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  • 5 de Agosto, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

O Antigo Testamento e os três monoteísmos

Eu hoje faço os churrascos do mesmo modo que eram feitos os sacrifícios no Antigo Testamento. (Comentário da leitora Maria de Fátima Pereira)

O AT é um livro escrito na Idade do Bronze, certamente de natureza hebraica, com um deus violento, misógino, vingativo, xenófobo e cruel, essencialmente tribal e patriarcal.

Para um ateu é um truísmo aceitar que o deus é uma criação humana, e não o contrário, mas não podemos nem devemos ignorar os sentimentos e convicções de quem se tornou crente desde o nascimento e interiorizou a crença sem a submeter ao escrutínio da razão.

O primeiro monoteísmo é o judaísmo, convencido de que Deus era o protetor das doze tribos e que na Conservatória do Registo Predial celeste lhe outorgou a escritura que lhe doou a Palestina. Dessa crença nasceu a tragédia do sionismo que envenena as relações entre judeus e muçulmanos e são um fator de permanente ódio e crispação.

A cisão de Paulo de Tarso com o judaísmo deu origem ao cristianismo que a urgência de Constantino em aglutinar o Império Romano, passou de seita a religião oficial.

Entre 610 e 632, Maomé, pastor iletrado, enriquecido com o património de uma viúva rica, teve tempo para decorar o Corão, ditado pelo anjo Gabriel, o mesmo que tinha dito à Virgem Maria que estava grávida, coisa de que dificilmente se apercebe uma mulher. Demorou 20 anos a decorar a cópia grosseira do cristianismo, entre Medina e Meca, e, para desgraça da humanidade, Maomé foi o último profeta, Deus falou pela última vez e a guerra passou a ser o argumento de quem não se resigna a ser detentor da verdade sem a querer impor aos outros.

O cristianismo e o islamismo têm em comum o proselitismo, tara que é responsável por imensos crimes do primeiro, no passado, e pela continuação, no presente, pelo último. A evangelização, com a fanatização de crianças de tenra idade, é a arma de que não abdica o fascismo islâmico e que o cristianismo só depôs após a paz de Vestefália, graças à repressão política sobre o seu clero.

O Antigo Testamento, visto como obra literária e documento sobre os usos e costumes da Idade do Bronze, é um documento interessante. Considerado como sendo a palavra de Deus, deixa de ser o manual de maus costumes, referido por Saramago, para ser, mais exatamente, um conjunto de fascículos terroristas onde a decadência da civilização árabe e o ódio pregado nas mesquitas e madraças encontram o seu suporte.

Não se julgue, contudo, que a Igreja católica abdicou da pouco recomendável literatura para se basear apenas no Novo Testamento, um avanço ético notável, onde caiu a nódoa do antissemitismo, compreensível em trânsfugas do judaísmo.

O Pentateuco, em especial o Deuteronómio e o Levítico, descrevem o mundo medonho da época a que se referem. Vejamos alguns exemplos da moral bíblica: Qual é o castigo para quem invoque o nome de Deus em vão?.- a morte (Levítico 24:16). E por trabalhar ao 7.º dia? – a morte, claro (Êxodo 31:15). E o castigo para o adultério? – Naturalmente, a morte (Levítico 20:10). E para a homossexualidade? (Levítico 18:22). E por comer moluscos? (Levítico 11:10). Mas é permitido vender uma filha como escrava: (Êxodo 21:7) e possuir escravos, tanto homens como mulheres, desde que comprados em nações vizinhas (Levíticos 25:44).

Os exegetas cristãos, contrariamente aos mullahs, esforçam-se por dizer que o que está escrito não quer dizer o que diz, enquanto o Islão prega a maldade que o Corão bebeu na tradição judeo-cristã. No entanto, o catecismo da Igreja católica, elaborado pelo Prefeito da Sagrada Congregação da Fé (ex-Santo Ofício) – o então cardeal Ratzinger –, afirma o que deixo à consideração dos meus leitores:

Não pode, pois, dizer-se que o Antigo Testamento é uma obra meramente literária, como dizem, envergonhados, alguns crentes. Não é o que pensa o Vaticano:

Eis dois parágrafos do «Catecismo da Igreja Católica» que deixo à consideração dos leitores:

«§121 – O Antigo Testamento é uma parte indispensável das Sagradas Escrituras. Os seus livros são divinamente inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi revogada».
«§123 – Os cristãos veneram o Antigo Testamento como a verdadeira Palavra de Deus. A Igreja sempre rechaçou vigorosamente a ideia de rejeitar o Antigo Testamento sob o pretexto de que o Novo Testamento o teria feito caducar».

Perfil de Autor

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- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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