Mas o que é que nós temos com isso?
Várias vezes oiço católicos queixarem-se da atitude dos ateus a propósito de toda a questão relacionada com a escolha do novo Papa.
«Epá, porque é que se metem onde não são chamados? O Papa é o líder de uma Igreja a que não querem pertencer, então porque é que têm de se pôr a dizer se acham bem, ou acham mal, se preferem este ou aquele?»
Devo dizer que este tipo de discurso não me sensibiliza muito. Acho-o mesmo um bocado pateta.
Até parece que não faz sentido um português pronunciar-se sobre as eleições norte-americanas. Dizer que considera que Bush governa bem, ou afirmar que Bush é um mau líder.
Até parece que não faz sentido dar qualquer opinião sobre um chefe de um estado que não o nosso (é isso que o Vaticano é). Fidel, Berlusconi, Tony Blair. Será que quando dizemos o que pensamos sobre eles (bem ou mal) esperamos que alguém nos venha dizer que não é nada connosco porque somos portugueses?
O Papa tem uma influência enorme sobre a nossa sociedade. As suas posições e escolhas influenciam fortemente todos os católicos, mas também os restantes cristãos, ateus, os agnósticos, os islâmicos, os indus, etc… Que sentido é que faz condenar um não-católico por dar a sua opinião sobre o Papa?
Claro que não faz nenhum. E tanto é assim que, se der uma opinião positiva sobre o Papa, nunca vou ouvir essa ladaínha de que não tenho nada com isso. Se der uma opinião positiva, qualquer católico a ouvirá e ponderará.
Eu preocupo-me com o mundo que me rodeia. Por essa razão, mesmo que não dê a importância que daria se fosse católico, considero a escolha do novo Papa um acontecimento incontornável da actualidade.
E faz tanto sentido que me pronuncie sobre ela (apreciando positiva ou negativamente) como sobre outra qualquer que tenha a mesma importância.
PS- Já agora esclareço: a escolha dos cardeais parece-me lamentável.
Comentando o artigo da Palmira (em que ela previu acertadamente o nome escolhido) pessoalmente disse-lhe que a Igreja Católica não podia ser assim tão retrógada.
Enganei-me…