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André Esteves

29 de Agosto, 2004 André Esteves

Björk, uma ateia até à medula.

No suplemento «Y» de música do Público da passada sexta-feira encontra-se uma entrevista com a artista islandesa Björk Gudmundsdottir, sobre o seu ultimo trabalho publicado, o album Medúlla. Na entrevista encontramos a seguinte passagem:

«O próprio princípio da convicção religiosa é para mim nefasto. Reenvia necessariamente à obrigação, à obediência. Prefiro acreditar na autodeterminação, no sentido em que todo o culto tende a privar o indivíduo das suas faculdades intuitivas mais elementares. A ideia de que um livro escrito há dois mil anos possa servir, ainda hoje, de modo de emprego existencial parece-me estranha, até despropositada. É mais gratificante descobrir as coisas por nós próprios.»

Confesso que passei a gostar ainda mais desta grande senhora.

Que a sua criatividade nos ilumine durante muitos e muitos anos.

Vale a pena ler a entrevista, chama-se: «Morrer por uma canção»

Dá-nos uma pequena imagem de uma artista que não perdeu o humano em si.

Outra entrevista de Björk, no seu site, tem ainda mais reflexões interessantes:

«Acenando com uma bandeira pirata» [Inglês]

28 de Agosto, 2004 André Esteves

Será o Presidente da República um tarado sexual?

Segundo esta notícia veiculada pelo Expresso e Portugal Diário, o nosso Presidente da República foi impedido de entrar numa piscina pública de uma Vila de Apartamentos no Algarve por um segurança de um sheik árabe.

Segundo o motivo apresentado pelo segurança, o nosso Presidente não podia entrar na zona, porque as princesas sauditas estavam a tomar banho.

Podemos tirar duas conclusões deste acontecimento:

1 – O Presidente da República, é para os Sauditas, no mínimo, um tarado sexual. De outra maneira, não fará sentido que o homem que os portugueses escrutinaram duas vezes, como o mais capaz e honrado de exercer o cargo de Presidente da República, tenha sido impedido de entrar num lugar público. Ao julgarem o presidente Sampaio como um homem de desonra, estão também implicitamente a julgarem como «impuro» o julgamento e escolha de todos os portugueses, e logo a negar a validade dos métodos democráticos da nossa soberania.

2 – O sheik saudita e a sua corte são mais «portugueses» do que o Presidente da República. Segundo a constituição da República Portuguesa, existem certas proibições muito restritas à liberdade de movimento dos portugueses, como no caso de instalações militares e de certas instalações do Estado regulamentadas em lei específica. No entanto, a nossa constituição salienta, particularmente que todos os representantes eleitos da nossa nação, em especial o Presidente da República, como representante máximo do povo português e os deputados, como representantes directos dos eleitores têm a ABSOLUTA liberdade de movimentos para poderem inspeccionar e garantir a ordem e a normalidade das instituições democráticas e do país em geral. Ao facto do Presidente da República ter sido impedido de entrar numa zona pertencente ao território português, que por demais é pública, só podemos concluir que o sheik saudita e o seu séquito se acham mais portugueses do que o resto de Portugal.

Eu só posso pedir ao governo que tome as medidas apropriadas a esta afronta: Chamar o diplomata saudita a Belém e considerar persona non grata todo e qualquer elemento estrangeiro ligado a este acontecimento.

O que esperariam que acontecesse, se por exemplo, na Arábia Saudita uma portuguesa resolvesse tomar banho num lugar público? A polícia religiosa saudita aparecia e no mínimo era expulsa do país automaticamente.

Adenda:

É revelador do carácter deste governo, o modo diferenciado com que está a tratar este assunto e o do barco «Woman on Waves». Enquanto que o primeiro, é uma directa e grave afronta estrangeira à República, o segundo é de uma natureza mais dúbia. O sentido de prioridades e de relevância é revelador do respeito que o Estado português merece do Governo.

28 de Agosto, 2004 André Esteves

Depois do Corpo de Cristo… Uns chocolates?

Do Reino Unido chega-nos a notícia [em Inglês] que o bispo de Manchester, preocupado com os níveis cada vez mais pequenos de crentes ao Domingo, iniciou no seu grupo de paróquias uma campanha quase original para chamar os crentes de volta à igreja.

Convites escritos passarão a ser entregues aos crentes não-praticantes e depois do serviço dominical serão servidos chocolates aos convivas.

A iniciativa inspira-se nas estratégias de marketing das empresas e procura resolver o «grave» problema da drástica diminuição de crentes na igreja de Inglaterra, que nas palavras do bispo de Manchester: «poderá desaparecer no espaço de duas gerações».

Se conhecermos as propriedades do chocolate, não ficaremos admirados com esta sua utilização. O chocolate tem na sua constituição, o cacau, que é um análogo a certas substâncias que ocorrem no cérebro humano, durante a corte e paixão dos namorados, bem como durante a ocorrência do orgasmo.

Outro facto interessante, é que se tornou um acto de corte nas nossas sociedades, entre namorados ou consortes que estejam a iniciar o namoro ou que tenham estado bastante tempo afastados, oferecer chocolates. Quimicamente procuram aumentar ou fazer lembrar ao outro, as sensações e emoções que têm ou tinham em conjunto.

