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Palavras do Papa com direitos de autor

A controvérsia instalou-se em Roma quando se tornou conhecimento público que uma editora de Milão teve de pagar a posteriori cerca de 15 000 euros pelas 30 linhas do primeiro discurso do Papa que publicou. De facto, o Vaticano transferiu, em finais de Maio, para a sua editora, Libreria Editrice Vaticana, os direitos de autor sobre as palavras (escritas e faladas) do Papa. E pretende cobrar direitos de autor de todas as emanações papais dos últimos 50 anos.

A inusitada manobra deixou os editores italianos, católicos inclusive, um pouco baralhados. «Estou perplexo,» afirmou Vittorio Messori, que foi co-autor de dois livros sobre dois papas «A Igreja é uma organização que existe para espalhar a palavra de Deus e impôr um preço por essas palavras, pondo um cheiro de dinheiro nelas, parece-me algo muito negativo».

Resta saber se a manobra do Vaticano tem motivação financeira (afinal os sapatinhos Prada e demais parafrenália, para não falar em todo o luxuoso séquito acompanhante, não devem ficar baratos) ou se com ela o Vaticano pretende acabar com a crítica fundamentada aos muitos dislates, sofismas e afins debitados profusamente pelo Papa.

De qualquer forma, aparentemente o Vaticano pretende cobrar direitos de autor retroactivos a todas as reproduções de encíclicas, discursos, etc., que debita. Nem consigo imaginar, à módica quantia de 500 euros por linha, e tendo em conta a profusão e extensão dos documentos envolvidos, o dinheiro que irá extorquir com a manobra! Aliás, parece-me um pouco desonesto estar a cobrar dinheiro por algo que quando foi publicado ninguém sabia estar sujeito a direitos de autor!

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