10.º aniversário da canonização de D. Nuno Álvares Pereira (26-4-2009)
Há dez anos, D. Nuno foi criado santo, não por pelejar contra os mouros, judeus ou outros infiéis, certamente, pelo desembaraço com que matou cristãos castelhanos, atitude que comprometeria a Igreja e a santidade, mas por desejo do episcopado luso.
Enquanto Espanha se ajoelhava a Franco e ao Papa de turno, nunca foi possível elevar à santidade o herói nacional. Nem o opúsculo do Sr. Duarte Pio, especialista em solípedes pios, o investigador que descobriu que os cavalos de D. Nuno se ajoelharam em Fátima, antes da batalha de Aljubarrota e muitos anos antes de o Sol ter ali bailado, logrou com tão árdua pesquisa e tão transcendente milagre, fazer do herói um santo.
O patriarca Policarpo bem quis que o Vaticano usasse outro pretexto para a canonização que ansiava, mas nem o cardeal Saraiva Martins, então o Prefeito que certificava os milagres, nem o Papa, dispensavam um milagre obrado. A tradição exige contrariar as leis da Física ou o estado da arte médica para criar santos.
Como os milagres estão cada vez mais difíceis e os grandes acontecem sempre longe do País, recorreu-se a um milagre pífio, mas autóctone, aquém da dimensão do santo, em zona de prodígios e, em breve, com 3 santos no espaço de uma só aldeia.
O milagre foi encomendado à Sr.ª Guilhermina de Jesus, a desmazelada cozinheira que, em Ourém, expôs o olho esquerdo a salpicos do óleo fervente com que fritava os peixes e que, em vez do colírio, recorreu à súplica a D. Nuno, com mais eficácia terapêutica e menor custo.
O País devoto deve à cozinheira de Ourém e ao risco em que colocou o olho esquerdo, o milagre que possibilitou ao mais insigne dos 26 filhos conhecidos do prior do Crato, Álvaro Gonçalves Pereira, filho do bispo de Lisboa, D. Gonçalo Pereira, ser elevado aos altares no escalão máximo.
De futuro, quando um crente for atingido no olho esquerdo, não há experiência em olho direito, com salpicos de óleo fervente, incluindo o azeite Santo Condestável, não mais se recordará daquelas expressões que aliviam, mas perigam o destino da alma, e rezará, valha-me o Santo Condestável, Ave-Maria… E o olho ficará curado.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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