Hoje, chega-se ao ponto de existirem investigadores que procuram produzir variantes da molécula do cacau que aumentem a líbido e produzam super-orgasmos. Quem não tem «apetites» de chocolate, depois de situações stressantes?

Não é por nada que o cacau no seu lugar de origem era utilizado pelos sacerdotes Maias para entrar em «comunhão» com os deuses ou antes de escarificarem os seus órgãos sexuais ou se auto-castrarem para realizarem contratos de poder com as divindades.

Aliás, o cacau era um deus, como o milho, para os antigos Maias.

Considerando a falta de talentos de pregação dos sacerdotes da Igreja de Inglaterra (o que se poderá esperar de uma igreja ligada institucionalmente ao estado e à coroa…), um chocolate depois da missa é o melhor alívio que se pode ter. Com o tempo e com o condicionamento químico que a habituação faz, os crentes voltarão sempre, necessitados que estarão da sua «dose».

Deus será chocolate. Ou será o chocolate, o Deus?

O problema aparente, é que nem toda a gente tem o mesmo nível de fixação pelo chocolate. Mas o bispo de Manchester já contemplou essa possibilidade e encara a possibilidade de passar no meio da cerimónia, vídeos cómicos para fazer rir os crentes. Da minha parte sugiro às 330 paróquias que já adoptaram esta doce iniciativa que procurem passar filmes desse grande talento britânico que são os Monty Python, principalmente os filmes «O Sentido da Vida» e «A vida de Brian». Creio que poderiam elucidar os crentes sobre as circunstâncias, em que a Igreja de Inglaterra se encontra.

Deixo-vos com uma pequena sugestão musical. Se tiverem a oportunidade, ouçam a peça «Chocolate Jesus» [Letra da Canção, em Inglês] do Tom Waits. Escatológico, ateu e genial.

25 de Agosto, 2004 André Esteves

Friedrich Nietzsche morreu há 104 anos

Friedrich Nietzsche morreu há 104 anos, depois de uma longa doença.

Os seus últimos anos passou-os à sombra da sua irmã, uma proto-nazi que aproveitou a incapacidade mental do irmão para distorcer e usar a obra e reputação, ganha por Nietzsche, com fins pró-arianos e anti-semitas. Era um ateu solitário e foi por estar sozinho que a sua voz lhe foi roubada.

Não deixemos que tal aconteça com a nossa voz.

Friedrich te lembramos!

Homem como nós.

Nietzsche – Entrada na Enciclopédia Wikipedia [inglês]

Entrada na Enciclopédia de Filosofia da universidade de Standford [inglês]

Obras de Nietzsche disponíveis no projecto Gutenberg [inglês]

Pequena biografia em português.

Entrada no «Cantinho da Filosofia»

21 de Agosto, 2004 André Esteves

O segredo está na massa.

Dos EUA chega-nos a bizarra notícia de que a comunhão de uma menina de 8 anos foi invalidada, pelo facto da sua hóstia não conter farinha.

Haley Waldman sofre de uma rara doença digestiva. É intolerante à farinha de trigo. A menor quantidade de glúten na sua alimentação pode-lhe causar sérios problemas digestivos e alérgicos. Compreensivelmente, a sua paróquia fornece-lhe hóstias com farinha de arroz. Poderíamos pensar que Cristo não se importaria em se transubstanciar em qualquer farinha de qualidade, mas não. Segundo o Vaticano, a comunhão de Haley é inválida porque a hóstia tem que ter um mínimo de glúten para ser considerada o recipiente legítimo da transubstanciação.

Mesmo esquecendo o facto do rito católico não ter qualquer apoio bíblico (sempre achei qualquer coisa de vampírico e oligárquico o facto do padre ser o único a beber o vinho), descobrimos com esta notícia que existe um segredo por detrás do dogma da transformação literal da hóstia no corpo de Cristo: o segredo está na massa.

Para a ICAR, o poder de Deus parece ser limitado às correctas receitas culinárias.

Por outro lado, Haley Waldman irá directamente para o inferno sem passar pela casa da partida, dado que está impossibilitada de receber a comunhão e logo a purificação dos seus pecados.

Deus assim o quis.

20 de Agosto, 2004 André Esteves

Papa visita Lourdes e deixa dívidas

A última visita do Papa a Lourdes saldou-se numa enorme dívida. A ICAR Francesa contava com a ajuda dos peregrinos para pagar os gastos da festa. Infelizmente, os fundos só chegaram para pagar 15% dos gastos.

Um sinal dos tempos do relacionamento da ICAR francesa com os seus crentes, ou o descontrolo crescente da corte vaticana em controlar o séquito de funcionários e parasitas do velho continente? Você decide!

A notícia [Em inglês]

11 de Agosto, 2004 André Esteves

Noruega: Exorcismos de «agarrão» em escola protestante

A Noruega tem na parte sul do seu território, uma zona com uma elevada densidade populacional de protestantes fundamentalistas. Uma das «bible belts» da Europa (cintura da bíblia – expressão originada nos EUA para descrever o midwest americano e a elevada religiosidade fundamentalista da sua população). Ao longo dos anos, tenho seguido vários «fait divers» vindos desta região, mas o último merece menção.

