Religião e alienação
Por
Paulo Franco
Existem muitas formas de alienação da realidade. Todas elas tóxicas mas com consequências muito diferentes umas das outras. O álcool e as drogas são um meio para a alienação tal como a religião ou a crença em cartomantes.
A forma como atulhamos as nossas mentes com crenças religiosas ou místicas altamente bizarras (para não dizer dementes), é também um sintoma desta incapacidade que o cérebro humano tem para lidar com o “absurdo da existência”. Mas o “absurdo da existência” só é sentido enquanto tal quando não conseguimos “ver” a incrível sorte de estarmos a usufruir de milhares de milhões de anos de evolução, que nos trouxe até aqui e que nos permite contemplar a vida com um grau de compreensão nunca antes experimentada por um ser vivo no planeta Terra.
O que mais perturba quando se tenta demonstrar o lado pernicioso e falso da crença religiosa é que poderá estar-se a tentar destruir aquilo que parece dar sentido à vida de muitas pessoas. É frustrante perceber que milhões de pessoas não percebam o quanto são mais maravilhosas e verdadeiras as descobertas de Charles Darwin ou de Albert Einstein (e muitos outros imbuídos do mesmo espírito) em comparação com crucificações, profecias, demónios, diabos, purgatórios ou deuses causadores de
genocídios e supremos legisladores de leis obtusas.
Um bêbado, com o cérebro encharcado em álcool, até pode sentir-se feliz quando está no auge do seu inebriante estado de alienação. Poderá mesmo sentir-se completamente feliz por ver todas as correntes limitadoras do seu espírito de repente quebradas e enfim sentir-se livre como nunca, não sentindo, qual momento de glória, os constrangimentos que as convenções sociais habitualmente o inibem. Mas isso em nada contribui para que a sua vida se torne mais digna ou mais respeitável.
Da mesma forma que um peregrino que vai percorrer 200 Km para Fátima; ou um Filipino que, no Domingo de Páscoa, se autoflagela e se deixa crucificar; ou um membro da Opus Dei que se atormenta com o cilício bem apertado na perna deve
alguma vez ver o seu acto de autoflagelação elogiados. Em vez de elogios, devem ser criticados e denunciados como actos absurdos e irracionais de quem está intoxicado com a ideia obscena de que existe uma qualquer entidade divina que se delicia
ao contemplar estes sacrifícios em seu nome.
Tal como foi dito pelo brilhante Christopher Hitchens, a religião envenena tudo.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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