O Morgado
O post do Carlos Esperança fez-me lembrar umas certas noites longas no Botequim, o bar da saudosa Natália Correia. Mais especificamente declamações do seu poema em «honra» do deputado João Morgado, outro parlamentar do CDS, que teve uma intervenção histórica durante o debate do aborto, em que afirmou «O acto sexual só é legítimo tendo em vista a procriação».
Já que o coito – diz o Morgado
Tem como fim cristalino
Preciso e imaculado
Fazer menina e menino,
E cada vez que o varão
Sexual petisco manduca
Temos na procriação
Prova que houve truca-truca.
Sendo pai de um só rebento
Lógica é a conclusão
De que o viril instrumento
Só usou – parca ração! –
Uma vez. E se a função
Faz o órgão – diz o ditado –
Consumada essa operação
Ficou capado o Morgado.