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Violência nos subúrbios de Paris

Michel Thoomis, secretário geral do sindicato Acção Polícia, escreveu uma carta ao ministro do interior francês avisando Nicolas Sarkozy de que decorre uma intifada não declarada contra a polícia nas ruas dos bairros sociais de Paris, que albergam um grande número de desempregados de origem magrebina.

De acordo com este sindicalista, que pede carros blindados e canhões de água para controlar a situação:

«Nós estamos num estado de guerra civil, orquestrada por radicais islâmicos. Já não se trata de uma questão de violência urbana, é uma intifada com pedras e cocktails Molotov. Já não se vê dois ou três jovens enfrentando a polícia, vê-se blocos de edíficios a serem despejados nas ruas para libertar os ‘camaradas’ quando estes são presos».

O número de ataques à polícia aumentou cerca de 33% nos dois últimos anos e os polícias, especialmente os que patrulham estas zonas em pequenos grupos, são imediatamente atacados mal tentam prender algum dos habitantes destes bairros problemáticos.

Algumas fontes da polícia francesa insistem no entanto que o problema é essencialmente criminoso, uma reacção dos patrões do crime organizado destes bairros às políticas duras de combate à criminalidade do ministro do interior, que é um dos mais fortes candidatos do centro-direita às eleições presidenciais de Abril próximo.

Uma destas fontes afirmou ao Figaro que essas políticas «destruiram a economia paralela dos bairros sociais» e segundo Gerard Demarcq, do maior sindicato policial francês, o aumento do número de ataques à polícia apenas reflecte o facto de que esta recuperou território anteriormente na posse de bandos criminosos, traficantes de drogas e outros marginais.

Os presidentes de câmara dos subúrbios mais afectados, os mesmos que há um ano assistiram a semanas de violentos tumultos e à destruição pelo fogo de centenas de carros, já expressaram a sua preocupação sobre as novas tácticas policiais, mais musculadas, de combate à criminalidade que segundo eles conduzem a um círculo vicioso, isto é, que a acção policial destinada a erradicar o crime organizado das suas comarcas agravará o resentimento dos locais.

Les Mureaux, subúrbio parisiense constituído por 46% de habitação social, conheceu outro tumulto no passado fim de semana, com vários polícias feridos e um carro da polícia incendiado. Na quarta-feira, cerca de 100 polícias – e alguns jornalistas- efectuaram um raid matinal num dos bairros mais problemáticos deste subúrbio, des Musiciens. Esta reacção da polícia às agressões sofridas tem levantado alguma celeuma em França e já motivou um pedido de explicação ao ministro do Interior por parte do Partido Socialista francês.

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