JESUS CRISTO NUNCA EXISTIU
O feriado do Natal é o mais importante e disparatado feriado religioso que existe.
Do «25 de Dezembro» dimana a outra pequena colecção de feriados, que compõem o ramalhete antilaico de feriados religiosos, que, por serem afectos a uma religião, é assunto privado e, como tal, deveria ser insusceptível de abranger toda a comunidade de cidadãos, de vivências pluralistas de filosofias de vida e religiosas, num Estado que deverá ser sempre neutral em matéria religiosa e, como tal, deverá estar isento de feriados religiosos.
Natal significa nascimento. Concretamente, «nascimento de Jesus».
1- Mas, consultando a Bíblia, não se lobriga nada de datas sobre o nascimento de tal “divindade”.
Como é que um livro, o Novo Testamento, que se propõe celebrar e divulgar a vida e obra duma figura que, a ter existido, seria uma personalidade ímpar na História, não menciona a data do seu nascimento (como se um «deus» pudesse nascer?), embora diga que ele nasceu, nem a da sua morte (como se um «deus» pudesse morrer?), embora diga que ele morreu!!! ?
2- Além de não referir, nem data de nascimento nem de falecimento, a Bíblia apresenta duas genealogias de «Jesus» totalmente diferentes: Mateus 1,1-16 e Lucas 3, 23-38. Como é possível um livro “sagrado”, isto é, inspirado por «deus», isto é, infalível, apresentar tão desaustinadas genealogias!!!
Enfim, não é pela Bíblia que se demonstra a existência de “Jesus”?
3- O nascimento de «Jesus» anunciou-se, astronomicamente, por uma estrela oriental, provavelmente a conjunção tripla de Marte, Júpiter e Saturno, na constelação Peixes (daí talvez o motivo da utilização dos peixes como símbolo dos primitivos cristãos), que ocorreu no ano 6 a.c., e ocorre de 139 em 139 anos, e por um trio de “magos”, portadores de perfumes, ouro e mirra, tal-qualmente o mito persa de Mitra?
4- “Jesus” nasce numa estrebaria, parido duma «virgem Maria», (aquecido com o bafo vacum?), tal como o deus persa, Mitra, também chamado “senhor”, nasceu numa gruta, parido duma virgem?
5- “Jesus” nasceu em 25 de Dezembro, dia do solstício invernal de antanho, tal como Mitra?
6- O signo zodiacal da constelação chamada Virgem, na representação pictórica dos caldeus, é representado por uma mulher, «virgem», tendo ao colo um menino, tal como uma das representações pictóricas cristãs?
7- «Jesus» morre no equinócio da Primavera, tal como Mitra?
8- “Jesus ressuscitou”, uns dias após a “morte”, tal como Mitra?
Neste culto, os seus sacerdotes acendiam o círio sagrado (pascal), ungindo de perfumes a imagem de Mitra, e um dos pontífices declarava solenemente a ressurreição desse deus, tal-qualmente o ressurrecto «Jesus»?
9- Tal como o cristianismo, o mitraísmo assenta a sua doutrina da fé numa infracção primitiva (o “pecado original” cristão?) e na luta entre o Bem e o Mal?
Mitra também subiu ao céu, após a última refeição tomada na companhia dos seus apóstolos?
Também instituiu sacramentos e sacrifícios, como o tauróbolo, degolação dum touro, com derrame do sangue por cima do sacerdote (vi essa cena espectacular num filme sobre os romanos). Os cristãos preferiram o sacrifício do «cordeiro de deus» («agnus dei»).
10 – Os mitraístas também comungavam sob as duas espécies, pão e vinho, e ensinavam que, após a morte, cada pessoa era julgada, apartando-se os justos para junto de Mitra (vá-se lá saber para quê!…) e os injustos eram remetidos para o inferno, torturados pelos demónios.
No «fim do mundo», ressuscitar-se-iam as criaturas todas, para um julgamento definitivo: os justos beberiam o elixir da imortalidade e os injustos seriam aniquilados?
11- O domingo também era o dia de repouso dos mitraístas, tal como os cristãos?
– embora o judaísmo, donde descende directamente o cristianismo, adoptasse o sábado?
12- Os religionários de Mitra, para se distinguirem dos outros, tatuavam uma cruz na testa assim como os primitivos cristãos.
A cruz é um símbolo estilizado duma primitiva técnica de produzir fogo, pelo cruzamento de 2 ramos. Esta estilização remonta à mitologia ariana e védica dos hindus, cuja cruz, a suástica, apresentava-se com ramos angulosos, dando uma ideia do disco solar. Tal entrelaçamento de ramos também é uma simulação estilizada duma relação sexual e do concomitante ritual de fecundidade, típico das religiões primitivas.
