Padre revolucionário
Anselmo Borges, padre, teólogo e professor de Filosofia na Universidade de Coimbra, propôs, na abertura do congresso sobre o futuro do cristianismo, «uma nova atitude» a adoptar pela Igreja em relação a temas como a contracepção ou o aborto, de dar «guarida» aos direitos humanos também no seu interior, de descentralizar as suas estruturas de decisão e participação e de dialogar com uma Europa «onde cresce a indiferença».
«Não se pode continuar a falar de Adão e Eva ou do pecado original como se não houvesse Darwin e a evolução», é preciso colocar em diálogo a razão e a fé, como se deve «dar atenção a uma educação para a autonomia moral responsável, concretamente no domínio sexual e conjugal». Neste último ponto, Anselmo Borges exemplificou com a contracepção, o aborto, «cuja descriminalização não significa aprovação e, ainda menos, recomendação» e com «a situação dos católicos divorciados que voltam a casar e querem dignamente participar nos sacramentos».
O professor espera que «a promoção dos direitos humanos no interior da Igreja, o que implica», nomeadamente, «pôr termo à discriminação da mulher» e salvaguardar a «liberdade de investigação e ensino».
O primeiro desafio, anterior a todos os outros, é a questão de Deus, que deve ser discutida por crentes e não-crentes. Não tanto «por causa de Deus como por causa do homem». O padre questiona: «O que mudaria na vida de cada um se Deus existisse mesmo ou se, pelo contrário, se pudesse demonstrar que não há Deus? O que é que se quer dizer quando se diz que se acredita em Deus? O que é que se quer dizer quando se diz que não se acredita em Deus?»
Com estes pontos de vista progressistas, é possível que, mais cedo ou mais tarde, Anselmo Borges seja convidado a manter as suas opiniões para si.