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  • 13 de Junho, 2010
  • Por Fernandes
  • Vaticano

O Banco de Sua Santidade

IOR, – Instituto das Obras Religiosas -, é apenas uma das instituições financeiras mais importantes do Vaticano. Os mais altos dignitários da política, privilegiam o IOR nas suas relações bancárias. A seu tempo, pessoas como Giulio Andreotti e outras personalidades bastante próximas dele, como Bisignani e os seus amigos ou o cardeal Angelini, também escolhiam o banco do Papa para as operações ilegais camufladas.

Os maiorais da Democrazia Cristiana naqueles anos, faziam fila à porta do IOR. Uns para reciclar dinheiro de subornos, outros pelas compensações da Máfia, outros ainda, como Gianni Prandini, de Bréscia, o poderoso ministro dos Trabalhos Públicos no sexto e sétimo governo de Andreotti, para colocar em segurança as suas consideráveis poupanças.

No IOR, o antigo ministro sentia-se em casa. Nos anos noventa, perante a suspeita, e debaixo do ataque dos jornalistas, o antigo ministro volta-se para o IOR para aí guardar o seu dinheiro. Uma escolha previdente, dadas as investigações que o envolvem pouco tempo depois e que farão ruir a Primeira República por entre julgamentos, prisões e apreensão de bens.

Passados 15 anos, em 2005, Prandini regressa ao IOR para tomar posse dos seus bens, mas o dinheiro, entretanto, tinha desaparecido. O antigo ministro exibe toda a sua fúria, mas do dinheiro nada se sabe. Recorre assim às entidades oficiais e denuncia o Banco do Vaticano.

No auto de citação, Prandini afirma que o então vice-director Scaletti teria sido fiador ao confiar formalmente as suas poupanças a um sacerdote bastante conhecido, Corrado Balducci, exorcista que ficou conhecido na televisão como «demonólogo», autor de livros sobre Satanismo e Ovniologia.

Balducci, na qualidade de sacerdote e, portanto, elegível para cliente do IOR, assumiu a função de testa-de-ferro. Abre duas contas no IOR, uma em liras e outra em moeda estrangeira, para proteger o tesouro, bastante considerável, do antigo ministro. Na primeira são creditados 3 biliões, na segunda 1,6 milhões de dólares. Mas, quando Prandini bate à porta do exorcista, em 2005, para recuperar a quantia, esbarra contra uma surpresa demoníaca. O dinheiro desaparecera.

A verdade é que Prandini ainda hoje pede 5 biliões a Scaletti e ao Banco do Vaticano, não sabendo para quem se há-de virar para encontrar o tesouro. A verdade é que Balducci morreu a 20 de Setembro de 2008, aos 85 anos, levando os segredos com ele para o túmulo. Uma magia baixa que ameaça deixar Prandini sem um tostão.

A história tragicómica de Prandini torna explícita a multiplicidade de testas-de-ferro e feiticeiros das magias financeiras que gravita em torno do Banco de Sua Santidade.

*Adaptado de, Gianluigi Nuzzi, Vaticano S.A.

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