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A ICAR* e os escândalos sexuais

Os Tribunais chegaram finalmente aos mais altos dignitários da ICAR. A presença do cardeal Barbarin, arcebispo de Lyon, no banco dos réus de um país católico é, por si só, sinal da perda da imunidade que a tradição conferia, mas a sua pena de prisão, embora suspensa, por não denunciar os casos de pedofilia que conhecia, é o fim da impunidade de qualquer bispo francês. No banco dos réus teve a companhia do arcebispo de Auch, do bispo de Nevers, e de um pároco, além de leigos com relevantes funções diocesanas, que foram absolvidos.

Curiosamente, para além de se fazer justiça e da pedagogia do veredicto, o que é motivo de júbilo, fica alguma preocupação. A ausência das vocações sacerdotais e a debandada dos fiéis da ICAR não engrossa as fileiras dos livres-pensadores, aumenta a conversão a um monoteísmo mais implacável ou a seitas que nascem da avidez do saque ao dízimo e da síndrome de privação de quem precisa de um ser imaginário e da crença de uma vida para além da morte, para se sentir confortado.

Por pior que seja o clero católico, não voltará a ser tão violento e jurássico como o mais benigno mullah ou aiatola, tão ganancioso e embusteiro como qualquer bispo da IURD ou das numerosas Igrejas que surgem. E é para aí que desertam numerosos católicos.

A pedofilia, além da náusea do crime, é especialmente chocante nos clérigos católicos, obcecados a execrar a sexualidade, e é um direito que o Corão consagra, praticado por homens contra meninas de nove anos, vendidas pelos pais a maridos que as violam e, a seguir, se podem divorciar.

A repressão sexual e a predisposição mórbida são causas da sexualidade desregulada do clero, com especial violência contra as mulheres. A moral da Idade do Bronze e a patologia individual atingem uma dimensão intolerável. É improvável que seja a ICAR, apesar do celibato idiota, obrigatório no seu clero, a atingir maior patologia.

Admira a sanha com que se ridiculariza uma Igreja, quando tem um Papa que procura a erradicação da pedofilia, e se faz silêncio sobre os Papas dominados pelo lóbi gay, que criaram bispos e cardeais do referido lóbi.

O afastamento do atual Papa da plutocracia mundial virou-se contra a ICAR, e quando, sob pressão de sucessivos escândalos, os crentes questionam a virtude do clero, acabam a pôr em dúvida o martírio do seu Deus.

No vazio deixado pela Igreja católica não se vislumbram melhores alternativas**.

  • ICAR – Igreja Católica Apostólica Romana.

** O autor é solidamente ateu.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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