Evangélicos travam votações no congresso brasileiro
Durante debate no Fórum Social Mundial, ocorrido em Porto Alegre (RS), no final de janeiro, Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência, disse que é preciso montar uma rede para enfrentar ideologicamente os evangélicos. Segundo ele, esse segmento religioso possui uma visão de mundo controlada por pastores de televisão. “É preciso fazer uma disputa ideológica com os líderes evangélicos pelos setores emergentes”, disse Gilberto Carvalho.
No debate, Carvalho foi questionado por participantes sobre o motivo de o governo ser conservador em temas como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O ministro respondeu que o entrave para avançar na discussão eram os evangélicos.
“Este governo que fala tanto em discriminação… Vem agora o ministro do governo tomar uma posição de discriminação em relação aos evangélicos, chamando-os de retrógrados, dizendo que a lei do aborto não é aprovada por causa dos evangélicos”, disse o líder do PR, Lincoln Portela (MG). Irritado com as declarações do ministro, o senador Magno Malta (PR-ES) – também evangélico – usou a tribuna do Senado ontem para chamar Gilberto Carvalho de “safado” e “mentiroso”.
Exigindo uma explicação do ministro, deputados da bancada evangélica resolveram impedir as votações até que Carvalho se retrate. Hoje estava prevista a análise de acordos propostos pelo Brasil com outros países, entre outras tantas matérias de interesse nacional.
Ou seja, num país teoricamente laico, as igrejas mostram que a prática parece se afastar deste ideal. Pior ainda é que, numa demonstração vergonhosa de desrespeito ao povo brasileiro, travaram a votação de matérias importantes. Em um legislativo que já demora e custa a aprovar matérias, travar a pauta de votações é um gesto mesquinho, irresponsável e que mostra apenas que os evangélicos preferem defender suas doutrinas religiosas do que trabalhar em prol do povo brasileiro como um todo.