Por
Onofre Varela
Abraão, o patriarca das três principais religiões monoteístas, teria vivido entre 1812 aC e 1637 aC. Foi exaltado por Moisés que só aparece na estória bíblica 500 anos depois. Hoje, Abraão é venerado por mais de metade da Humanidade, como pai espiritual da fé (cerca de 2000 milhões de Cristãos, 1300 milhões de Muçulmanos e 15 milhões de Judeus). Oriundo da família de Sem (filho de Noé, e de cujo nome deriva o termo “Semita”), teria nascido em Ur, cidade da Suméria a sul de Bagdad, na Mesopotâmia, local do nascimento da civilização cerca do ano 5000 aC.
Consta que Deus lhe falou em sonhos, incentivando-o a partir para Canaã (actual Israel), cujas terras lhe seriam oferecidas para nelas fundar a sua nação, e aí poderem nascer, crescer e trabalhar, os seus descendentes. Canaã é a terra dos Cananeus, cujo termo significa “comerciantes activos”, o que conjuga com as actividades profissionais dos judeus.
As estórias que se contam de Abraão não passam de lendas. Uma delas diz que nasceu numa gruta, e um dia depois de nascer já tinha envelhecido um mês, e fez 12 anos quando completou o seu primeiro aniversário! Talvez por isso (diz-se) viveu 175 anos!… Outra lenda diz que Abraão, levado pela fé que tinha na existência de um único deus, terá destruído figuras das divindades e de ídolos com culto no seu tempo. O rei Nimrod ficou furioso e condenou-o à morte na fogueira. No momento em que ateavam fogo à lenha sobre a qual Abraão estava amarrado, formou-se um enorme lago que neutralizou as chamas transformando-as em peixes, e estes libertaram o condenado. Ainda conforme a narrativa bíblica, Abraão estava velho e não tinha filhos. A sua mulher Sara não engravidava, o que impedia o povoamento daquelas terras que Deus programou para serem o país da sua prole.
Na sua viagem pelo Egipto, Abraão combinou com sua mulher dizerem-se irmãos, para que não zombassem de um homem velho ter uma mulher nova e, eventualmente, decidirem matá-lo para ficarem com a mulher. Foi assim que o faraó soube que Sara não era sua esposa, e gostando da sua beleza tomou-a para si. Mas Deus, que não dorme, através do sonho (o modo de difundir notícias preferido pela divindade) alertou o faraó para o parentesco de Sara com Abraão. Ao acordar, o faraó reuniu a corte, chamou Abraão, confessou não saber que Sara era casada e, devolvendo-a ao marido, declarou não lhe ter tocado sexualmente, mas expulsou o casal do Egipto.
Abraão e Sara regressaram a Canaã, mas na companhia de Agar, uma escrava egípcia que os servia. Confrontada com a impossibilidade de ser mãe, Sara sugeriu a Abraão que fizesse um filho na criada Agar, cumprindo os desígnios de Deus. Assim se fez, e Agar terá sido a primeira barriga de aluguer da história! Mas as coisas não são assim tão fáceis quando o espírito feminino entra em funções específicas de confronto com uma rival, como se verá na próxima edição.
(Continua)
(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)
OV
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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