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Mês: Outubro 2018

19 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

Más ações

“Perdoem-me a franqueza, mas santarrões da Opus Dei comportavam-se como cowboys”

«A influência do Opus Dei no BCP de Jardim Gonçalves é uma imagem de que nem o banco nem a Obra de Deus conseguem livrar-se. Em 2008, na Comissão Parlamentar de Inquérito ao BCP, o, à época, deputado Francisco Louçã disparou uma frase que colocou o foco nos enigmas dessa influência. Vamos recordá-la no segundo episódio da Grande Reportagem “Más Ações”.»

19 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

Religião e violência

Libertado um dos mais perigosos incitadores de jovens muçulmanas britânicos à violência.

EL PAÍS

Londres / Madrid 19 OCT 2018 – 12:07       CEST

«O clérigo radical britânico Anjem Choudary, condenado a cinco anos e meio de prisão em 2016 por promover o apoio ao grupo jihadista Estado Islâmico, foi posto hoje em liberdade, segundo informou a BBC. O religioso, de 51 anos, saiu da prisão de Belmarsh, no sudeste de Londres, depois de ter cumprido metade da sentença, e completará a pena “sob estrita supervisão”, assinalou a cadeia pública britânica.»

D1A – A Europa, sem abdicar dos meios democráticos que a distinguem da barbárie islâmica, não pode manter esta benevolência para os instigadores do ódio e da violência sectária. Este era um dos facínoras com maior cadastro na propagação da demência islâmica.

15 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

Liberdade Religiosa e Denúncia de Crimes

Por

Onofre Varela

Leio que a Igreja Católica Australiana não denunciará abusos sexuais revelados em confissão (El País, 9/9/2018). Após reunião da Conferência Episcopal local, a Igreja fez saber que os sacerdotes não podem revelar abusos sexuais de que tenham tido conhecimento através da confissão, nem podem ser forçados a fazê-lo, porque violar essa norma “vai contra a fé e a liberdade religiosa”. Esta directiva religiosa desobedece à comissão governamental que desde 2012 investiga casos de abusos a menores em instituições religiosas, e que propõe sanções penais contra quem não denuncie este tipo de crimes.

A frase “contra a fé e a liberdade religiosa”, que será uma norma a não violar pela Igreja, obriga-me a algumas considerações. A fé é um sentimento lícito de qualquer pessoa e não deve ser proibida, até porque não é possível proibir sentimentos. A liberdade religiosa está acoplada à fé e ao livre exercício de culto, o que, numa sociedade democrática, não se proíbe. Quanto ao calar um crime de que se tenha conhecimento… já tenho dúvidas. Onde fica o direito do violado a ver o violador entregue à Justiça? E a ser indemnizado pelo crime de que foi vítima?

Entre nós, quando em regime ditatorial, os “crimes contra o Estado” protagonizados por opositores eram encobertos pelos democratas que até os praticavam sempre que podiam como modo de contrariar as vontades do ditador. Nesse tempo, na Igreja Católica havia sacerdotes que protegiam os revoltosos contra a ditadura de Salazar, e só os “bufos” delactavam os activistas políticos que se insurgiam contra o ditador e o queriam derrubar. Em regime de Democracia tudo muda para melhor.

A lei do silêncio decretada pela Igreja Australiana chega depois do Papa ter solicitado (e bem, no meu entender) aos responsáveis eclesiásticos que denunciem os possíveis casos de pederastia, após se reconhecer abusos a mais de mil meninos na diocese da Pensilvânia (EUA) perpetrados por 300 sacerdotes durante sete décadas! Os bispos australianos consideraram que “o segredo da confissão é precisamente uma salvaguarda para os meninos e as pessoas vulneráveis” e que “o segredo da confissão é um elemento não negociável da nossa vida religiosa e encarna uma compreensão do crente e de Deus”. Esta dialéctica dos bispos deixa-me espantado e cada vez mais em desacordo com os responsáveis da Igreja que demonstram querer ser ela, hoje, a mesma ditadura medieval.

