Ateísmo na Blogosfera
- «Temos que partir daquilo em que concordamos. Por exemplo, que Odin não é um deus de verdade. Não é irrefutável, não é dogma, não é algo que eu não pretenda demonstrar ou não possa justificar. Mas é uma opinião que partilho com o Bernardo e com muitos outros crentes. É um bom ponto de partida para um diálogo porque não precisamos perder tempo a discuti-lo. Outra premissa útil é que uma longa tradição religiosa considerou Odin um deus de verdade. Não é axioma, mas é outra premissa aceitável. E destas premissas deduz-se que a tradição religiosa não justifica a crença num deus.
Partindo de premissas aceites por todos e seguindo um raciocínio que todos considerem válido garante-se que todos irão concordar com a conclusão, seja qual for a sua opinião inicial. Assumindo que estão honestamente interessados no diálogo. Quem admite que A é verdade e que A implica B mas mantém a sua fé que B é falso não quer dialogar. E se cada um se limita a proferir os dogmas que considera irrefutáveis ninguém se entende. Como exemplo, aponto mil e quinhentos anos de animado diálogo entre o Cristianismo, o Judaísmo e o Islão.
»(«Diálogo difícil, parte 1.», no Que Treta!) - «Os mitos de destruição escatológica, que se traduzem na crença num apocalipse seguido de um julgamento final para alguns, são característicos de religiões sortidas, dos Maias aos Hindus. A ideia de que uma força maior efectivará a vingança das provações dos «justos», que aqueles que vemos como os nossos opressores sofrerão horrores inimagináveis, nem que seja no fim dos tempos, tem um apelo evidente para muitos.» («Apocalipse Now», no De Rerum Natura)
- «Tal como acontecia na ocasião, também agora os sunitas e os shiitas continuam a lutar no Médio Oriente, os muçulmanos e os hindus na Caxemira, os budistas e os hindus no Sri Lanka, e os muçulmanos e os judeus em Israel.
Mas duas coisas acontecem agora nesta nossa época pós-moderna e pós-Guerra Fria: a religião, frequentemente disfarçada de pressupostos ou fundamentos étnicos regressou à arena política; e as religiões continuam sem saber como conviver em paz umas com as outras.»(«Será que é realmente possível aprendermos a gostar das pessoas que não são como nós?», no Random Precision)