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A importância que damos

Alguns amigos meus, uns ateus, outros agnósticos, outros crentes, têm reagido com surpresa à minha participação neste blogue. Embora eu não dedique muito tempo a escrever para aqui, aquele tempo que passo parece-lhes excessivo. Não estarei eu a dar muita importância à religião? Se eu não acredito em Deus, por que dou tanta importância a estas questões? Será que não posso «deixar em paz» as religiões e dedicar-me a outros assuntos?

O que se passa, é que a religião tem mesmo importância. Não fui eu que escolhi que tivesse sido e seja uma causa significativa de grande número de guerras; não fui eu que escolhi que estivesse na origem da inquisição e das cruzadas; não fui eu que escolhi que sistematicamente mine as políticas de planeamento familiar e sustente políticas sexistas e homofóbicas; não fui eu que escolhi que seja um importante factor na escolha do próximo presidente dos EUA; não fui eu que escolhi nada disso.

A religião tem importância no mundo em que vivemos, e a importância que lhe dou é um mero reflexo de me importar (bastante) com o que se passa à minha volta.

Tal como quem se indigna com a injustiça, a corrupção, o crime ou a miséria sabe que vários factores estão interligados, por me preocupar com o mundo que me rodeia, preocupo-me com o papel que as superstições têm no mundo actual, provocando muitas vezes guerras e ódio ou sabotando o desenvolvimento.

É importante que sejam as teocracias (como o Irão, por exemplo) a evoluir para uma sociedade laica, e não as sociedades laicas a regredirem no sentido do fundamentalismo. É por isso importante que ateus, agnósticos, e até os crentes, vigiem as religiões, os abusos, as injustiças.

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