Deus e o seu alegado plano
Por
Paulo Franco
“Se uma décima parte do trabalho tido à procura de sinais de um Deus benevolente e todo-poderoso tivesse sido empregue na recolha de provas para denegrir o carácter do criador, que extensão de conhecimentos teria sido encontrada no mundo animal?
O mundo animal está dividido entre devoradores e devorados, e a maioria das criaturas predadoras estão prodigamente equipadas com instrumentos para atormentar as presas”.
Esta afirmação de John Stuart Mill deveria ser suficiente para demonstrar que o argumento do “desígnio inteligente” defendido pelos crentes, particularmente os literalistas bíblicos como as testemunhas de Jeová e os membros da igreja Evangélica, não passa de vãs ilusões.
Num dos mais conhecidos vídeos do youtube de humor antirreligioso com o título “A maior mentira de todos os tempos”, George Carlin desdenha brilhantemente sobre as exageradas declarações e promessas das 3 grandes religiões monoteístas. Analisemos algumas dessas “declarações”:
«Deus é todo poderoso e ama todos os seres humanos»; vivemos num mundo com um pouco mais de 7 biliões de seres humanos, dos quais cerca de 2 biliões vive na pobreza e na miséria. Por muito que se queira culpar o sistema económico capitalista de promover as desigualdades económicas, não podemos ignorar que muita da pobreza existente no planeta é consequência de desastres naturais e doenças das quais nenhuma responsabilidade se pode imputar à actividade humana.
Uma pergunta que deixa sempre os crentes sem resposta é a seguinte: se num mundo com 7 biliões de pessoas que beneficiam do amor e protecção de um Deus todo poderoso, que sabe tudo e vê tudo, tem 2 biliões de pessoas na miséria, quantos biliões de pessoas estariam na miséria se não existisse Deus? Dois biliões de pobres parece-vos compatível com a ideia de um Deus super sábio e absolutamente perfeito?
Outra questão pertinente: Um dos fenómenos mais extraordinários do universo são as colisões entre galáxias. Elas envolvem uma quantidade incrível de matéria e demoram uma eternidade, à escala humana, para que se concluam. Existem muitas colisões entre galáxias que estão a ser observadas por nós, neste momento.
Ora acontece que a galáxia Andrômeda está em rota de colisão com a nossa Via Láctea. Isto é certo que vai acontecer, independentemente se nós nos vamos auto-destruir ou não, ou se o Sol vai explodir antes disso acontecer ou não.
Será razoável acreditar que existe um Plano Divino por detrás da existência da raça humana tendo em conta que esta está, muito provavelmente, condenada à extinção?
Para além disso, hoje sabemos que, de todas as espécies que já existiram no planeta Terra, cerca de 99% já se extinguiram. Como poderemos considerar tudo isto como fazendo parte de um Plano Divino? Ou designa-lo como Desígnio Inteligente?
Se com o conhecimento de todos estes factos perturbadores, ainda assim acreditarmos que o universo foi criado com o objectivo principal de albergar a vida humana, isso só pode ser um sintoma de uma propensão doentia para o egocentrismo.
Mas a “cereja no topo do bolo” é que este Deus de que estamos a falar, para além da visível imperfeição da “sua” obra, ainda consegue albergar no seu vasto currículo, vários genocídios, aprovação de sacrifícios humanos, aprovação da escravatura, homofobia e misoginia, noções de justiça pré-históricas, aprovação da pena de morte e absoluta desaprovação da liberdade de pensamento.
Estamos assim tão desesperados para escapar da morte ao ponto de termos de acreditar em algo parecido com isto?
Perfil de Autor
- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa
- Sócio fundador da Associação República e laicidade;
- Sócio da Associação 25 de Abril
- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;
- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida
- Blogger:
- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/
- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/
- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/
- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#
- Colaborador do Jornal do Fundão;
- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»
- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:
- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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