Os fanáticos que fundaram os Estados Unidos
O Times de sábado tem um artigo que recomendo vivamente, do jornalista e escritor Simon Worrall, baseado na investigação para o seu próximo livro sobre os «Pais Peregrinos», os fanáticos fundamentalistas cristãos que embarcaram no Mayflower por verem fustradas as suas tentativas de transformar a Inglaterra numa teocracia governada estritamente pela lei cristã, a interpretação literal das Escrituras.
Particularmente interessante é a história de William Brewster, o líder do grupo que foi o primeiro governador da Nova Inglaterra. Brewster, um político caído em desgraça quando o seu mentor Sir William Davison, o secretário da rainha Elisabeth que assinou a sentença de morte de Mary, rainha dos escoceses, foi preso após a decapitação de Mary.
Falido e com a sua carreira política terminada Brewster regressou à sua terra natal, Scrooby, onde «encontrou» Deus e se dedicou a criar uma «Nova Ordem» baseada nas Escrituras e, claro, com Brewster como líder! Assim estabeleceu os Separatistas, um pequeno grupo que se encontrava em segredo pelas aldeias em redor de Scrooby, e que foi o núcleo dos peregrinos que depois fundaram uma colónia do outro lado do Atlântico.
Na sua teocracia fundamentalista os bares seriam fechados, a dança e o jogo seriam banidos e vestuário sóbrio seria mandatório para homens e mulheres, especialmente para estas, que seriam obrigados a envergar o equivalente da burka, sem um milímetro de pele tentadora à mostra. E, claro, a Bíblia alicerçaria toda a sociedade civil.
O que fizeram mais tarde nas colónias, depois de perseguidos em Inglaterra e de uma passagem por Amesterdão, em que Brewster e restantes fanáticos fundamentalistas introduziram leis que tornavam ilegal viver-se sózinho, permitiam a execução de crianças que não obedeciam aos pais, enfim, um «paraíso» bíblico! Vale a pena ler todo o artigo!