O governo australiano responsabiliza a Igreja Católica e os organismos por ela tutelados, pelos numerosos casos de pederastia, qualificando-os de “tragédia nacional”, e revela que 4.500 pessoas se queixaram à Igreja australiana por presumíveis abusos a menores cometidos por 1.880 membros da Igreja. Entretanto a Igreja compromete-se com o futuro, dizendo “Nunca mais”. Será?!… Como pode a Igreja comprometer-se, honestamente, com o futuro, naquilo que nunca conseguiu evitar no passado?

(Artigo de Onofre Varela in jornal Gazeta de Paços de Ferreira, na edição do dia 18 de Outubro de 2018. O autor não obedece ao último Acordo Ortográfico)

14 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

A excisão genital e a fé

A mutilação genital feminina não é apenas uma crueldade inqualificável, é uma mistura de religião e tribalismo, um acto de demência religiosa que vê no prazer da mulher uma fonte de imoralidade.

No cristianismo a sexualidade feminina é uma abominação que Agostinho condenou quando a idade e o múnus o fizeram o casto. No islão é uma ofensa ao profeta, que os mullahs vigiam, e um perigo que as teocracias se encarregam de erradicar.

No mundo árabe, onde a Idade Média floresce nas teocracias que embrutecem e constrangem socialmente, todas as sevícias e actos de crueldade contra a mulher são formas de perpetuação do poder clerical e do carácter misógino do Corão.

Nos países cristãos a mesma demência, contida pelo carácter secular, é uma constante herdada da cultura judaico-cristã, uma obsessão do clero e um desatino dos mais retrógrados dirigentes.

Nos EUA o presidente Bush, em demência homofóbica, quis a revisão da Constituição para que os casamentos homossexuais fossem interditos.

Do Vaticano, a última teocracia europeia, um ditador vitalício ordenou aos sicários que lhe servem de correia de transmissão, que defendessem a ortodoxia bíblica, que se opusessem à emancipação da mulher e lhe reprimissem a sexualidade, numa cruzada pela castidade e por aquilo que designam de bons costumes.

A ICAR leva o caos e a chantagem a qualquer lugar onde os direitos humanos sejam interpretados de igual forma para ambos os sexos. Nem o passado obsceno que guardam os muros do Vaticano morigeram o Papa.

9 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

Deus é uma fraqueza humana

“Deus é uma fraqueza humana”.

A carta de Einstein vai a leilão

Carta de Einstein, na qual o famoso físico diz que Deus é uma expressão da fraqueza humana e que a Bíblia não passa de uma “lenda primitiva” vai ser leiloada em Nova York e valerá cerca de 1 milhão de euros.

8 de Outubro, 2018 Vítor Julião

Ateísmo

8 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

José Saramago – 20 anos depois do Nobel de um ateu

O maior ficcionista português de todos os tempos foi um escritor que se reinventou em cada livro que acrescentou ao banquete da literatura. O jornalista robusteceu a escrita na crónica e um caso ímpar na arte de contar, na forma como moldou a língua e na argúcia com que abordou o outro lado da nossa História nas mais belas páginas da literatura.

Há 20 anos, mal acabara de ser anunciado o Nobel do nosso contentamento, recebi uma chamada de um querido colega e amigo, a transmitir-me a novidade e a dizer que a minha convicção se tornara realidade. Há anos que esperava ver o nome de Saramago entre os laureados do prémio maior da literatura, como ele sabia. Aconteceu.

Foi com um grito de júbilo que gritei a notícia no bar do Hospital de Leiria, onde me encontrava, para ficar estupefacto com o desconhecimento generalizado do escritor e a indiferença perante o galardão. Há paladares rudimentares que a Universidade não ajuda a requintar e as iguarias são para quem pode apreciá-las.

Vinte anos volvidos, Saramago não precisa de panegiristas, merece apenas ser lido com a sedução que inspira, o prazer que transmite em cada página e a descoberta da riqueza da língua portuguesa trabalhada por um notável criador.

