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A insistência papal

João Paulo II expressou a sua confiança em que as raízes católicas continuem a «inspirar» a Europa, apesar da ausência de uma referência explícita na Constituição Europeia.

No dia seguinte à assinatura do Tratado Constitucional, aquando da recepção do primeiro ministro polaco, Marek Belka, o papa espera que «os valores perenes elaborados sobre a base do Evangelho pelas gerações precedentes continuem a inspirar os esforços dos que assumem a responsabilidade para configurar o rosto do nosso continente».

Sublinhando que a Santa Sé sempre apoiou o projecto de integração europeia, JPII afirmou que confia na União Europeia, que «não só fará todo o possível para não privar os europeus do seu património espiritual mas também o protegerá de forma unitária».

Aqui chegado ainda reiterou o discurso do Vaticano durante todo o processo de discussão da Constituição Europeia: «não se pode construir uma unidade duradoura separando-se as raízes sobre as quais cresceram os países da Europa e a riqueza cultural e espiritual dos séculos passados».

A questão é exactamente essa: a de construir uma unidade duradoura. Ora, para que isso seja possível, nenhuma lei poderá fazer referência a uma religião específica, por maior que tenha sido a sua influência no passado. Na verdade, a religião que se pretendia incluir no preâmbulo da lei fundamental da União Europeia foi fonte de discórdias sangrentas no passado.

Só a laicidade, como princípio fundamental, poderá ter em conta a crescente diversidade cultural e assegurar um tratamento unitário a todos os cidadãos, independentemente das suas crenças.

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