Loading
  • 2 de Janeiro, 2011
  • Por Carlos Esperança
  • Religiões

A intolerância religiosa e o sectarismo pio

A superstição seria irrelevante se não tivesse consequências. As crenças não passariam de convicções pessoais se os devotos não vivessem a desvairada tentação de converter os outros, de obrigar os agnósticos, ateus e cépticos e partilhar tolices individuais como dogmas universais.

As fogueiras ateadas pelos índios, para que a chuva caia, não diferem das procissões que os bispos e padres católicos organizam para o mesmo fim através das novenas.

Pedir a Santa Bárbara para amainar as trovoadas é incomparavelmente menos prudente do que instalar um pára-raios. A penicilina fez mais milagres do que as orações rezadas desde os primórdios da organização da superstição em negócios da fé. Morre mais gente nas peregrinações às grandes superfícies religiosas do que benefícios se colhem com as deslocações e oferendas.

Ninguém é prejudicado pelo facto de haver quem acredite que Cristo era filho de uma virgem ou que se dedicava à pregação e aos milagres numa altura em que as saídas profissionais eram escassas e a sobrevivência difícil. O que ninguém tem o direito é de impor que alguma pessoa se ajoelhe ou reze para agradecer uma prestação de serviços – a salvação da alma –, que ninguém lhe encomendou.

A liberdade é incompatível com as doutrinas totalitárias, políticas ou religiosas, e não há um só crente que não julgue ser a sua crença a única verdadeira. É neste clima inflexível que os crédulos de determinada fé se julgam no direito de converter os clientes de outra religião que dispute o mercado ou de perseguir quem recuse o paraíso.

A ICAR só reconheceu o direito à liberdade religiosa durante o concílio Vaticano II que B16 olha frequentemente com a mesma repugnância com que Maomé fita o toucinho.

Hoje, que a demência religiosa atingiu o auge com os talibãs, uma espécie de Opus Dei islâmica, em armas, exige-se aos Estados que defendam a laicidade para evitar que os avençados do divino impeçam os crentes da concorrência do legítimo direito à sua fé.

A Declaração Universal dos Direitos do Homem tem de substituir-se às tolices com que o Antigo Testamento, a Tora e o Corão intoxicam crianças nos templos e madraças onde o clero mata a inocência predicando a xenofobia, a crueldade, a violência, o sectarismo e o espírito de vingança.

Perfil de Autor

Website | + posts

- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

- Sócio da Associação 25 de Abril

- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

- Sócio dos Bombeiros Voluntários de Almeida

- Blogger:

- Diário Ateísta http://www.ateismo.net/

- Ponte Europa http://ponteeuropa.blogspot.com/

- Sorumbático http://sorumbatico.blogspot.com/

- Avenida da Liberdade http://avenidadaliberdade.org/home#

- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

http://www.blogger.com/profile/17078847174833183365

http://avenidadaliberdade.org/index.php?content=165