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Vitória de Pirro dos talibans madeirenses?

«Com as fantásticas condições naturais que a Madeira oferece tão natural seria de prever um grande festival de música de dança como o que se realizará nos próximos dias 14 e 15 de Abril e que vai trazer a Portugal Dj’s mundiais de topo numa Marina onde não faltarão a cidadania e o característico fogo de artificio.»

É assim que ainda é anunciado o evento musical que tanta tinta e tanta polémica tem originado nos últimos dias. Como foi apontado pelo Boss, aparentemente houve alguma confusão na informação produzida ontem quer pelo Diário Digital quer pela RTP, isto é, o Madeira Paradise inicia-se de facto sábado, já que foi adiado uma hora das onze horas para a meia-noite de sexta-feira, ou antes, para as zero horas de sábado. A organização garantiu um cuidado especial com o volume da música até pelo menos à uma da madrugada de sexta para sábado.

A outra alteração anunciada tem a ver com o local do festival que vai decorrer no Madeira Tecnopolo, e não na Quinta do Lugar de Baixo, como estava previamente anunciado, o que se traduz numa redução na lotação do evento para 8000 pessoas.

A organização fez saber que a razão desta mudança se deve ao facto do local inicialmente previsto supostamente não apresentar condições de segurança devido a uma iminente derrocada (fica no ar a dúvida se a Marina do Local de Baixo será interditada ao público ou se a derrocada está iminente apenas este fim de semana…).

Uma pesquisa rápida pelos fóruns locais dá uma excelente perspectiva do que alguns pensam sobre a santa madre igreja. Um comentador especialmente presciente rebateu de forma magistral as barbaridades que o Bispo da Madeira debitou, dignitário que pelo que tive oportunidade de apreciar em mais locais internautas não é especialmente benquisto na comunidade cibernauta madeirense, que não esquece a sua relação intíma com o padre Frederico. Reproduzo um dos comentários desse madeirense aos dislates do bispo:

O «terrorismo» não se faz só com bombas e metralhadoras: impedir, sem qualquer motivo razoável, tantas pessoas de celebrar com dignidade um dos dias mais importantes da sua fé religiosa bem pode merecer essa designação.
«Pois não, o terrorismo faz-se através da imposição de ideias e ideologias, tal como a igreja fez e continua a fazer. Em outros tempos inclusivé através da força, da opressão e da perseguição.»

Mas o piedoso bispo que tanto se indigna contra o suposto «terrorismo» musical não tem pejo em incitar a terrorismo de facto para impedir a realização do evento. Assim, foram distribuídos panfletos a convocar os madeirenses para uma manifestação junto à entrada da Marina do Lugar do Baixo uma hora antes do início do Festival de Música Madeira Paradise. Panfletos que apelam à violência para obrigar todos ao «respeito à palavra de Deus e aos Mandamentos da mesma», porque é necessário «mostrar« que «quando os madeirenses querem, a Fé é mais forte do que todos os divertimentos».

Como se pode ler no Diário de Notícias «Um parágrafo que acaba por, indirectamente, incitar à violência tendo em conta os acontecimentos dos anos 70 naquela localidade, por motivos políticos e religiosos. Muitos se recordam do recurso a armas, nomeadamente no tempo em que a Flama – Frente de Libertação da Madeira defendia a independência da Madeira.»

Agora que a localização do evento foi alterada para um local mais «pacífico» e a procura de bilhetes está em alta , resta ver se os talibans católicos locais persistem no apelo às armas para combater o blasfemo festival e impôr a todos os madeirenses a vontade e ditames da Igreja!

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