Enfim, sol-cruz-fogo, o mito solar em todo o seu esplendor!
13- E como as religiões orientais têm semelhanças promíscuas e diacrónicas, tais mitologias remontam aos tempos de Osíris, no Egipto, e de Jezeus Christna, na Índia.
14- O dia 25 de Dezembro, como suposta data de nascimento do «Jesus», foi fixado em 320, pelo papa Silvestre, sob domínio de Constantino, pois que antes, as datas de tal nascimento tinham uma geometria variável, conforme as concepções e interpretações vigentes.
No início do séc. III festejava-se em 20 de Maio, mas também houve calendários que apontavam para 28 de Março.
25 de Dezembro era o dia pagão em que se celebrava o nascimento de Mitra, festividade oficial do império, instituída pelo imperador Aureliano, no ano de 275.
Foi só mudar Mitra para Jesus – e em menos de um século a coisa ficou entranhada!
15- Se a festa comemorativa do nascimento de «Cristo» tem uma data fixa, por que é que a data da sua “ressurreição” é variável, podendo calhar entre 22 de Março e 25 de Abril, conforme o ciclo lunar!!!
Mais uma razão para a incongruência de tal festividade.
Dionísio, o Exíguo, frade de finais do séc. V e princípios do VI, fixou o suposto nascimento de «Jesus» no dia 25 de Dezembro do ano de 753 da fundação de Roma, atribuindo-se ao ano 754 o ano 1 do calendário cristão.
Assim determinou o imperador Justiniano.
Mas isto só foi adoptado a pouco e pouco pelos diversos países.
A Igreja só adoptou o calendário a.c./d.c., em 968, no tempo do papa João XIII…
16- Para concluir esta coisa extremamente desvairada que é o “25 de Dezembro”, resta esclarecer que o ano do suposto nascimento do “Jesus”, 753 da fundação de Roma, está errado. Pois que o tal frade que o fixou, Dionísio, o Exíguo, enganou-se no cômputo, dado que Herodes, o Grande, rei dos judeus, morreu em 4 a.c. (ano 749 de Roma), e o tal «Jesus» nasceu no reinado de Herodes, a que alude a Bíblia, em Mateus 2,16, no episódio do massacre das criancinhas abaixo de 2 anos.
Portanto, «Jesus Cristo» nasceu entre 6 (também há quem admita 7) e 4 a.c. e, como substituto virtual do Mitra, em 25 de Dezembro.
Ao que isto chegou!…
Daí o disparate deste feriado religioso!
17- «Dominus Invictus», isto é, «Senhor Invencível» era o nome latino e pagão do culto solar pré-cristão, introduzido no império romano pelas andanças, na Pérsia, das legiões conquistadoras. Sol identificado por «dominus», o ?senhor?.
Era o culto de Mitra, personificado numa figura masculina, representada com um halo (disco solar) atrás da cabeça, culto esse que inspirou fortemente o cristianismo.
Por isso é que a cópia cristã do Mitra, a conhecida personagem bíblica «Jesus Cristo», também teve, ao longo da História e até hoje, uma representação pictórica com um halo, reminiscência do círculo luminoso evocativo do Sol e do velho culto solar mitraísta.
Por isso, é que também tal «Jesus» é designado por «Senhor», em latim, «dominus», referência solar mitológica.
E a decorrência imitativa cristã é tanta, a partir do mitraísmo, que até copiaram os pinheirinhos decorados com bolinhas representativas do sol, no presépio, celebração com que os religionários de Mitra evocavam o ?dominus invictus?, isto é, o sol e a insolação, no seu momento de menor duração anual, solstício de Dezembro, e o início da crescente insolação diária.
É essa insolação decrescente, que termina, e o início da crescente, que marca precisamente a celebração do ?dominus invictus?, do sol que esteve a diminuir durante meses, mas que afinal é invencível e regressa sempre em força crescente. (Até um dia?)
E os cristãos devotos e hodiernos, com os seus símbolos e representações pictóricas, a pensarem que são uma religião original!
Plagiadores de pacotilha!
18- Portanto,«Jesus Cristo» nunca existiu, como espero ter demonstrado.
19 – Mas estas semelhanças das religiões orientais, entre as quais, o cristianismo, têm muito mais que se lhe diga.
Contudo, não se pense que há resposta para todas as interrogações sobre o cristianismo. Este, ao triunfar no império romano e na Idade Média destruiu muitos documentos e opositores, susceptíveis de gerarem o contraditório e esclarecer muita coisa que falta esclarecer?
A origem do cristianismo é a matéria mais complexa da História e é o assunto do meu máximo interesse e estudo.
João Pedro Moura
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
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- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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