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Religiões, política e terrorismo

Dos danos das religiões causados aos Estados há fartos exemplos e repetidas denúncias, mas fala-se pouco da nocividade da política sobre as religiões e do aproveitamento que os Estados fazem delas, num caso e noutro com sacrifício da laicidade que a democracia exige.

Quando a URSS invadiu o Afeganistão, mandou a geopolítica que os EUA treinassem e armassem os talibãs para fragilizar o império soviético. Então, os talibãs serravam vivos os soldados russos, perante o silêncio da comunicação social. Eram comunistas!

Os EUA substituíram a URSS, e os talibãs, que tinham treinado e armado, esqueceram os aliados anteriores e serraram, também vivos, soldados americanos. A comunicação social ignorou-os de igual modo. Eram imperialistas americanos!

Os kamikazes japoneses, movidos pela fé, eram talibãs indiferentes ao Paraíso. Eram os soldados de um deus vivo, daquele enigmático Imperador cuja descendência permanece no poder com a tradição a impor-se à racionalidade, à decência e à modernidade.

Os kamikazes extinguiram-se, não por falta de fé, mas por falta de financiamentos e de apoio social. É esse motivo que dá esperança ao fim do recente terrorismo vaabita, à semelhança do que já aconteceu com o IRA ou os ingleses do Ulster, com o Grupo Baader-Meinhof alemão ou os neofascistas italianos, uma tradição recente de terrorismo europeu e caucasiano, com apoios e financiamentos políticos.

Esta fase horrenda do terrorismo islâmico, de que as principais vítimas são os islamitas, deve-se tanto à influência política dos Estados párias, como a Arábia Saudita ou o Catar, como à cumplicidade de países ocidentais com obscuras ditaduras teocráticas do Médio Oriente ou com a deriva totalitária turca de Erdogan.

O entusiasmo com que os novos Cruzados pretenderam levar a democracia ao Iraque e à Líbia, por exemplo, é o mesmo com que amparam as mais obscuras e sinistras ditaduras islâmicas onde a sharia comanda a vida.

Um módico de decência e de coerência nas relações internacionais e o simples respeito pela soberania de outros países é o mínimo exigível às grandes potências a favor da paz.

E quando se abdica da laicidade surge a promiscuidade entre a política e a religião.

Perfil de Autor

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- Ex-Presidente da Direcção da Associação Ateísta Portuguesa

- Sócio fundador da Associação República e laicidade;

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- Vice-Presidente da Direcção da Delegação Centro da A25A;

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- Colaborador do Jornal do Fundão;

- Colunista do mensário de Almeida «Praça Alta»

- Colunista do semanário «O Despertar» - Coimbra:

- Autor do livro «Pedras Soltas» e de diversos textos em jornais, revistas, brochuras e catálogos;

- Sócio N.º 1177 da Associação Portuguesa de Escritores

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