Daniel Serrão, conhecido médico católico, atropelado no Porto
ONDE ESTAVA DEUS?
Por
João Pedro Moura
Daniel Serrão, médico e membro da Associação dos Médicos Católicos Portugueses e de comissões de bioética, incluindo assessoria ao papa João Paulo II, foi atropelado ontem no Porto, estando em estado grave.
QUESITO: o deus dos católicos sabia que iria acontecer o atropelamento? Sim ou não?
Se sim, esse deus é perverso e monstruoso, pois programou o infausto acontecimento, ainda por cima, dum dos seus adeptos mais conhecidos e militante…
Se não, então, esse “deus” é imperfeito, pois não previu nada, e, sendo imperfeito, não existe, pois lhe falta um atributo fundamental: a omnisciência…
…Mas também a omnipotência, para evitar o desastre… se queria evitar…
Se sim, registo particularmente aqui a crueldade facinorosa dum deus, que sabia tudo até ao mínimo pormenor: o dia e hora do acidente; as circunstâncias do mesmo; o movimento errado do condutor do veículo causador, se este foi o culpado; o movimento errado do peão atropelado, se este foi o culpado. Enfim, nada escapou à programação do acidente, feita por esse tal deus, que os crédulos exaltam, mas de que não conseguem dar provas da sua existência…
Este é um problema teórico e repetitivo, que acontece todos os dias, a toda a hora, para os crédulos religionários:
– Como conciliar o caráter absoluto do seu deus, com a liberdade humana e com o decurso normal da dinâmica da natureza?
Os crédulos religiosos, na sua necedade larvar, acham que é possível conciliar estas duas proposições contraditórias…
Ou bem que o seu deus, omnipotente, omnisciente, omnipresente, criador, governador e justiceiro, tudo sabe, tudo cria, em tudo está presente, e nada nem ninguém pode pensar a mínima coisa ou fazê-la sem esse deus, portanto, ter provocado isso…
…Ou há liberdade humana e dinâmica natural…mas então o deus dos crédulos não pode existir, pois é impossível tal existência, primeiro, por falta de prova, segundo, por falta duma simples lógica, elementar e coerente.
Por isso é que o grande filósofo grego, Epicuro (341-270 a.c.), compreendeu perfeitamente, há mais de 2 000 anos a inanidade da ideia de deus, ao comentar com uma demolidora e lógica argumentação, um incêndio que queimou um templo, no seu tempo:
“O fogo chegou à casa do vosso deus e consumiu-a: Pergunto-vos: por que razão não evitou esta calamidade, se realmente é justo e bom?
Ou ele a quis evitar, mas não pôde; ou pôde e não quis; ou nem quis nem pôde, ou, enfim, quis e pôde.
Se quis e não pôde, é impotente; se pôde e não quis, é perverso; se não pôde nem quis, é perverso e impotente; se pôde e quis, é monstruoso.
Assim, para que prestais culto a semelhante divindade?”
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/medico-daniel-serrao-em-estado-grave-depois-de-ter-sido-atropelado-no-porto-1673096
Perfil de Autor
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- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;
- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores
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