Deus no Expresso Revista
Por
Dieter Dellinger
O Senhor José Tolentino de Mendonça escreve excelentes artigos que os leio sempre para pensar. A 19 de Dezembro o Expresso publicou um artigo em que Tolentino escreve sobre o teólogo alemão Dietrich Bohnhoffer. Faltou-lhe dar a conhecer ao público algo mais do pensamento do corajoso teólogo alemão, mas eu, na minha qualidade de ateu, não me atrevia a contestar um crente. Nós, os ateus, somos silenciosos e respeitadores com todos os crentes, pelo que não nos passaria pela cabeça discutir com um hindu o caráter sagrado da vaca ou com um muçulmano o significado da pedra negra de Meca e com um católico a aparição da Virgem em Fátima ou com um jihadistas a realidade das 300 virgens que o esperam no paraíso depois de se fazer explodir, assassinando um monte de gente desconhecida.
O senhor Tolentino escreveu no último número da revista do Expresso um artigo a pugnar pelo diálogo entre crentes e ateus e, por isso, aceitei o repto.
Muitos alemães estudam teologia não catequista nas universidades na esperança de encontrarem Deus como Max Plank descobriu a física quântica, Einstein a relatividade e Heisenberg o princípio da incerteza. Quase tudo elaborado na teoria e depois comprovado em complicadas experiências.
Dietrich Bohnhoffer fez uma interpretação não religiosa da Fé, coisa que eu não faço por não ter fé em nada ao escrever: “O Mundo tornou-se adulto e mostrou ser capaz de viver sem religião. A tentativa frequentemente empreendida pela apologética religiosa de o reconduzir à dependência de crenças das quais já se libertou, parece-se com a tentativa de reconduzir à puberdade um indivíduo que é já um homem”.
“Quer isto dizer – continua Bohnhoffer – que o espaço a atribuir a Deus não está nos confins do conhecimento ou da existência dos humanos, nem para além dos limites da fraqueza, da morte e da culpa do homem, mas sim no centro do homem e do seu mundo”, o que nos leva ao pensamento de Ratzinger que afirmava ser Deus identificado pela razão humana, o que muda radicalmente o problema da fé.
“Deus não pertence à esfera do transcendente ou do sobrenatural mas sim à esfera da natureza, entendida para além do vitalismo e do mecanicismo como uma forma de vida que Deus conservou no Mundo caído, dirigindo-a para a renovação por meio de Cristo”, o que mostra no pensador alemão um certo panteísmo como unidade de Deus e do Mundo, o qual será o quê? Obra do “big bang” ou do divino? Para Bohnhoffer como para Ratzinger a “razão é ela própria uma forma de vida querida e conservada por Deus”. A razão no pior e no melhor sentido, acrescento eu, razão do nazismo ou jihadismo ou da Madre Teresa, cujo milagre é a sua própria vida a favor dos mais pobres dos pobres.
Deus é pois produto da razão, uma invenção do espírito humano como também se deduz da “História Geral de Deus” de Gerald Messadié.
Diário de uns Ateus – As posições dos ateus não são dogmáticas. Cada ateu tem o seu ponto de vista.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
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- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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