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Mês: Agosto 2021

31 de Agosto, 2021 João Monteiro

Ser ateu é difícil… chiça!…

Texto de Onofre Varela, publicado no jornal Trevim

O sentido religioso promove e alimenta o êxtase da fé. Criamos símbolos com o propósito de os adorarmos, tal como os Hebreus fizeram com o bezerro de ouro. Moisés insurgiu-se contra o povo idólatra… mas hoje os cultos do seu livro, e que pregam por ele, continuam a alimentar a idolatria, mormente o Catolicismo que é muito rico em iconografia, com as imagens de Jesus, Maria e uma imensidão de santinhas e santinhos que uma repartição do Vaticano não se cansa em fabricar!…

Os símbolos fazem parte da nossa natureza. Todos nós enfeitamos a nossa vida com símbolos, e a Igreja tem majestosos templos, estatuária e pintura, fabulosos utensílios de culto em prata e ouro, mais os paramentos, os hinos, as celebrações teatralizadas e os ritos. As religiões fabricaram todas as ferramentas para serem constantemente lembradas e acrescentadas de novos elementos para o culto, como as imagens dos “santos” que decoram os templos, as capelas e os nichos de estrada, sempre acompanhadas pela respectiva caixa com ranhura colectora de receitas na forma de dádiva voluntária. Sem este aspecto material… o espiritual não se governa!

O Ateísmo não possui nada disto!… Os ateus só são espirituais, descurando o aspecto material… são uns pobretanas!… Não constroem templos nem criam ícones para conquistarem aderentes. (A Associação Ateísta Portuguesa começou por usar como logotipo a representação do átomo; a menor partícula que compõe um elemento químico. Recentemente mudou-o para uma representação gráfica das iniciais da associação). Os ateus apenas têm a palavra para espalharem a sua filosofia, e não o fazem com o empenho de a propagar diariamente, como a Igreja o faz nas missas. Se a palavra é coisa pouca nesta era da imagem… acaba por ser suficiente porque a palavra é tudo. Assim haja quem a queira ouvir ou ler, e raciocinar sobre o que ouve e lê.

Para dificultar o caminho aos ateus, acresce que as sociedades estão formatadas em preceitos religiosos que fecham as portas ao discurso ateísta. O Ateísmo ainda é alvo de preconceitos e de uma censura que lhe impossibilita uma visibilidade franca para o tornar conhecido como realmente é, e não como alguns, maldosamente, pensam que é e afirmam ser. Tenho amigos de várias confissões religiosas, entre os quais há padres católicos, que já me disseram: “Tu não és ateu”. E porque o dizem? Não é pelo meu discurso em defesa da minha descrença, mas sim porque me conhecem bem e consideram que um fulano a comportar-se assim, não pode ser ateu!!… E isto não é mais do que preconceito!… Esses meus amigos têm gravado nas suas mentes religiosas uma figura de ateu que não corresponde à realidade. Provavelmente idealizam os ateus como anti-sociais, mal-comportados, patifes e mal dispostos… e como me conhecem bem… não posso ser ateu!… Oh meus amigos… isto é do caraças!…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

OV

Imagem de Free-Photos por Pixabay
30 de Agosto, 2021 João Monteiro

Comunicado – Direitos Humanos no Afeganistão

Associação Ateísta Portuguesa preocupada com o desrespeito pelos Direitos Humanos no Afeganistão

A Associação Ateísta Portuguesa, perante os últimos desenvolvimentos políticos no Afeganistão, vem demonstrar a sua preocupação com uma governação por Talibans e das consequências sociais que daí poderão advir.

A Associação Ateísta Portuguesa defende e promove valores que crê universais, como os direitos humanos, o livre-pensamento, a democracia, a laicidade ou a igualdade de género.

Estes valores poderão estar em causa no Afeganistão com a chegada ao poder de um regime conhecido por aplicar a sharia, ou lei islâmica baseada no Corão, representando por isso mesmo um atentado à laicidade que consagra a separação da religião do Estado. Recordamos que se o governo Taliban instituir um Estado de inspiração islâmica com a adoção da sharia, as outras religiões serão perseguidas e os ateus poderão ser executados, sendo essas atitudes uma afronta ao Humanismo Secular.

Também nos preocupa o retrocesso de direitos que irão afetar as raparigas e as mulheres afegãs, nomeadamente no acesso à educação, ao trabalho e à sua presença enquanto agentes na sociedade. Quando os Talibans governaram o país no passado, as raparigas eram impedidas de estudar, as mulheres de trabalhar e os seus direitos e liberdades estavam limitados.

Perante isto, a Associação Ateísta Portuguesa apela às instituições políticas nacionais e internacionais que tomem ações políticas que minimizem ou revertam algumas dessas ações, como por exemplo:

a)      Reconhecimento do governo apenas com a garantia do respeito pelos Direitos Humanos e do investimento na educação das raparigas e de iguais oportunidades profissionais para homens e mulheres;

b)     Estabelecer ligações diplomáticas e realizar trocas comerciais apenas se estiver garantido o respeito pelos Direitos Humanos;

c)      Acolher os refugiados que procurem asilo no Ocidente.

