29 de Setembro, 2024 Onofre Varela
Muçulmanos, Judeus e Cristãos
O conflito do Médio Oriente diz-nos que depois de um grupo muçulmano extremista ter matado e raptado israelitas, o governo de Israel – que é composto por uma extrema-direita religiosa judaica que sempre desrespeitou os palestinos – transformou aquele acto terrorista de uma organização que promove a Jihad (luta armada em nome de Deus) numa guerra sem respeitar regras internacionais que defendem as populações inocentes em ambiente de conflito armado.
A guerra que Israel faz na Palestina destruiu um país e matou (continua a destruir e a matar, com potentes bombas fornecidas pelos EUA) jovens, velhos, mulheres, crianças e doentes hospitalizados, com a intenção de eliminar dirigentes da organização terrorista que combatem, esquecendo que com tal atitude são igualmente terroristas e invasores de países vizinhos. Este comportamento dos judeus demonstra serem odiosos; idênticos a Hitler que perseguiu judeus, ciganos e homossexuais na Segunda Guerra Mundial.
Quando falamos da prática religiosa muçulmana temos a tendência de a encararmos como criminosa pelos actos terroristas que os islamitas radicais protagonizam… e nós, tão “puríssimos cristãos” esquecemos as práticas de tortura e assassínio que a Igreja Católica da Inquisição, chamada Santa, já exerceu contra judeus e críticos da fé católica.
O judaísmo não tem profeta. Nos círculos religiosos bíblicos consta que (há mais de 2500 anos) Abraão foi chamado por Deus para que levasse o seu povo em direcção a Canaã, a terra prometida, que hoje é o território Palestino tomado pelos judeus.
Os outros dois grandes grupos religiosos (cristãos e muçulmanos) são mais idênticos do que se possa imaginar. Na prática, um muçulmano acredita na existência de um deus singular, omnipotente, omnipresente e misericordioso. Obedece ao princípio básico de que Deus não é inteligível em termos humanos, e segue um só profeta: Maomé. Até aqui um muçulmano não se diferencia de um cristão. Este, diz o mesmo que o outro, apenas com a substituição do nome de Maomé pelo de Jesus Cristo que, historicamente, antecedeu Maomé em seis séculos.
No Islamismo, tal como no Judaísmo e no Cristianismo, Deus (Alláh: palavra formada pelo artigo definido Al, e ilah, que significa “a divindade”), também é macho. Deus é referido como Pai, e nunca como Mãe. O que é compreensível pelo facto de a figura do “deus único” ser um conceito criado por homens numa sociedade patriarcal e machista. Em tal contexto, Deus teria de ser macho e redutor da condição feminina como ainda hoje se observa (por exemplo) no Irão e no Afeganistão.
Este paralelismo entre as duas crenças continua na convicção de que Ele (Deus, seja Jeová ou Alá) criou o universo, mantém-no e sustenta-o. Relativamente a nós, homens fracos e mortais, Ele (sempre grafado com maiúscula porque a subserviência ao poder é lei), seja o deus dos judeus, dos cristãos ou dos muçulmanos, é amoroso, generoso e benevolente (*). Só nos pede que o amemos e nos comportemos de acordo com os seus mandamentos, que são sempre dirigidos pelo respeito e amor ao próximo.
Porém, há uma importante nota a considerar: Ele deve ser amado antes de nós amarmos os outros… (os outros são próximos… mas não tanto!…) este procedimento indicia vaidade, prepotência e ciúme… o que, para um deus, não me parece lá muito bonito!… (É claro que tudo isto é invenção humana com intenção de amarrar os povos ao poder dos sacerdotes que, ao tempo, tinham também o poder máximo: social, político e económico. E Deus, por inexistente, sai absolvido).
Depois de morrermos, Deus premeia-nos ou castiga-nos (dizem os crentes), conforme as nossas acções em vida tenham sido boas ou más, as quais deverão obedecer às suas leis divinas que foram divulgadas através de Moisés, Jesus ou Maomé, por acção directa ou com a intermediação do Anjo Gabriel, para uns, e do Espírito Santo, para outros. A palavra Islão tem sentido duplo: significa Paz, mas também Submissão. Isto é: paz encontrada na submissão a Deus.
Até aqui, Judaísmo, Cristianismo e Islamismo, em nada diferem.
Se as religiões fossem fontes de bondade e concórdia, como todas elas se auto-consideram, os seus respectivos aderentes viveriam em paz e harmonia no cumprimento da excelente fraternidade por todos eles apregoada, e as esquadras de polícia, mais os tribunais, encerravam por falta de clientela… mas as suas premissas são tão falsas como falso é o propagandista-vigarista que apregoa a milagrosa banha-de-cobra e a taluda da Lotaria numa cautela sem prémio, ou um governo que promete não aumentar impostos, e a Igreja que vende o céu ao crente depois deste “esticar o pernil”.
A Religião, sendo produto do pensamento e da acção dos homens, não é diferente da Política… cria grupos facciosos e fundamentalistas; e o fundamentalismo é o beco sem saída por onde enveredam os mais belicosos adeptos das seitas (religiosas ou políticas), estragando as relações humanas que podiam (e deviam) ser afectuosas.
No fundamentalismo, os “outros” são sempre os “inimigos” que só existem para serem derrotados… isto é, abatidos… como se “nós” (o contrário de “outros”) fossemos a fina-flor da Humanidade!… Há lá coisa mais vil, desumana e estúpida?!…
(*) – Embora na Bíblia se registe que Deus provocou a morte a imensa gente, como é exemplo o episódio bíblico das pragas do Egipto (entre outros), onde o tão amoroso deus dos judeus e dos cristãos é apresentado como um “serial Killer”: matou todas as crianças… só para atingir o filho do Faraó! Hoje, os “serial Killer” estão presos. E em alguns estados dos EUA são executados.