A Grécia apresenta (ligeiras) melhoras
A Grécia é, sem dúvida, o país da União Europeia onde existe menos liberdade religiosa. Só para nos situarmos: qualquer prática religiosa não ortodoxa está proibida fora da privacidade dos templos, incluindo portanto as procissões e o proselitismo. O que foi portanto permitido aos católicos em Lisboa, durante o «Congresso Internacional da Nova Evangelização», deve-se à tolerante jurisdição da laica República portuguesa. Na Grécia, com o seu regime de Igreja de Estado, seria ilegal.
No entanto, mesmo a Grécia pode progredir no sentido da tolerância e da laicidade. A prová-lo, está a recente notícia de que a Igreja Ortodoxa Grega permitiu a abertura de uma mesquita em Atenas (após anos de adiamentos e má vontade eclesiástica). As situações de Igreja de Estado têm destas perversidades: ser uma confissão religiosa a autorizar outra confissão religiosa a abrir um lugar de culto. Outra notícia recente que indica algum degelo do clericalismo grego é a circular governamental banindo as confissões feitas por padres nas escolas. A escola existe para instruir os alunos, não para realizar ritos religiosos (que podem perfeitamente ter lugar noutro âmbito). Até na Grécia se começa a compreender isto. Finalmente, uma notícia menos recente indica que a cremação se tornou legalmente possível, mas que, por lei, os cidadãos ortodoxos não poderão ser cremados. Por incrível que pareça, nesse país da União Europeia a Igreja tem tutela sobre os cadáveres, independentemente da família ou da vontade do falecido. E o Estado retém dados sobre a religião dos indivíduos.