8 de Março, 2020 Carlos Esperança
A ICAR, a liturgia e os bispos
Os bispos queixam-se da falta de vocações e dedicam-se à defesa dos colégios particulares e à reflexão sobre a abstinência sexual dos casais.
Um bispo que abdique do Palácio Episcopal, dispa a mitra e a capa de asperges, pendure o báculo, aliene o anelão com ametista, dispense os fâmulos, reverências e beija-mãos, venda a custódia e ponha no prego a cruz de diamantes, pode tornar-se um cidadão.
Se o clero desistir do processo alquímico que transforma a água normal em benta, o pão ázimo em corpo e sangue de Jesus e as orações em moeda de pagamento de assoalhadas no Paraíso, pode recuperar a honestidade que o charlatanismo comprometeu.
Se renunciar às novenas, missas e procissões, ao lausperene e ao Te Deum, pode reservar as energias para o bem público.
Se a confissão, a terrível arma que viola a intimidade dos casais, a honra dos crentes e a confiança da sociedade, for abolida, deixando ao deus que dizem omnisciente a devassa dos pecados e o sigilo, o mundo fica mais tranquilo.
As religiões são especialistas em idolatrar o passado e mitificá-lo. Fazem piedosas falsificações, inventam documentos e fazem relíquias para embevecer os carentes do divino em busca de uma assoalhada no Paraíso.
O incenso e os sinais cabalísticos prejudicam a reflexão e o livre-pensamento.