Bem sabemos que a situação histórica e política no Afeganistão nas últimas décadas é complexa e que não pode ser reduzida a simplificações. Também sabemos que a manutenção das forças militares dos Estados Unidos da América em território afegão era de duração limitada e que deveria haver uma passagem gradual para uma autonomia afegã. Porém, sendo pragmáticos e face à situação atual, há que estar atentos aos desenvolvimentos políticos naquele país e exigir, junto das instituições políticas nacionais e internacionais, o respeito pelos Direitos Humanos e pela dignidade de todos os cidadãos.

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Imagem de Amber Clay por Pixabay
25 de Agosto, 2021 João Monteiro

Abuso sexual. O caso Português

Texto de Onofre Varela

Os abusos sexuais exercidos por religiosos, aqui referidos no último artigo, são exemplos que vêm de fora das nossas fronteiras, concretamente de Espanha, onde um jornal diário (o madrileno El País) criou um gabinete específico para recolher denúncias, proceder à sua investigação e, posteriormente, divulgá-las. Esta actuação do jornal pode constituir uma barreira à continuação dos abusos, se for considerada um meio dissuasor. Se assim for, a atitude do El País tem valor acrescentado.

Por cá não conheço acção idêntica da imprensa, ou de qualquer outro organismo, que tenha a mesma função dissuasora da prática do crime de abuso sexual no seio da Igreja.

O jornal Público, na edição do dia 29 de Maio último, dá conta de que, no espaço de um ano (desde a criação das comissões diocesanas para lidar com eventuais queixas de abuso sexual de menores ou adultos vulneráveis cometidos por membros da Igreja Católica) houve quatro queixas e foi aberta uma investigação.

A Igreja Católica Portuguesa parece não querer dar atenção à directiva do Papa Francisco I no sentido de se denunciar e investigar os casos de abusos sexuais dentro da instituição religiosa. Um responsável pela Conferência Episcopal alegou não ter dados nacionais, e que não pode dar “números porque podiam estar errados, se é que os há…”, o que parece denotar pouco interesse no estudo dos casos, mas também nenhuma preocupação pelo mutismo de muitas dioceses sobre os abusos sexuais.

Em alguns casos as escusas para se proceder a tais inquéritos soam anedoticamente, como se vê pela declaração do bispo do Porto, Manuel Linda, ao jornal Público, que equiparou a pertinência de se avançar com uma comissão deste tipo, “à de se criar uma comissão para estudar o efeito da eventual queda de um meteorito na cidade do Porto” e só respondeu às perguntas dos jornalistas ao fim de duas semanas de insistentes tentativas.

Das 20 dioceses a que o jornal perguntou se foram recebidas queixas, quatro não responderam, as da Guarda, de Viana do Castelo, de Angra do Heroismo e de Viseu. E de entre as 16 que responderam “apenas Braga, Bragança-Miranda e Funchal, reportam um total de quatro denúncias” as quais teriam ocorrido antes da formação das referidas comissões, ou já estavam prescritas.

Por tudo isto se constata que, apesar do decreto papal “Vós Sois a Luz do Mundo”, que entrou em vigor no dia 1 de Junho de 2019, com a recomendação de que se considerasse urgente a criação das comissões de inquérito no prazo máximo de um ano (que expirou em 2020), muitas dioceses borrifaram-se para o papa e não consideraram a importância de que o caso do abuso sexual se reveste.

Não há casos de denúncia a partir da própria Igreja, nem da parte dos consumidores do credo, “o que não quer dizer que não existam, quer apenas dizer que não foram reportados”, salientou o bispo Américo Aguiar, coordenador da Comissão de Protecção de Menores do Patriarcado de Lisboa.

Anteriormente à formação das comissões de inquérito, na arquidiocese de Braga foram recebidas duas denúncias, sendo que numa delas, a vítima pediu sigilo absoluto, e o crime está prescrito por ter sido cometido há mais de 30 anos. E a segunda denúncia referia, como abusador, um sacerdote já falecido, pelo que o caso foi encerrado.

Em Setúbal também já havia uma queixa antiga, mas o inquérito acabou por ser arquivado por não se terem reunido “indícios suficientes da verificação do crime, nem de quem foi o seu autor”.

E tudo está bem, quando termina bem…

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

OV

17 de Agosto, 2021 João Monteiro

Férias ateístas

Os membros da Associação Ateísta Portuguesa também merecem um descanso. Mas mesmo em férias tentam meter a leitura em dia. E vocês, o que andam a ler?

Boas Férias!

12 de Agosto, 2021 João Monteiro

O resultado da oração contra o Ateísmo

Parece que hoje foi o “Dia da Oração Contra o Ateísmo”, promovido no Facebook aparentemente pela página “Say no to Atheism. Say yes to Jesus“. Se essa não for uma página satírica, sinto vergonha alheia por quem a gere. De qualquer modo, o evento pode ser consultado aqui. Não é nada de especial para além de um monólogo entediante, em jeito de direto para as redes sociais. As contra-reações nas redes sociais por parte dos ateus não se fizeram esperar, da única maneira possível: com sentido de humor. Ficam aqui alguns exemplos (no facebook, no Reddit e no youtube).

O resultado esperado pelos ateus a esta oração é o mesmo que se espera para qualquer outra oração: não tem qualquer efeito.

Daqui a nada vou deitar-me sabendo com toda a certeza que o Ateísmo não irá terminar. Até amanhã, companheiros ateus.

Imagem de Pexels por Pixabay