceu, outra vez…

Nesta altura, a maior parte dos seus seguidores (estima-se entre cem e cinquenta mil pessoas, numa população de 4 milhões) já se tinha desfeito de todos os seus bens terrestres, na expectativa de entrarem em 1ªclasse no paraíso e desertaram, desiludidos e gozados pelo resto da população. Tudo isto ficou conhecido como o Grande Desapontamento.

Claro que Williams endireitou as coisas perante uma pequeníssima minoria que se manteve fiel (pessoas demasiado orgulhosas, estúpidas ou simplesmente viciadas na adrenalina gerada por conviver com William Miller e viver na titilante expectativa da proximidade do fim do mundo). Com a sua morte, as discussões doutrinais aumentaram entre os seguidores e partiram-se em todas as seitas que professam o «Fim está próximo». (Adventistas do Sétimo dia, ramo ortodoxo e ramo davidiano (que depois deu no que conhecemos, em Waco Texas), Testemunhas de Jeovah, etc).

O fim está próximo… todos os dias, como depois escreveu William Miller.

Enquanto os emuladores de Miller existirem, acrescento eu.