700 000 visitas
O Diário Ateísta ultrapassou hoje as 700 mil visitas graças a ateus dedicados, visitantes acidentais e crentes que a respectiva religião obriga ao proselitismo, convencidos que tornar público o testemunho da sua fé converterá de per se o ateu mais racional. A todos os nossos leitores um muito obrigado, inclusive aos que visitam estas páginas com a vã esperança de nos evangelizarem.
Como referia há menos de um ano, com o humor habitual, o Carlos aquando das nossas 300 mil visitas, «destes últimos, há-os inteligentes, dialogantes, cultos e com sentido de humor.
No entanto, muitos parecem ter saído da pia de água benta sem tempo de se enxugarem, disparados da missa com a hóstia mal deglutida ou de longas genuflexões com a coluna e os joelhos ainda doridos.»
«O Diário Ateísta está, e continuará, ao lado das causas que promovem o progresso, a liberdade e a emancipação da humanidade. Defendemos a democracia, batemo-nos pela aplicação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, combatemos o racismo, a xenofobia, as teocracias, a homofobia, as ditaduras e o poder clerical. Combatemos no campo das ideias, só nesse, Deus por não existir e os seus padres por existirem, sem pôr em causa o direito de ter e o de não ter religião».
De facto, o Diário Ateísta existe também para expor as intolerâncias intrínsecas e indissociáveis das religiões. No nosso mundo cada vez mais global em que urge a coexistência pacífica, especialmente de credos (ou inexistência deles), qualquer grupo que pretenda ser o detentor intolerante da verdade e moral absolutas, que se arrogue «divina» e superiormente justificado para impor a sua forma de ver e estar na vida é uma ameaça à paz e à justiça.
Todos nós somos testemunhas do perigo dos fundamentalismos religiosos. Os que têm curiosidade em investigar a Históriam mesmo a recente, sabem que nada de bom adveio do absolutismo religioso em termos do que deveriam ser os valores universais, independentes dos deuses por que cada um jura, nomeadamente o respeito pelo outro.
A paz, a justiça, os maltratados direitos humanos e a própria sobrevivência do homem só serão de facto possíveis quando as religiões se remeterem para o foro privado, que deveria ser o seu papel, sem tentativas de transpor para a res pública os preconceitos religiosos, nomeadamente querendo transformar em crimes os «pecados» das respectivas religiões. Quando os crentes não se acharem com direito a julgamentos de valor sobre a qualidade moral dos que não subscrevem a respectiva religião porque os preconceitos e o sentimento de superioridade moral resultantes justificam (e justificaram) as acções mais ignóbeis de que a Humanidade foi vítima.
A pouco mais de dois meses do referendo em que vamos não apenas referendar a despenalização do aborto, que todos os nossos políticos concordam ser uma «questão de consciência», como referendar o estatuto da mulher na sociedade portuguesa, é especialmente importante que todos recordem que ninguém tem o direito de ser o guardião da consciência alheia! Respeitar o outro, reconhecer a dignidade intrínseca do outro, implica reconhecer-lhe o direito a escolhas de consciência, por muito que estas difiram das nossas!
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