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As piruetas do Chico

Depois de, numa atitude que mais não pretende do que o perpetuar do obscurantismo, a superstição e o recheio dos cofres do Vaticano, o papa Francisco ter tornado público o alegado manuscrito da alegada vidente contendo, refiro-me ao manuscrito, o alegado terceiro segredo de Fátima, eis que nos surpreende, refiro-me ao papa, com uma espécie de referendo acerca de temas tão fracturantes como o aborto, a camisinha, o casamento homossexual e outros que a névoa da memória, refiro-me à minha, não me deixa vislumbrar. Isto, claro, para além de outros sinais de querer manter o rebanho amarrado curto, que as penas do Inferno não são pêra doce.

Louva-se que se deixe à comunidade católica a decisão primeira acerca dos referidos temas, embora me restem legítimas dúvidas quanto à imparcialidade com que esses temas irão ser apresentados ao rebanho católico, mas isso já é outra conversa. Com efeito, os antecessores do Chico já tinham ideias formadas acerca do assunto, ou dos assuntos, para ser mais preciso,  certamente porque recebiam instruções directas do patrão com quem, certamente, tomavam o pequeno-almoço diariamente. E eis que outra questão se levanta: afinal, quem é que decide o que é pecado ou não, o que é contra ou a favor da vontade de Deus? É o próprio Deus, através do seu representante de serviço, ou seja, o papa de ocasião? Ou é o próprio papa, que interpreta, como só ele sabe, a vontade de Deus? Sendo assim, em qualquer dos casos, para quê a consulta às comunidades católicas?

Ou será que Francisco também já chegou à conclusão de que, afinal, passa-se bem sem um deus que, além do mais, até nem existe?

 

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