Giordano Bruno – Há 419 anos (17 de fevereiro de 1600)
Ia a Igreja católica no 8.º Clemente, homólogo do antipapa de igual nome, de Avinhão, quando lançou o veredicto da morte pela fogueira. A Santíssima Inquisição, depois de tentar que renegasse as suas ideias, cumpriu com regozijo, em êxtase pio, a incineração do réprobo.
O filósofo, matemático e teólogo, defendia a teoria heliocêntrica, afirmava a existência de outros mundos e ainda questionava a natureza divina de Jesus Cristo. Como poderia um clérigo transformar em absurdos os dogmas, néscios os padres e ignorante a Igreja? Que merecia, aliás, o filósofo que considerava infinito e inacabado o Universo?
Depois de um julgamento de oito anos, o filósofo italiano, escritor e religioso, Giordano Bruno, excomungado por protestantes e católicos, foi obrigado a ouvir de joelhos a sentença, que o condenou a arder vivo perante o gáudio da pia multidão, que não perdeu o espetáculo de ver arder um livre-pensador que se atreveu a afirmar, perante os santos algozes: “Talvez sintam maior temor ao pronunciar esta sentença do que eu ao ouvi-la”.
Acusado de heresia, o horrível delito do cosmólogo que considerava o Universo infinito e inacabado, que não respeitava os mestres escolásticos, que ensinavam que, se a Terra se movesse, as nuvens ficariam para trás, as folhas mortas voariam sempre para o mesmo lado e uma pedra caída do alto de uma torre se afastaria sempre da sua base.
O cardeal Belarmino, que viria a ser santo, acompanhou o processo onde a heresia e a blasfémia eram tão evidentes que a queima do herege não podia ser senão saudada pelas almas dos bem-aventurados para quem a ignorância e a fé eram condição essencial para a salvação da alma.
Hoje, 419 anos após o auto-de-fé, permanece de pé a estátua em sua honra, num desafio ao Vaticano de onde numerosos papas, com incontida azia, quiseram derrubá-la.
Lá está na praça onde foi imolado, onde devotos da ciência e do livre-pensamento, não deixam de ir em peregrinação. Ir a Roma sem visitar a estátua de Giordano Bruno é como ir a Atenas e não subir à Acrópole e ver o Pártenon. Está na única praça de Roma onde não há nenhuma igreja.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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