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  • 17 de Outubro, 2020
  • Por João Monteiro
  • Ateísmo

Pela liberdade de expressão e de crítica

Foi ontem noticiado que um professor francês foi encontrado decapitado numa vila próxima de Paris, e que o presumível assassino teria sido o pai de um aluno. A motivação, supostamente, terá sido a exibição de caricaturas do profeta Maomé numa aula.

Confirmando-se a notícia, o ato merece o nosso maior repúdio. Defendemos e continuaremos sempre a defender a liberdade de expressão e de crítica.

Apesar de defendermos o direito à crença religiosa, a mesma não pode justificar atentados à vida de outras pessoas. É necessário debater e aceitar a crítica a ideias e crenças diferentes, incluindo mesmo a sátira dessas convicções, tal como foi feita no passado, várias vezes, pela publicação Charlie Hebdo. Nunca, em situação alguma, um qualquer deus ou profeta pode ter mais valor que uma vida humana.

Relembramos que o ato foi cometido, tanto quanto se sabe, por um indivíduo, pelo que a ação só o responsabiliza a ele, não podendo a comunidade a que ele pertence ser acusada por associação. Segundo as notícias, o suspeito foi morto pela polícia, já não podendo ser apresentado à justiça.

Se se confirmarem as motivações do crime, este é mais um exemplo de como uma crença religiosa pode resvalar para a loucura e barbárie, dando a razão aos ateus de que a religião faz mais mal do que bem.

A construção da vida em sociedade é um trabalho constante. Saibamos, em conjunto, preservar os valores da tolerância, da liberdade e do humanismo.

Fonte: Jornal de Notícias, 16-10-2020

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