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Pensamento Veleitário II – A vida eterna

Uma vez compreendida a tendência humana para o pensamento veleitário, é fácil compreender porque é que, ao longo da história, tantas culturas (mas não todas!), de tantas formas tão diferentes (reencarnação, ressurreição carnal, ressurreição espiritual, etc…) vieram a desenvolver formas de crença na vida eterna.

Até aos últimos séculos, a compreensão das leis da natureza era muito primitiva. A compreensão do funcionamento do nosso organismo também. Com tanto desconhecimento, não havia grandes indícios contra ou a favor da vida eterna.

Mas, devido ao instinto de sobrevivência de que a selecção natural nos dotou, os seres humanos não querem morrer. Assim sendo, acham a possibilidade de existência da vida eterna mais desejável que a possibilidade oposta.

Não seria de esperar outra coisa senão que a crença na vida eterna se espalhasse.

Crer com convicção na vida eterna era obviamente um erro. Esse erro não impediu que se desenvolvessem os mecanismos sociais que tornaram qualquer dúvida em relação a tal convicção como algo merecedor de rejeição social. Os adeptos do Falagoas não gostariam que alguém lhes viesse dizer que o Retreneu ia vencer a partida, mais por não gostarem de encarar tal facto do que por o considerar absurdo.

No entanto, acreditar convictamente na hipótese oposta talvez fosse igualmente um errado: a verdade é que o funcionamento do mundo era tão desconhecido, que a vida eterna poderia facilmente ser compatível com o conhecimento adquirido até à altura.

Hoje isso não se sucede.

Hoje temos indícios muito fortes de que não existe outra vida depois desta.

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