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Cruzada contra os homossexuais (2)

Por

E – Pá

A ICAR tem tremendas dificuldades em perceber os comportamentos humanos, seja no campo científico, cultural, sexual, etc.

Bento 16, no início do seu pontificado, “produziu” sobre o tema da homossexualidade um inflexível documento doutrinário, para orientação do clero, que é um autêntico repositório homofóbico (link).

É um documento que encerra, por outro lado, uma incomensurável dose de hipocrisia, onde se determina:

“…embora respeitando profundamente as pessoas em questão, [9] não pode admitir ao Seminário e às Ordens sacras aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente radicadas ou apoiam a chamada cultura gay [10]”.

Todos sabemos que nos seminários, nos mosteiros e nas instituições militares a homossexualidade tem condições particulares para se desenvolver e proliferar, já que há uma evicção dos contactos entre sexos diferentes (um outro tipo de discriminação).
Aliás, penso que esta característica será sempre favorecida pelo ensino religioso – fundamentalmente os colégios que funcionam em regime de internato – e que discriminam a frequência desses estabelecimentos por sexos.
São os colégios católicos (unissexo).

Penso que a própria ICAR tem muito contestação no seu seio quanto a esta questão. Essa oposição à doutrina oficial da Igreja está sediada, essencialmente, nos EUA.

Mas a ICAR usa um artifício para iludir a criminalidade sexual que grassa no seu interior, praticada por alguns (muitos) dos seus eclesiásticos.
Acusada – em quase todo o Mundo – de estar envolvida em casos de pedofilia, tenta confundi-los com homossexualidade…

Para a ICAR a sexualidade é sinónimo de procriação. Logo, os actos sexuais têm a finalidade última de possibilitar a concepção de um novo ser.

É esta visão obsoleta das relações humanas e do Mundo que leva a ICAR a proibir a masturbação, a contracepção e todo o tipo de relações fora do sacramento do casamento (p. ex.: pré-matrimoniais)…
É aqui que também se entronca a sua oposição às “uniões de facto” que colhe adeptos, como p. ex., o actual PR (embora publicamente usando outros argumentos).

A esta doutrina chama a Igreja a “lei natural”. Seria a ordem que o “Criador” deu ao Universo. E, caímos, na concepção criacionista do Mundo. Embora, este ano, no centenário de Darwin, tentasse a aproximação com a comunidade científica, dando débeis e oportunistas passos no sentido da aproximação com o evolucionismo.

A Igreja, com o avançar modernidade, perde a coesão doutrinária. Dentro de alguns anos será um novelo de contradições teológicas, defendidas por um arreigado dogmatismo que conduzirá, inevitavelmente, a atitudes fundamentalistas.

A ICAR, como Bento 16, posiciona-se à beira de um dos mais trágicos retrocessos humanitários e civilizacionais.

Perfil de Autor

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- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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