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Os bispos e a febre amarela

Não lhes bastava que a escola pública pagasse a propagação da fé católica a professores nomeados discricionariamente pelos bispos e pagos obrigatoriamente pelo Estado, ainda querem que as escolas confessionais sejam mantidas pelo Orçamento.

Os bispos perderam a cabeça e a compostura e deixaram cair a mitra. Na peregrinação das esmolas, em que marchavam amigos do peito e da hóstia, os bispos recolheram-se ao Paço, pousaram o báculo e mandaram arear o anelão e engomar a mitra, enquanto as crianças empunhavam cartazes.

Em frente à Assembleia da República, no dia seguinte ao 28 de maio, um pároco erguia um cartaz, «A escola do meu filho escolho eu», enquanto esperava quem lho segurasse. Uma criança exibia, ufana, outro cartaz, «Deixem o meu filho continuar a estudar na melhor Escola», sobrando-lhe em entusiasmo os anos que lhe faltavam para a paternidade.

Quem visse aquela chinfrineira pia, sem a imagem peregrina da Senhora de Fátima, sem andores, apenas com pendões amarelos, empunhados por mordomos com opas da mesma cor, havia de pensar que o ensino privado tinha sido proibido, os padre-nossos interditos e as Ave-Marias postas no índex.

Aquilo não foi uma manifestação de fé, foi uma epidemia de febre amarela, com erro de itinerário que levou os enfermos ao parlamento e os afastou do Instituto de Medicina Tropical.

Não se discute o direito à manifestação, está em causa uma doença infetocontagiosa.

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Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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