Iniciou-se há aproximadamente um ano, uma polémica à volta de uma escola privada fundamentalista desta região, que se recusava a mudar o nome do director da escola. Razão: O director da escola seria, nada mais, nada menos que Jesus Cristo…

Ora, apesar destas pequenas manifestações burocráticas de fidelidade aos céus, há uma razão muito simples para que o director de uma escola seja um mero pecador. Em última análise, alguém tem que tomar responsabilidades. E essa pessoa é o director da escola.

Corrigida a situação, depois de muita gargalhada, vociferação e ameaças divinas nos meios de comunicação noruegueses, chega-nos a notícia que a última auditoria ao colégio pelo ministério da educação norueguês, revelou que o verdadeiro director tem algumas práticas inovadoras para lidar com o pessoal docente.

Quando lhe dá na cabeça, resolve exorcizar os professores. Pior, fá-lo de uma maneira nada tradicional: agarra-os pela cintura, quase como a manobra de Heimlich e sacode-os no ar enquanto procede ao exorcismo. Um dos professores do colégio, comentou que quando enfrentou pela primeira vez um dos exorcismos do reitor, desabafou para si próprio «que não há limites para o que se vai experimentar nesta vida…»

A escola replicou publicamente que o relatório do ministério é unilateral, tendencioso e mentiroso. Em privado, devem afirmar que o ministério da educação norueguês está todo possuído por espíritos malignos e que os tempos do fim do mundo se aproximam.

A notícia do Fait Divers. [Em inglês]

Comentário: As desculpas que as pessoas arranjam para se esfregarem nos outros! Possessão pelo demónio? Porque é que não se metem num autocarro cheio de gente, na hora de ponta?! Ou precisam de afirmar, de uma forma animal, a sua dominância sobre os outros, como aqueles cãozinhos de peluche que saltam para as pernas das visitas?

2 de Agosto, 2004 André Esteves

Problemas genéticos no dogma mormon

Um dos dogmas base do livro dos Mormons, é de que as tribos que ocupavam a América do Norte eram descendentes das tribos hebraicas. Deus ter-lhes-ia dado aquela terra. Mais tarde até Cristo ressuscitado os teria visitado.

Claro que a análise textual demonstra que Joseph Smith teria simplesmente utilizado a versão inglesa da King James Bible, e não obtido qualquer inspiração divina para «traduzir» as tábuas de ouro com o texto original. Uma análise textual é sempre uma análise subjectiva e claro que os obrigatórios comentários das maravilhas da fé e do poder do espírito santo, contrariamente aos espíritos malignos e conspiradores dos académicos envolvidos foram reclamados pelos anciões de Salt Lake City.

O problema é que o livro dos mormons faz afirmações objectivas. E a suposta ascendência hebraica das tribos índias da América do Norte é taxativa no livro dos mormons.

Ora, se a fé dos santos dos últimos dias fosse verdadeira, os genes dos índios deveriam indicar a sua clara ligação à tribo de Israel.

Utilizando certas partes do genoma humano, ligadas às características étnicas podemos seguir as ligações de indivíduos a um grupo e das relações entre os grupos de populações. Por exemplo, os tipos de sangue predominantes, os elementos identificativos na superfície das células do nosso corpo perante o sistema imunitário, etc. Analisando a taxa de mutações nessas áreas do genoma podemos reconstruir o passado genético das populações.

Ora pelo estudo genómico, os índios americanos descendem da população asiática original. Algures no seu passado genético, tiveram antepassados que resolveram atravessar o estreito de Bering, a seu custo, em vez de judeus perdidos depositados numa terra prometida, pelas mãos do deus de Israel.

Claro que o Mormonismo não desaparecerá. Qualquer grupo têm a sua inércia reprodutiva e social interna. Os livros de Mormon serão reinterpretados. A interpretação literal desaparecerá.

Onde é que já vimos isto?

Será que os seres humanos não aprendem nunca?

2 de Agosto, 2004 André Esteves

Um Santo Truca-Truca

Um cena bizarra brindou os transeuntes do aeroporto internacional do Malawi.

Uma carrinha, com estores baixados, estacionada no parque de estacionamento do aeroporto parecia ter vida própria, abanando e oscilando como que possuída por um espírito maligno.

Chamada a polícia, esta procedeu à averiguação da situação.

Tossindo e batendo na carrinha, o agente da autoridade pediu aos ocupantes da viatura que se identificassem. Obedientes, os ocupantes identificaram-se enquanto vestiam os seus hábitos…

Um padre e uma freira no santo truca-truca.

O caso foi a tribunal por indecência na via pública. Os arguidos foram condenados a 6 meses de prisão com trabalhos forçados, mas com a sentença comutada por terem mostrado arrependimento…

A freira afirmou, publicamente, que tinha tido um lapso de mau julgamento. O padre afirmou que reconhecia ter caído na tentação do demónio.

Porque é que os machos atiram sempre as culpas para os outros?

A notícia do fait divers [Em inglês]