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Fé e barbárie

Por

ONOFRE VARELA

O extremismo islâmico tornou a praticar um hediondo crime de morte, assassinando um professor francês em Conflans-Sainte-Honorini, comuna de 35.000 habitantes do departamento de Yvelines, arredores de Paris, no dia 16 deste mês de Outubro.

Um jovem muçulmano de 18 anos degolou e decapitou (usando uma faca de 30 centímetros comprada propositadamente para matar) o professor Samuel Paty, de 47 anos, que leccionava História e Geografia na escola de Bois-d’Aulnet. O professor deu uma aula sobre liberdade de expressão, ilustrando-a com a mostra de exemplares do jornal humorístico e satírico Charlie Hebdo que foi alvo do ataque terrorista islamita que matou 12 jornalistas e feriu gravemente outros cinco, em Janeiro de2015, por ter publicado uma caricatura de Maomé. 

Os implicados neste atentado, que não foram mortos na ocasião, estão a ser julgados neste momento em França. Foi a propósito desse julgamento que o professor Samuel Paty deu uma aula de liberdade de expressão que não agradou a uma aluna islâmica, motivando o pai dela a publicar nas redes sociais um comentário depreciativo e difamatório do professor. Em consequência, um outro jovem (o tal de 18 anos) que não frequentava a escola, decidiu matar aquele professor, num acto terrorista em nome de Deus, iludido pela sua fé e pelo texto do pai da aluna. Em conluio com dois estudantes que, ao estilo de Pilatos, lhe mostraram quem era o professor de História, persegui-o à saída das aulas e, num local menos frequentado, atacou-o pelas costas cortando-lhe a garganta e decapitando-o. 

O pai do assassino mostrou-se indignado, não pelo crime de homicídio praticado pelo seu filho, mas pela aula de liberdade de expressão dada pelo professor, aprovando o crime! Matou-se um professor francês que dava aulas em França, país que restituiu as liberdades fundamentais aos cidadãos franceses em 1789 na sequência da tomada da Bastilha, do derrube da monarquia e da implantação da República, com o lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade, pelo qual França acolhe imigrantes islâmicos dando-lhes o que nos seus países de origem lhes negavam. Alguns dos privilegiados pelo Humanismo do ocidente que os recolheu, não se integram nem respeitam as leis e as liberdades do país que lhes permite uma vida com mais dignidade do que aquela que tinham nas suas terras. Mesmo assim, tais imigrantes sentem-se desrespeitados pelo facto de a sociedade que os aceitou permitir que todo o cidadão use da liberdade de expressão que lhes é negada nos seus países. O fundamentalismo religioso que lhes foi ensinado desde crianças transforma-os em assassinos, alegadamente em nome de Deus! Não há pior ignorância do que aquela em cujo nome se perpetram crimes na convicção de se seguir no caminho certo indicado por um deus… 

(O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico) OVÁrea de anexos

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- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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