Mais uma atitude positiva do Papa Francisco – I
A seita de extrema-direita católica denominada Opus Dei (OD) nasceu na mente do beato Balaguer em 1928 e teve o seu desenvolvimento durante o Franquismo. Admirador confesso de Hitler e de Francisco Franco, o padre Balaguer odiava republicanos e comunistas. Disse, um dia, que “era um exagero afirmar que Hitler tinha matado seis milhões de judeus”… pois, na sua opinião, “Hitler não era mau. Só tinha matado três ou quatro milhões” (?!).
O Papa João Paulo II (JP2) promoveu a seita OD por dívidas de gratidão que contraíu com Balaguer por ter sido fornecedor de dinheiro ao Vaticano nos momentos difíceis. Durante o seu papado a OD tomou excessiva dimensão dentro da Igreja, o que não era bem visto por muitos bispos… e, provavelmente, nem o próprio Balaguer teria imaginado ter sido possível conseguir tanto poder dentro da Santa Sé.
A OD sempre funcionou com secretismo na aproximação aos poderes políticos e económicos dos países onde se estabelece, assumindo atitudes semelhantes às acções desenvolvidas pelos partidos da Direita, incluindo os não democráticos. A seita está hoje presente em 68 países e, segundo as suas próprias informações, é composta por cerca de 93.500 membros laicos e 2000 sacerdotes (El País Semanal de 27/08/2023).
Não é possível confirmar estas declarações exactamente pelo secretismo em que a OD está envolvida. O seu património não é totalmente conhecido pelas mesmas razões, mas sabe-se que é imenso. A “Obra” (termo com que os seus membros gostam de referir a seita), está muito bem implantada na Europa e na América Latina, possuindo vários estabelecimentos, desde grandes empresas a Universidades. Eu próprio tenho um certificado de uma formação de jornalista que fiz no Centro de Formação de Jornalistas, no Porto, em Junho de 1995, ministrada pela Universidade de Navarra que pertence à OD.
Os Jesuítas nunca foram “às missas de Balaguer” nem aprovam a imagem do “santinho” já colocada numa parede do Vaticano. Recentemente (8 de Agosto último) o Papa Francisco I promulgou leis que retiram à OD a excessiva influência que JP2 lhes conferiu e que mantinha na Igreja desde há 50 anos. Os observadores da Igreja vêem nesta atitude de Francisco o epílogo de crescentes tensões entre a organização conservadora OD, e os Jesuítas que (muitos dos seus membros) têm uma visão mais progressista da Igreja.
Com este “motu próprio” de Francisco, a seita Balagueriana fica impedida de ordenar sacerdotes, e o seu máximo responsável não pode ser bispo. Perde independência e tem de prestar contas ao Vaticano.
Esta é mais uma atitude positiva de Francisco I a merecer o aplauso dos ateus pela decência nela contida.
Embora os ateus não façam parte da Igreja (logo, não teriam direito à opinião sobre as coisas internas do culto), na verdade fazem parte da sociedade onde a Igreja Católica se estabelece… por isso não podem alhear-se dos fenómenos sociais que, em algum momento, acabam por tomar parte da vida de todos nós… ateus incluídos.
(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)
OV
Perfil de Autor
Onofre Varela nasceu no Porto em 1944, estudou pintura e exerceu a atividade de desenhador gráfico em litografia e agências de publicidade, antes de abraçar a carreira de jornalista (na área do cartune), em 1970, no jornal O Primeiro de Janeiro. Colaborou com a RTP, desenhando em direto a informação meteorológica no programa Às Dez e animando espaços infantis. Foi caricaturista e ilustrador principal no Jornal de Notícias, onde também escreveu artigos de opinião, crónicas e entrevistas.
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CATEGORIES
Cristianismo -
DATE
29 de Janeiro, 2024 -
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