O que é que os ateus ensinam às crianças?
O texto seguinte, absolutamente excelente, encontrei-o no blogue «O Calhamaço dos Embustes!…», do nosso amigo «1atento». Publica-se com a vénia devida.
«Devemos ensinar às crianças que provavelmente quase todas as religiões têm a mesma origem: a ignorância, o medo e as pressões sociais. Que deus foi inventado e que esse deus inventado é um deus monstruoso, que se impõe pelo terror, prometendo a morte, seguida do sofrimento eterno, a todos os que não se curvarem às suas ordens. Que ele é fruto da superstição, e que jamais uma única evidência da sua existência foi apresentada por aqueles que dizem nele acreditar. Que devemos nos libertar dessa ideia, de que ele existe, para que nos possamos sentir verdadeiramente livres e fortes o suficiente para enfrentarmos os desafios da vida.
Devemos ensinar às crianças que a ciência destronou esse deus cristão tão cruel, inventado há milénios atrás por indivíduos que faziam da ignorância e do medo um modo de vida. Devemos ensinar-lhes que nenhum pecado é tão terrível ao ponto de fazer com que um pecador seja punido por toda a eternidade nas labaredas do inferno.
Devemos dizer às crianças que os líderes religiosos jamais deverão ser perdoados pelos crimes que cometeram em nome de Deus. Que jamais poderão justificar as torturas, a destruição das famílias, e as incontáveis mortes que pesam sobre os seus ombros. Que padres e pastores são desonestos porque ensinam mentiras e levam dinheiro por isso.
Devemos dizer às crianças que a mentira e a hipocrisia são os dois pilares que dão sustentação ao cristianismo. Que tanto a mentira como a hipocrisia, aliadas ao medo, manterão as mentes das multidões de infelizes totalmente anestesiadas, prisioneiras nos calabouços celestiais, submetidas ao terror divino, para que ninguém questione, para que ninguém investigue, para que ninguém progrida, a não ser os “mercadores da fé”, que escolheram como ganha-pão a exploração da ignorância e da burrice alheias.
Devemos dizer às crianças que as religiões são contra o progresso, contra o avanço da ciência, contra o divertimento, contra os prazeres da carne, contra o orgasmo, contra o sexo sem fins reprodutivos, contra o uso de preservativos nas relações sexuais, contra as festas pagãs, contra a riqueza obtida com o trabalho árduo, contra a música e a literatura de vanguarda, enfim, contra tudo que possa fazer a vida valer a pena ser vivida.
Devemos dizer às crianças que “verdades” mentirosas não podem ser ensinadas como sendo sagradas. Que nada existe de mais sagrado para o ser humano do que a liberdade de expressar seu pensamento honestamente. Que todo aquele que, em nome de um Deus, ou de uma religião qualquer, reprime a livre manifestação de pensamento, não passa de um carcereiro, com procuração “divina”, que deve ser declarado inimigo da humanidade.
Devemos dizer às crianças que não vale a pena morrer por aqueles que ainda vão nascer. Que os inocentes não devem ser punidos pelos culpados. Que sacrificar a vida material por uma vida “espiritual” depois da morte – facto que nunca foi comprovado — é uma enorme idiotice. Que os seres humanos não devem amar seus inimigos e odiar seus familiares, como a bíblia ensina. Que o amor por seres humanos é real e o amor por fantasmas que povoam os céus é a mais deslavada das mentiras.
Devemos dizer às crianças que precisamos ser bons e honestos, não por temor a deuses inventados, mas porque a bondade e a honestidade são os caminhos que nos levam à paz interior. Devemos dizer às crianças que não existe nenhuma revelação divina pela qual valha a pena renunciar à vida aqui na Terra. Que é da natureza que vem todas as revelações que precisamos e que basta entendê-la para que possamos entrar em harmonia com o universo que nos rodeia.
Devemos dizer às crianças que investigar não é pecado. Que aceitar promessas de vida eterna em troca de crença em factos absurdos que não se apoiam em evidências é pura insanidade. Que a credulidade não é uma virtude, e sim um defeito. Que a investigação, a razão, a lógica e o raciocínio é tudo que temos para nos guiar na nossa passagem pela vida.
Devemos dizer às crianças que nada pode ser mais sagrado que o amor aos nossos familiares, que o amor aos animais, que o amor às plantas, que o amor à vida. Que é impossível para um homem inteligente e sensível amar um ser sobrenatural e fantasmagórico que só existe dentro de cabeças cujos cérebros foram cauterizados por uma lavagem cerebral feita na infância. Que é impossível amar incondicionalmente, pois o inconsciente não pode ser comandado pelo consciente. Que só podemos e devemos amar quem merece o nosso amor. Devemos dizer-lhes também, que amar o inimigo é uma traição aos nossos amigos.
Devemos dizer às crianças que, ao contrário do que está na Bíblia, a mulher não é inferior ao homem. Devemos dizer-lhes que não foi Deus quem fez o homem à sua imagem e semelhança, e sim o contrário, e que por isso mesmo esse deus inventado é tão egocêntrico, colérico e vingativo. Que o amor do melhor dos santos cristãos jamais poderá ser comparado ao amor da mais insignificante das mães.
Devemos dizer às crianças que a felicidade não é menor pelo facto de sabermos que um dia iremos morrer. Que, até que se prove o contrário, a morte é uma barreira intransponível e não uma passagem para “outra vida”. Que ela é o descanso eterno, o fim do sofrimento, o término de toda angústia e de toda agonia, enfim, uma consequência inevitável da vida. Que nunca se apresentou uma só evidência de que exista algo mais depois dela.
Devemos dizer às crianças que, por pior que seja a verdade, é melhor viver dentro dela, do que enganar-se a si mesmo, fingindo aceitar uma mentira, apenas para encobrir a própria ignorância. Que não se deve aceitar explicações mais absurdas do que o que se pretende explicar, visando única e exclusivamente acalmar a mente perturbada que não consegue respostas para o problema existencial.
Devemos dizer às crianças que devem lutar contra a mentira embutida nas mensagens religiosas que prometem o paraíso. Que é desonesto oferecer uma recompensa em troca de uma crença que nós não temos o direito de investigar ou testar por nós mesmos. Que devem rejeitar, incondicionalmente, um deus que faz chantagem com as suas criaturas, ameaçando-as com as mais terríveis punições.
Finalmente, devemos alertar as crianças para que não dêem jamais ouvidos às declarações atribuídas a testemunhas que já morreram, foram enterradas e se transformaram em pó há séculos e séculos atrás, pois a simples declaração de uma pessoa não serve como evidência incontestável, principalmente se ela estiver morta. Que o cadáver de um ancestral desconhecido não pode ter mais credibilidade do que um facto comprovado. Que eles devem ficar longe de homens, e mulheres, que se dizem cheios do “espírito santo”, pois eles são os inimigos da ciência, já que são contrários à investigação e à livre manifestação do pensamento. Que devem desprezar todos aqueles que fazem declarações estúpidas, capazes de contradizer a lógica mais elementar.
Dizendo tudo isso poderemos ter certeza de que as nossas crianças ficarão mais livres dessa enorme mentira chamada Deus…»