Mais um texto para obrigar os crentes ao esforço de pensarem
Para nós enquanto espécie, a religião foi a nossa primeira versão da verdade. Foi a nossa primeira tentativa porque, verdadeiramente, não sabíamos nada. Não sabíamos que vivíamos num planeta esférico. Não sabíamos que o nosso planeta dá voltas em torno do sol. Não sabíamos dos micro-organismos causadores de doenças. Daí as religiões primitivas terem inventado que as doenças eram provocadas por maldições, ou bruxas, ou maus agoiros ou demónios. Não sabíamos nada desde a infantil, aterrorizante e ignorante origem da nossa espécie animal primata que é de onde vem a religião.
Assim como foi a nossa primeira tentativa com a filosofia, com a moralidade, com os cuidados de saúde. Mas porque é a nossa primeira tentativa, é a pior. Em todas estas áreas nós evoluímos incomensuravelmente. Nós temos agora melhores explicações para estes temores, resolvemos todos estes mistérios.
Mas ainda assim vivemos, em pleno século XXI, com sociedades sob regimes totalitários que nos proíbem de pensar sobre o progresso que tem sido feito, ou nos nega o conhecimento que estes avanços tivessem de facto ocorrido. Mas em algum momento no futuro, estas sociedades abandonarão a sua dependência medonha do sobrenatural e compreenderão o quanto mais miraculoso, muito mais bonitas, muito mais elegantes, muito mais iluminadas, muito mais harmoniosas são as explicações cientificas. Pensem sobre o quanto fascinantes Einstein e Darwin são. Pensem sobre o quanto mais elegante e convincente eles são em comparação com a ideia de um arbusto ardente ou a exigência de que sem uma circuncisão não haverá nenhuma redenção.
Eis um exercício mental: se vocês são fiéis de alguma religião monoteísta têm de acreditar no seguinte: Sabemos que a nossa espécie existe há cerca de 200 mil anos e aí se separou dos cro-magnom e de espécies rivais primitivas. Eis o que os monoteístas têm de acreditar: durante 200 mil anos os humanos nasceram como uma espécie primata; com uma mortalidade infantil abundante; esperança de vida talvez de 25 anos; as doenças provocadas por micro-organismos provocavam morte e sofrimento atroz; terramotos, vulcões, tempestades, eras glaciares provocavam mais morte e sofrimento aterrorizante; a luta pela posse da terra, por comida, por mulheres é mais tribalismo igualmente assustador.
Durante 195/196 mil anos os céus olharam para tudo isto de braços cruzados, com total indiferença e frieza. E é então que há cerca de 3/4 mil anos numa parte realmente bárbara e analfabeta do oriente médio (não na China onde as pessoas já conseguiam ler, ou pensar de uma forma evoluída ao ponto de já fazerem ciência, não, não, não).
Foi na parte mais primitiva e analfabeta do oriente médio que Deus pensou e decidiu: “Não posso deixar isto continuar, é melhor intervir. E qual a melhor forma senão através de sacrifícios humanos, pragas e assassínios em massa?
Se isto não os fizer comportarem-se moralmente, Eu simplesmente não sei o que fará?” Se houver alguma pessoa que se ponha a acreditar em qualquer coisa remotamente parecida com esta, ela se condena a ser realmente muito estúpida e muito imoral.
Este texto é da autoria de Cristopher Hitchens.
a) Paulo Franco.
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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