Ao indizível prazer da leitura do gigante literário que é José Saramago junta-se o deleite pelo azedume que provocou o seu êxito e a animosidade de que ainda é alvo.

L’Osservatore Romano, diário do Vaticano, escreveu quando B16 era líder da empresa: “Saramago é, ideologicamente, um comunista inveterado” e, depois da sua morte, ainda lhe chamou “populista extremista” e “ideólogo antirreligioso”, epítetos que o honram.

Sousa Lara, pai do exorcista homónimo, subajudante de ministro de Cavaco, censurou “O Evangelho Segundo Jesus Cristo” e opôs-se a que fosse incluído para o concurso a um prémio literário europeu. Foi a rosto do cavaquismo, boçal, vesgo e analfabeto.

O eurodeputado do PSD, Mário David, nascido em Angola, e a viver há décadas fora de Portugal, declarou ter vergonha de ser compatriota do escritor e que este devia renunciar à nacionalidade portuguesa.

O Dr. Manuel Clemente, então bispo do Porto e ora o mais medíocre patriarca de Lisboa do último século, afirmou que José Saramago “revela uma ingenuidade confrangedora quando faz incursões bíblicas” e, como “exigência intelectual, deveria informar-se antes de escrever”, com o se alguém o obrigasse a ele, bispo, a pensar antes de falar.
Saramago teve a sorte de viver numa época, como admitiu, em que não havia fogueiras da Inquisição, e Portugal a de gerar um escritor cujas posições políticas são irrelevantes para a talentosa criatividade do Nobel do nosso contentamento.

5 de Outubro, 2018 Carlos Esperança

Viva a República!

Há 108 anos, ao meio-dia, na Câmara Municipal de Lisboa, Eusébio Leão proclamou a República, perante a aclamação jubilosa de milhares de populares.

A ação doutrinária e política levada a cabo pelo Partido Republicano Português, desde a sua criação, em 1876, conduziu à Revolução que, iniciada em 2 de outubro de 1910, fez capitular a monarquia na data gloriosa do 5 de Outubro.

Portugal colocou-se na vanguarda dos países que aboliram a monarquia, regime que se perpetuava dentro de uma só família, com precedência etária e do sexo masculino, cuja legitimidade era a tradição e a alegada vontade divina.

Em 5 de outubro de 1910, os súbditos tornaram-se cidadãos e os heróis que se bateram na Rotunda foram arautos da mudança que rejeitou os regimes monárquicos na Europa e no Mundo, ou os remeteu para um lugar decorativo.

Foi o ideário libertador da República que instituiu as leis do divórcio, do registo civil obrigatório, da separação Igreja/Estado, marcas inapagáveis da História de um povo e do seu avanço civilizacional. Foram abolidos os títulos nobiliárquicos, os privilégios da nobreza e o poderio da Igreja católica. O Registo Civil obrigatório substituiu os registos paroquiais de batizados, casamentos e óbitos. Findou a injúria às famílias discriminadas pelo padre no enterramento das crianças não batizadas, dos duelistas e suicidas. O seu humanismo assentiu direitos iguais na morte aos que dependiam do humor e do poder discricionário do clero ou do exotismo do direito canónico.

Fazem parte do devocionário laico os nomes de Cândido dos Reis, Machado dos Santos, Magalhães Lima, António José de Almeida, Teófilo Braga, Basílio Teles, Eusébio Leão, Cupertino Ribeiro, José Relvas, Afonso Costa, João Chagas, além de Miguel Bombarda, entre muitos outros, alguns anónimos, que prepararam e fizeram a Revolução.

É em homenagem a essa plêiade de portugueses íntegros, que serviram a República sem dela se servirem, que foram dedicados e não se moveram por desejos de honrarias ou de riqueza, que, hoje e sempre, os republicanos sentem o dever de recordar o 5 de Outubro de 1910, data identitária do país que somos e do regime que o 25 de Abril repôs, depois de 48 anos de fascismo.

Viva a República!